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Cielo (CIEL3) abre mão dos EUA e mira estratégia com R$ 1,5 bilhão no bolso; ações disparam 11%

Cielo anunciou a venda da Merchant e-Solutions por até US$ 290 milhões

Foto: Shutterstock

Cumprindo o que prometeu, a Cielo (CIEL3) abriu mão de sua operação nos Estados Unidos, focando esforços para seu core business no Brasil em meio ao ambiente concorrencial cada vez mais agressivo.

Na manhã desta sexta-feira (18), a Cielo anunciou a venda da Merchant e-Solutions, oriunda do Vale do Silício, por até US$ 290 milhões (cerca de R$ 1,49 bilhão na cotação atual). 

A compradora é a Sam I Acquisition Corp., subsidiária da Integrum Holdings L.P, que pagará US$ 140 milhões na data do fechamento da transação e até US$ 150 milhões em uma parcela variável, a depender de premissas acordadas entre as empresas. 

A Cielo comprou a Merchant por US$ 670 milhões em 2012. A empresa, fundada em 2000, é uma provedora de soluções para pagamento e atraiu a companhia brasileira com a potencial expansão da oferta de produtos e serviços, além da automatização de processos. 

Ao longo dos últimos anos, a Cielo ainda teve de gastar cerca de US$ 70 milhões com a implementação da tecnologia da adquirida americana, despesa que foi diluída nos balanços seguintes. Porém, o resultado não foi satisfatório.

A Merchant entra nas contas da Cielo como “outras controladas”, assim como outras empresas. Essa linha teve um prejuízo líquido de R$ 156,1 milhões em 2021, após ter representado uma perda de R$ 232,6 milhões no ano anterior. 

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A direção da Cielo tem procurado entender o custo-benefício de cada pedaço de suas operações, fazendo a escolha pelo que traz mais resultado em detrimento do que gera mais custo.

Desde 2020, a companhia já levantou R$ 715,8 milhões com a venda de operações que diminuíram sua estrutura de tamanho, mas que voltaram seus esforços ao negócio de adquirência. 

Por mais que a venda da Merchant tenha sido concluída – na melhor das hipóteses – por um valor 56% menor do que o investido uma década atrás, a Cielo tira da frente um negócio que não trazia potencial adicional para bater de frente com a concorrência. 

Cielo levanta bandeira da eficiência

No quarto trimestre de 2021, a Cielo fez questão de ressaltar a sua procura pelo enxugamento dos custos e melhora da eficiência operacional.

Um dos principais pontos relacionados ao período entre outubro e dezembro do ano passado foi o ratio de gastos. O indicador, que mostra a divisão entre os gastos totais e o TPV (volume de pagamentos processados), ficou em 0,55%, o menor patamar da história da empresa.

O orçamento se tornou mais enxuto com as despesas totais caindo 16,8% em 12 meses, para R$ 1,07 bilhão no acumulado de 2021. As despesas com marketing, tão famosas com a Cielo tempos atrás, despencaram 40,9%, para R$ 76,9 milhões ao longo do ano passado. 

Gustavo Henrique de Sousa, CEO da Cielo, ressaltou a procura da empresa pela reavaliação de contratos e desinvestimentos em ativos.

A empresa, entretanto, ainda levanta dúvidas ao mercado em relação a sua sustentabilidade no mercado, ao perder 199 mil clientes em 2021

O desafio da empresa na guerra das maquininhas é aliar eficiência com crescimento, algo que não é trivial para alguém do tamanho da Cielo, que vê quase o equivalente a 10% do PIB brasileiro ser processado em suas máquinas.

Ponto de interrogação do mercado

A capacidade da Cielo em fazer frente à concorrência é, talvez, uma das maiores dúvidas do mercado. 

Enquanto a empresa ainda é robusta e tem acelerado seus números desde o ano passado no que diz respeito à lucratividade operacional, ainda possui um tamanho desproporcional à conjuntura do setor.

Com as mudanças da legislação desde o início da década passada, o segmento caminha cada vez mais para uma guerra de preços, sem vantagens competitivas e margens apertadas, além de ser cada vez mais voltado para novos entrantes.

Dados compilados pelo Refinitiv, apresentados na plataforma do TradeMap, mostram a posição de 13 analistas que acompanham a Cielo.

Destes, 11 ficam com o pé atrás e indicam a manutenção da posição acionária, caso o investidor já tenha as ações da Cielo. Enquanto isso, dois indicam venda. 

O preço-alvo mediano indica um potencial de baixa (downside), com os papéis valendo R$ 2,55 – como se a queda de 92% desde a máxima histórica, atingida em julho de 2015, não tivesse sido o bastante. 

Por volta das 11h20 desta sexta, as ações da Cielo subiam 11,11%, para R$ 2,80, com o alívio dos investidores ao verem que a empresa ao menos tem se mexido para suportar as necessidades para a própria sobrevivência.

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