Quatro motivos para entender por que o petróleo cai 7% e opera abaixo de US$ 100 o barril

Petróleo opera sob cenário de demanda mais fraca em meio a preocupações com o efeito da alta dos juros sobre a economia mundial

Foto: Shutterstock

Os preços do petróleo caem mais de 7% nesta terça-feira (12) e operam abaixo de US$ 100 o barril – uma situação muito diferente da observada um mês atrás, quando a commodity estava em alta e era cotada ao redor de US$ 120.

Se durante boa parte do primeiro semestre os preços do petróleo subiram por receios de que a produção seria insuficiente para suprir a demanda pelo produto, agora a situação mudou.

De um mês para cá, a percepção passou a ser de que o crescimento da economia mundial vai desacelerar rapidamente nos próximos meses – uma consequência das altas de juros em vários países -, e que na verdade o mercado de petróleo ficará mais equilibrado do que se pensava.

Confira a lista abaixo para entender o que ampara esta perspectiva:

Alerta da Opep

Hoje cedo, a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) divulgou seu relatório mensal com previsões para o mercado. O grupo manteve intactas as estimativas para a demanda pela commodity neste ano, mas deixou claro que no terceiro trimestre deve haver uma redução no consumo.

Além disso, para 2023, estimou que a demanda por petróleo deve crescer menos que neste ano, e avisou que ainda pode reduzir esta projeção nos próximos meses. “Muito vai depender do curso da pandemia e de medidas relacionadas, do aperto financeiro mundial à luz da crescente inflação e da resolução de problemas geopolíticos no Leste Europeu”, acrescentou.

Covid-19 na China

Depois de passar boa parte de junho registrando algumas centenas de novos casos de Covid-19 por dia, a China reportou em cada um dos últimos seis dias pelo menos 3 mil recém-infectados pela doença.

O número equivale a menos de 10% dos casos diários registrados no Brasil, por exemplo, mas é algo que preocupa o mercado.

Para entender o motivo, basta lembrar que em abril, quando o índice diário de novas infecções na China estava perto de 14 mil, o país trancou a população de grandes cidades por quase dois meses em casa para baixar as contaminações, o que afetou particularmente o funcionamento do porto de Xangai.

Este episódio atrapalhou as operações de várias empresas ao redor do mundo. A Cisco, por exemplo, ficou sem os plugs de tomada para alguns de seus servidores, enquanto as fábricas de automóveis no Brasil sofreram com a falta de peças.

Para o mercado de petróleo, a possibilidade de novos lockdowns na China traz a chance de redução da demanda pela commodity em um de seus principais consumidores mundiais – o que, consequentemente, pesa sobre os preços.

Alta de juros

Ainda que os preços do petróleo estejam caindo – o que, em teoria, deve resultar em preços menores para combustíveis e outros produtos -, a inflação em vários países está perto de máximas históricas, e os bancos centrais estão aumentando os juros para achatar a alta de preços.

Nos Estados Unidos, as taxas estavam perto de zero e começaram a subir neste ano. A expectativa é que terminem 2022 perto de 3,50% ao ano – o que parece pouco, mas seria mais que o dobro da taxa atual e o maior nível em pouco mais de quinze anos.

Quando os juros sobem, a tendência é que o consumo caia, visto que o crédito fica mais caro e as empresas tendem a tomar menos empréstimos para investir. Ou seja: o banco central força a demanda a cair. E demanda reduzida, como já mencionamos antes, significa preços menores para o petróleo.

Dólar valorizado

No mercado financeiro mundial, as commodities como o petróleo são negociadas em dólar. E a moeda americana tem se valorizado muito.

Nesta terça-feira, chegou a alcançar a paridade com o euro – quebrando duas décadas de superioridade da moeda europeia. O Dollar Index, que mede o valor do dólar em relação a uma cesta de moedas de países desenvolvidos, também atingiu o maior nível em 20 anos, segundo o banco suíço UBS.

Na prática, a valorização do dólar significa que, para vários países, está mais caro comprar petróleo. Conforme os custos sobem, os consumidores podem decidir diminuir o consumo da commodity para ficarem dentro do orçamento – algo que o mercado costuma chamar de “destruição de demanda”. O mercado tenta se antecipar a isso apostando em preços menores para o barril.

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