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Ata mostra Fed dividido e preocupado com inflação; bolsas caem

Parte dos membros do comitê de política monetária do BC dos EUA defendeu aumento maior nos juros

Maeli Prado

Maeli Prado

Foto: Shutterstock/stockwerk-fotodesign

A ata da última reunião do comitê de política monetária do Federal Reserve, há três semanas, mostrou que o colegiado do banco central dos Estados Unidos estava dividido sobre a decisão de elevar os juros em 0,25 p.p., com parte dos membros defendendo um aumento maior na taxa básica, de 0,50 p.p. Após a divulgação do documento, as bolsas americanas viraram e passaram a cair. 

Assim como em dezembro, as autoridades repetiram que a inflação nos EUA está “inaceitavelmente alta”. Elas acrescentaram que será necessário um período de crescimento “abaixo da média” na economia para diminuir a pressão de aumento nos preços. Algumas delas também assinalaram que ainda há uma chance “elevada” de a economia dos EUA entrar em recessão em 2023. 

Segundo a ata, os membros do Fomc, o comitê de política monetária do Fed, acreditavam no início de fevereiro que a sequência de alta nos juros americanos estava diminuindo o ritmo de aumento dos preços. Apesar disso, consideravam que a inflação ainda estava “bem acima” da meta de 2% ao ano e era acompanhada por um mercado de trabalho muito aquecido.

“Quase todos os participantes concordaram que era apropriado aumentar os juros em 0,25 ponto porcentual na reunião. Muitos destes participantes notaram que uma desaceleração no ritmo de alta permitiria uma melhor avaliação do progresso em relação à meta de máximo emprego e estabilidade dos preços”, disse a ata do Fed.

No entanto, o documento acrescentou que “alguns participantes declararam que preferiam aumentar os juros em 0,50 ponto porcentual naquela reunião, ou que apoiariam um aumento desta magnitude na taxa”, porque desta forma ela ficaria mais perto do nível que eles consideravam necessário para diminuir a inflação.

Vale ressaltar que, no comunicado com a decisão sobre os juros, o Fed disse que a opção por um aumento de juros de 0,25 ponto porcentual foi unânime. Ou seja: até ali a impressão do mercado era de que o banco central americano estava bem mais unido em torno desta decisão.  

Apesar da divisão em relação ao volume de alta nos juros, os membros do Fomc foram unânimes em relação à necessidade de as taxas continuarem subindo nos EUA.

A duração deste ciclo de aumento nos juros dependerá, segundo a ata, dos sinais vindos da economia. “Uma postura restritiva será necessária até que os dados deem confiança de que a inflação está numa trajetória descendente sustentável em direção a 2% ao ano, o que provavelmente vai levar algum tempo”, disse o Fed.

Bolsas reduzem alta 

Os índices futuros americanos viraram para queda após a divulgação da ata. Pouco antes de o documento ser publicado, o Dow Jones subia 0,22%, o S&P 500 avançava 0,32% e o Nasdaq ganhava 0,53%. Por volta das 16h40, o Dow Jones e o S&P 500 passaram a cair 0,19% e 0,14%, respectivamente, enquanto o Nasdaq subia 0,13%.

Segundo dados do CME Group, 79% dos investidores precificavam um aumento de 0,25 ponto porcentual nos juros americanos na reunião de 22 de março, para a faixa entre 4,75% a 5% ao ano. Depois da ata, o percentual se reduziu a 76%. 

O dólar futuro, que caía 0,24% em relação ao real antes da ata, passou a subir, e era negociado em alta de 0,05% por volta das 16h35, segundo dados da plataforma TradeMap.

Emprego e atividade fortes

O humor do mercado americano virou na semana passada, após dados que mostraram uma economia resiliente e uma inflação ainda preocupante.

Além da criação de mais de 500 mil empregos americanos em janeiro, quase três vezes mais que o esperado pelo mercado, as vendas no varejo dos Estados Unidos subiram 3% em janeiro ante dezembro, bem mais do que os 2% projetados. 

Na quinta (16), o governo americano ainda divulgou que a inflação ao produtor dos Estados Unidos (PPI) avançou 0,7% em janeiro, bem acima dos 0,4% esperados pelo mercado – o núcleo do indicador, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, avançou 0,6% na comparação mensal, também acima do consenso do mercado.

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Desde então, bancos de peso, como o Goldman Sachs e o Bank of America, passaram a apostar em um nível maior nos juros americanos no final de 2023 – as duas casas acreditam em mais três aumentos de 0,25 ponto, o que levaria a taxa final ao patamar entre 5,25% e 5,50% no final do ano. A expectativa anterior era de mais duas altas de 0,25 ponto.

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