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Buy the dips: ETFs de criptomoedas têm captação positiva no 1º semestre apesar de tombo do mercado

Investidor aproveitou tombo das moedas digitais para entrar em fundos de índice e até em alguns multimercados

Foto: Shutterstock

A estratégia no mercado conhecida como “Buy the dips”, em que os investidores aproveitam a forte queda dos mercados para comprar ativos com potencial de retorno e que estão com preços descontados, parece ter se aplicado aos fundos de criptoativos listados na Bolsa (os chamados ETFsExchange-Traded Funds).

Apesar do tombo das criptomoedas neste ano, com a maior delas em valor de mercado, o Bitcoin (BTC), amargando uma perda de 49% neste ano, os ETFs que investem nesses ativos tiveram captação positiva de R$ 711,7 milhões neste ano na B3, segundo levantamento da Teva Indices feito a pedido da Agência TradeMap.

Foi a única categoria entre os ETFs a registrar captação líquida no período.

arte captação ETFs

Mesmo em junho, quando as moedas digitais passaram pela forte correção apelidada de “inverno cripto”, os fundos de índice da B3 que aplicam nesses ativos registraram aplicação líquida de R$ 99,8 milhões.

Em junho, havia 10 ETFs de criptoativos listados na Bolsa, que somavam patrimônio líquido de R$ 1,315 bilhão e reuniam 214.140 investidores.

O maior deles, o HASH11, já é o segundo maior ETF da Bolsa brasileira, com 157.810 investidores, só atrás do IVVB11, que acompanha o desempenho da bolsa americana.

etfs cripto que mais captaram

 

No caso dos fundos multimercados dedicados ao investimentos em criptos, o cenário foi um pouco diferente, mas ainda assim não catastrófico quando se considera a intensidade da queda dos ativos.

Esses fundos registraram saída líquida de R$ 430 milhões no primeiro semestre, o equivalente a 36% do patrimônio dessas carteiras, que somaram no período R$ 1,173 bilhão e reuniram 179.160 investidores, segundo levantamento do TradeMap.

Mesmo em um cenário de derrocada dos ativos digitais, houve fundos multimercados que tiveram captação positiva no período.

multimercados cripto que mais captaram

“O que a gente viu foi que o investidor em cripto, no ano como um todo, foi muito mais resiliente do que a gente imaginava”, diz Rodrigo Knudsen, gestor da Vitreo.

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Segundo ele, os saques nos fundos multimercados de criptoativos da Vitreo representaram cerca de 10% a 15% do patrimônio líquido, percentuais inferiores aos verificados em outras carteiras, como fundos de ações.

Isso se deve, na visão do gestor da Vitreo, à forma com que os investidores começaram a investir nesse mercado, tomando risco de maneira mais pontual, com baixa exposição a esses ativos na carteira. “Com os juros muito baixos durante a pandemia, as pessoas tomaram muito mais risco no mercado de ações. Por isso, esses fundos estão com maior resgate agora”, diz.

No caso do investimento em criptomoedas, apesar dos preços mais baixos após a correção, a Vitreo recomenda ao investidor ter apenas uma pequena parcela desses ativos na carteira devido à elevada volatilidade, não ultrapassando 1% a 2% do portfólio.

O fundo multimercado BLP Digital 100, o primeiro portfólio de ativos digitais do Brasil, também teve captação positiva no primeiro semestre, com entradas superando saídas em R$ 2,243 milhões, segundo levantamento do TradeMap.

“Notamos que a maioria dos investidores que estavam nos fundos nossos de criptoativos não sacou e também vimos dinheiro novo entrando, principalmente de institucionais [como fundos de investimentos] aproveitando a queda do mercado”, afirma Glauco Cavalcanti, CEO da BLP Asset.

A gestora tem três fundos que investem em um veículo com gestão ativa no exterior, e a diferença está no tamanho da exposição em ativos internacionais de cada carteira.

Com a correção no mercado de criptoativos, a BLP aumentou a posição nas altcoins, que são moedas digitais com maior volatilidade em relação ao mercado e que podem oferecer mais potencial de retorno quando o ambiente de aversão a risco estiver mais calmo.

Entre esses ativos, estavam criptomoedas ligadas à tecnologia de finanças descentralizadas (Defi) e tokens não fungíveis (NFTs).

Quem entrou na máxima vendeu na baixa

Muitos dos investidores de varejo que entraram nesses fundos quando o Bitcoin atingiu a máxima de US$ 69 mil, em novembro de 2021, acabaram sofrendo mais com a queda e sacaram os recursos com prejuízo, afirmam os gestores.

“Alguns investidores entraram acreditando que o Bitcoin ia passar dos US$ 100 mil e não tinham estômago para aguentar a volatilidade”, diz Theodoro Fleury, gestor da QR Asset Management.

A QR notou um movimento de resgate nos fundos mais forte no primeiro trimestre, com saídas  mais pontuais no segundo trimestre.

Para enfrentar o mar turbulento, a QR Asset adotou uma postura mais defensiva no fundo multimercado QR Blockchain Assets, incluindo algumas estruturas de hedge [proteção contra a volatilidade], e aumentou a posição em Bitcoin, criptomoeda mais líquida, que passou de 30% do portfólio no início do ano para cerca de 50%.

A carteira cai 44,84% no ano até o dia 21 deste mês, mas acumula valorização de 196,04% desde o início, em março de 2020, contra uma alta de 12,77% do CDI.

Quando o inverno cripto vai acabar?

Os preços das criptomoedas sofreram junto com outros ativos diante do movimento de maior aversão a risco nos mercados com a alta da taxa de juros nos EUA.

Após a forte correção nesse mercado, que levou à suspensão das negociações na plataforma de empréstimos de criptoativos Celsius e o derretimento da criptomoeda Terra (Luna), as criptomoedas tiveram um alívio nesta semana, com o Bitcoin subindo 11,5%.

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Para Knudsen, o cenário ainda é de cautela, dado que ainda não há muito apetite para compra de ativos de risco. “Não estou muito otimista. Estamos esperando para fazer novas alocações e observar os movimentos técnicos para ver o quão relacionados os criptoativos ainda estão em relação a outros ativos de risco”, diz.

Apesar disso, o gestor da Vitreo acredita que em um cenário de melhora da aversão a risco, as criptomoedas podem se recuperar mais rápido por terem volatilidade maior.

Para Cavalcanti, a volta mais sustentável do investimento em fundos de cripto deve acontecer quando a volatilidade nos mercados se estabilizar. “Ninguém quer pegar a faca caindo”, diz.

Nesse cenário, o analista de renda variável da Ativa Investimentos, Felipe Vella, indica a exposição a ETFs que tenham uma carteira mais diversificada de criptoativos, como o HASH11, com exposição não maior que 5% da carteira.

O HASH11 segue o índice Nasdaq Crypto Index (NCI), que possui na carteira seis criptomoedas (Bitcoin, Ethereum, Stellar, Litecoin, Bitcoin Cash e Chainlink), com maior concentração no Bitcoin. “Se esses ativos subirem, o potencial de retorno adicional é grande, mas se forem a zero não vai machucar tanto a carteira”, diz.

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