Surpresa positiva de serviços cria expectativa melhor para PIB em 2022

Segmentos de transporte de cargas e tecnologia da informação impulsionaram setor em maio

Foto: Shutterstock

Os dados de serviços em maio, divulgados nesta terça-feira (12) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), confirmaram um desempenho melhor do que o esperado para a atividade econômica no segundo trimestre. O resultado levou parte dos economistas a revisar para cima ou colocar viés de alta para o PIB (Produto Interno Bruto) de 2022.

O setor avançou 0,9% no mês retrasado na comparação com abril, crescimento mais de quatro vezes maior do que o esperado por analistas – especialistas ouvidos pela Reuters acreditavam em um avanço de 0,2% no mês período.

Por outro lado, o resultado registrado em abril foi revisado para baixo, de alta de 0,2% para queda de 0,1%.

“Embora tenha havido revisão para baixo do dado de abril, ainda assim é uma alta robusta”, apontou o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno. Ele elevou sua estimativa para alta do PIB neste ano de 1,5% para 2%. “Todas as principais categorias tiveram expansão na margem, mostrando um setor ainda com expansão disseminada, que ainda está se beneficiando do processo de reabertura da economia.”

Com o resultado, o setor de serviços está 8,4% acima do patamar pré-pandemia, registrado em fevereiro de 2020. De acordo com o IBGE, todas as cinco atividades pesquisadas ficaram no azul, com destaque para segmentos como transporte de cargas e tecnologia da informação.

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“Esse cenário reflete a melhoria nas condições do mercado de trabalho. Temos visto a economia brasileira criando postos de trabalho formais, favorecendo a queda da taxa de desemprego para o patamar de um dígito, algo que não era visto em sete anos”, disse Rostagno. O analista fez referência à taxa de desemprego do trimestre encerrado em maio, que recuou para 9,8%.

Na avaliação do especialista do Mizuho, a economia como um todo deve crescer no segundo trimestre a uma taxa parecida com a do primeiro, quando o avanço foi de 1%.

Na semana passada, o IBGE divulgou a produção industrial de maio, que mostrou expansão de 0,3% na comparação com abril, dado que veio abaixo do esperado. Nesta quarta-feira (13), o órgão informa o desempenho do comércio no mês retrasado, fechando o trio de pesquisas do IBGE sobre a atividade econômica.

Para a economista Claudia Moreno, do C6 Bank, o número do setor de serviços reforça a projeção de crescimento de 1,5% do PIB no segundo trimestre do ano.

“O avanço do setor de serviços em maio foi disseminado, com expansão em todas as cinco atividades”, declarou a especialista. “O segmento de serviços prestados às famílias, que foi bastante impactado pela pandemia, continuou se recuperando, com alta de 1,9%. Apesar dessa alta, o segmento ainda se encontra 7% abaixo do patamar pré-pandemia, mostrando que ainda há algum espaço para recuperação.”

Para Moreno, que projeta uma alta do PIB de 1,5% em 2022, com viés de alta, o crescimento do setor tem a ver com a reabertura da economia, que impulsionou o mercado de trabalho e massa salarial. “Mesmo que o rendimento médio do trabalhador se mantenha baixo, o aumento da massa salarial acaba impulsionando o consumo de produtos e serviços, gerando um ciclo positivo para a economia.”

A XP Investimentos destacou que o avanço dos serviços foi generalizado no mês retrasado, e destacou a força dos serviços prestados às famílias.

“O afrouxamento das políticas de restrição de mobilidade, em conjunto com o aumento da renda disponível das famílias continuam a impulsionar a demanda por esses serviços no curto prazo”, afirmou o economista Rodolfo Margato, da corretora.

O bom desempenho dos serviços de transportes e armazenagem também foram apontados pela XP como um dos fatores que estimularam o bom desempenho, com destaque para o aumento das exportações. “Além da reabertura econômica, essa dinâmica favorável reflete o crescimento do comércio eletrônico e o aumento das exportações, principalmente de produtos do agronegócio e mineração, e a recuperação ainda que gradual da indústria de transformação.”

Perda de força no segundo semestre

Apesar do desempenho da atividade do primeiro semestre estar surpreendo positivamente os economistas, a expectativa é de perda de força a partir do segundo semestre.

Mesmo assim, a avaliação é que a aprovação no Congresso da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) dos Benefícios, com auxílios que somados injetarão mais de R$ 40 bilhões na economia, pode contribuir um pouco com o crescimento no início do terceiro trimestre.

“A tendência é que tanto serviços como a indústria percam força, já que o impacto da reabertura vai diminuindo ao longo do tempo”, diz Rostagno. “Além disso, o aumento de juros pelo Banco Central deve ser mais sentido no segundo semestre.”

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