O volume de serviços avançou 0,9% em maio na comparação com abril, crescimento mais de quatro vezes maior do que o esperado por analistas. Especialistas ouvidos pela Reuters acreditavam em um avanço de 0,2% no mês retrasado.
Os dados, divulgados nesta terça-feira (12) pelo IBGE, mostram o terceiro resultado positivo do setor nos últimos quatro meses. Com o resultado, os serviços estão 8,4% acima do patamar pré-pandemia, registrado em fevereiro de 2020. O resultado de abril foi revisado de alta de 0,2% para queda de 0,1%.
De acordo com o órgão, todas as cinco atividades investigadas pela pesquisa ficaram no azul, crescimento disseminado que se tornou mais frequente após a pandemia de Covid-19.
“Antes de 2020, era bem mais raro ver as atividades crescendo de forma simultânea”, afirmou o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo, no material de divulgação do levantamento. “Isso tem relação com a base de comparação baixa por causa dos efeitos das medidas de isolamento social, especialmente nos serviços de caráter presencial. De lá para cá, com a redução das restrições, essas atividades seguem em ritmo mais acelerado.”
Saiba mais:
Taxa de desemprego cai para 9,8% em maio, menor nível desde 2015
Transportes e TI puxaram desempenho
Os dados mostram que o setor de transportes, que avançou 0,9%, foi um dos que mais impactaram o avanço do setor no mês retrasado.
“Os serviços de tecnologia da informação e o transporte de cargas foram os motores que impulsionaram o resultado de maio”, afirmou Lobo. “O transporte de cargas, especialmente o rodoviário, além de atender à demanda do comércio eletrônico e do setor agropecuário, também tem sido importante para o setor industrial, notadamente os bens de capital e os bens intermediários, que são as categorias de uso que operam acima do nível pré-pandemia.”
O segmento de informação e comunicação também teve impacto no índice geral ao crescer 0,9% em maio, terceiro resultado positivo dessa atividade.
“Em maio, o setor de tecnologia da informação cresceu 2,4%, também atingindo o maior patamar da sua série histórica”, apontou o gerente da pesquisa. “As empresas desse segmento, como as de desenvolvimento de aplicativos e as ferramentas de busca na internet, permanecem aproveitando as oportunidades de negócio criadas a partir da pandemia, em que serviços como a digitalização, as mídias digitais, as interfaces remotas de comunicação e o armazenamento de dados em nuvem tiveram aumentos expressivos de demanda por parte das empresas.”
O segmento de outros serviços também se destacou, ao crescer 3,1%, recuperando parte da queda de 3% em abril.
““Esse setor é bastante heterogêneo, reunindo, por exemplo, atividades de apoio à produção florestal, imobiliárias e de conserto de automóveis. Mas as que têm um impacto maior dentro desse setor são os serviços financeiros auxiliares, tais como administração de bolsas, consultoria de investimento financeiro e corretoras de títulos e valores mobiliários”, explicou Lobo.
Já os serviços prestados às famílias subiram 1,9%, e já acumulam um avanço de 8,1% somente nos últimos três meses. Mesmo assim, o segmento ainda está 7% abaixo do pré-pandemia.
“É o único dos cinco setores investigados que ainda opera abaixo desse nível. Com a diminuição das restrições, há uma procura maior por esses serviços de caráter presencial, como restaurante e hotéis. Em um nível menor, há também uma busca por atividades de condicionamento físico, como academias, por exemplo”, disse o especialista do IBGE.
Na semana passada, o IBGE divulgou a produção industrial, que mostrou avanço de 0,3% na comparação com abril, dado que veio abaixo do esperado. O setor vem sofrendo pressão negativa da inflação elevada, que reduz a renda das famílias, da taxa de juros alta, que encarece o crédito, e da dificuldade de crescimento na massa salarial.