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Nível de juros merece mais atenção que meta de inflação, diz Haddad

Ministro voltou a criticar juros altos e disse que entregará proposta para âncora fiscal em março

Foto: Shutterstock/Salty View

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a criticar o nível elevado dos juros no Brasil, e disse que o assunto merece mais atenção do que revisões à meta de inflação – tema que recentemente entrou no radar do mercado por causa da reunião do CMN (Conselho Monetário Nacional) que acontecerá na quinta-feira (16).

“Acho que com 8% de taxa ex-ante, real, é difícil navegar”, disse Haddad, durante evento do BTG Pactual. “É melhor chamar atenção para isso do que para a meta”, acrescentou.

Segundo o ministro, em vários países, os bancos centrais descumpriram as metas de inflação, um indício de que o problema para conter a alta de preços é global. Mas no Brasil, diz o ministro, a meta foi descumprida “a um custo enorme”, dado que os juros por aqui estão maiores que em outras economias.

As críticas do governo federal ao nível alto dos juros ganharam corpo nas últimas semanas, em particular após o Banco Central decidir manter em 13,75% ao ano a taxa básica de juros da economia, a Selic.

Isso somado a comentários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva contestando a necessidade de independência do Banco Central gerou receios no mercado financeiro de que o Planalto tentaria agir para forçar a queda nos juros.

Uma das brechas seria afrouxar a meta de inflação na próxima reunião do CMN. No entanto, Haddad descartou, na terça-feira, que o assunto esteja na pauta do encontro.

Além do ministro da Fazenda, fazem parte do CMN a ministra do Planejamento, Simone Tebet, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Alguns representantes do mercado defenderam recentemente a mudança na meta de inflação. Entre os que são favoráveis, está Rogério Xavier, da SPX, que argumentou em prol da revisão em carta aos cotistas e hoje cedo no evento do BTG Pactual.

Juros altos e Americanas

Durante o evento do BTG, Haddad disse que os juros altos provavelmente precipitaram a revelação da fraude contábil da Americanas (AMER3), ao tornar mais oneroso sustentar a omissão das dívidas pela companhia.

“Se de repente a taxa vai de 2% para quase 14%, o corpo boia, né”, disse o ministro. “Agora lá foi um problema de fraude. Mas e daqui a um mês, dois meses, seis meses, aquele que se comportou bonitinho, será que vai suportar isso?”, questionou o ministro, referindo-se aos juros altos.

Haddad vê quadro fiscal positivo

Haddad também mencionou que a situação fiscal do Brasil começou 2023 melhor do que se previa. De acordo com o ministro, a arrecadação de janeiro ficou acima do esperado, e isso já descontando o efeito positivo vindo da distribuição dos dividendos da Petrobras.

“A receita de janeiro fechou em pouco mais de R$ 19 bilhões acima do previsto. R$ 6 bilhões destes R$ 19 bilhões eram dividendos da Petrobras, que era para terem sido distribuídos em dezembro. São R$ 13 bilhões a mais. Se não tivermos efeito deletério dos 8% de juros real, se não se fizerem sentir fortemente este ano – coisa que eu duvido -, estamos com déficit menor que 1%”, disse o ministro.

Reforma tributária e regra fiscal

Haddad também voltou a defender a prioridade dada pelo governo à reforma tributária, afirmando que deve ajudar a resolver riscos jurídicos que podem prejudicar o resultado das contas públicas. “O macro é feito de micro e, no caso tributário, nós só temos micro”, afirmou.

Ele ressaltou, no entanto, que pretende entregar em março a proposta para a nova regra fiscal do governo, que substituirá o teto de gastos.

“Tínhamos puxado para abril por causa da LDO, mas daí a Simone ponderou, e com razão, que para mandar para o Congresso em abril junto com a LDO era bom ter período de discussão. Não tenho pretensão de ser o dono da verdade. Estamos estudando faz dois meses regras fiscais do mundo inteiro, documentos de todos os organismos internacionais”, acrescentou.

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