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IPCA-15 mostra melhoria em serviços, mas perda de ritmo da alta de preços será gradual

Média dos núcleos, que exclui itens mais voláteis, recuou neste mês em relação a novembro

Foto: Shutterstock/Thapana_Studio

O IPCA-15 de novembro ficou um pouco abaixo do esperado pelo mercado, mostrando perda de fôlego na alta dos preços dos itens menos voláteis de serviços e bens industriais, os chamados núcleos de inflação. Por outro lado, os dados prévios deste mês indicam que o efeito do aumento dos juros sobre a inflação será lento, com o índice desacelerando de forma gradual.

Nesta quinta (24), o IBGE informou que o IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) avançou 0,53% neste mês, pouco abaixo da alta de 0,56% esperada por analistas ouvidos pela Reuters, mas uma boa aceleração em relação à elevação de 0,16% registrada em outubro.

No mês passado, ainda se via algum impacto da redução de preços em função do corte no ICMS de energia, combustíveis e telecomunicações, além das reduções na Petrobras. Esse cenário ficou para trás, deixando o refreamento na inflação por conta do patamar elevado da Selic, hoje em 13,75% ao ano, e da desaceleração da economia global.

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Alta de preços do IPCA-15 em novembro foi quase unânime

Quase todos os grupos monitorados pelo IBGE mostraram alta em novembro, com exceção de comunicações, que ficou estável na comparação com outubro.

“Esse movimento mostra que os efeitos da redução do ICMS sobre combustíveis, energia e telecomunicações ficaram definitivamente para trás”, afirma a economista Claudia Moreno, do C6 Bank. “Daqui para frente, o que devemos ver é uma inflação desacelerando, mas em ritmo lento e em patamar ainda elevado.”

Inflação de serviços demora a ceder

A especialista lembrou que a inflação de serviços tradicionalmente demora mais a ceder. “A inflação de serviços, que atualmente roda em 8% no acumulado de 12 meses, sofre com os efeitos da inércia inflacionária e, por isso, demora mais a ceder. Essa inflação é acompanhada de perto pelo Banco Central.”

É a mesma avaliação do Itaú Unibanco, que destacou que houve uma surpresa altista em itens como serviços de veículos e aluguel. No caso dos núcleos de inflação de serviços e bens industriais, medida que exclui o impacto de itens de preços mais voláteis, a notícia foi positiva, com esses indicadores subindo menos em relação a outubro.

Mesmo assim, os núcleos ficaram acima do projetado pelo banco. “O núcleo subjacente para serviços e industriais seguiu desacelerando dos picos recentes, mas tanto industriais quanto serviços subjacentes vieram acima da nossa projeção, indicando que o processo de desinflação será errático e gradual”, apontou o Itaú, em relatório.

Analistas ouvidos pelo Boletim Focus esperam que o IPCA encerre 2022 a 5,88%, na quarta semana seguida de revisão para cima. Já para 2023, as estimativas passaram para 5,01%, contra 4,94% na semana passada.

Qualidade da inflação melhora

Para o economista Daniel Karp, do Santander, o IPCA-15 mostrou surpresas para baixo em alimentação no domicílio e bens industriais. Ele acredita que as medidas qualitativas da inflação seguem melhorando. “Serviços, que são mais inerciais [ou seja, têm maior potencial para impulsionar a inflação futura], ligados a salários e relacionados à atividade econômica, continuam em trajetória de baixa na margem.”

Em relatório, a XP Investimentos apontou que o principal desvio de baixa partiu do grupo “alimentação em domicílio”, com leite e derivados contribuindo bastante para a diferença.

A corretora ressaltou que os preços administrados (com reajustes definidos em contrato ou pelo governo) avançaram 0,77% em novembro, o que era esperado, e que os preços livres subiram 0,45%, exatamente o mesmo ritmo de meses anteriores.

“Outras métricas agregadas trouxeram notícias relativamente benignas, em nossa avaliação. Por exemplo, a inflação de serviços arrefeceu de 5,91% em outubro para 3,93% em novembro, com base na média móvel de três meses da taxa anualizada com ajuste sazonal.”

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