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IPCA-15 confirma tendência de deflação em julho e até agosto – e de inflação forte em serviços

Inflação do setor continua a avançar, o que junto com o dólar mais alto deve fazer a inflação voltar a subir com mais força em setembro

Foto: Shutterstock

Como já era esperado pelo mercado, o IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) perdeu fôlego e, após uma alta de 0,69% em junho, cresceu 0,13% neste mês, um cenário até melhor que o imaginado por analistas, que viam um aumento de preços um pouco maior, de 0,17%.

Com a bênção da redução do ICMS de combustíveis, energia e telecomunicações – medida aprovada pelo Congresso e acatada pela maior parte dos Estados -, os preços desses itens devem continuar caindo no restante do mês, abrindo caminho para a primeira deflação mensal desde o auge da pandemia, em 2020.

Dependendo do tamanho dessa queda de preços, ela pode inclusive ser a maior da história, e existe a possibilidade de a deflação se estender também para agosto, em uma continuidade do impacto da redução do ICMS e da redução da gasolina anunciada pela Petrobras na semana passada.

“Tem espaço para o IPCA ficar muito próximo de zero ou até também ter deflação no mês que vem”, aponta o economista Luis Menon, da Garde Asset Management. “Isso porque, por mais que tenha havido corte das alíquotas do ICMS neste mês, alguns Estados demoraram um pouco mais para reduzir. Pode ter algum impacto residual em agosto.

Analistas ouvidos pelo Boletim Focus, pesquisa semanal do Banco Central, vem reduzindo suas projeções para o IPCA deste ano. Segundo o último levantamento, divulgado nesta segunda (25), a projeção é de um avanço de preços de 7,30%, contra uma expectativa de 7,54% da pesquisa anterior.

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De qualquer forma, o índice virá bem acima da meta para o ano, que é de 3,5%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto para cima ou para baixo.

 

Para o economista do Santander especializado em inflação, Daniel Karp, o setor de serviços continuou surpreendendo para cima neste mês, até porque a redução da alíquota do ICMS de telecomunicações ainda não teve impacto nos dados.

“Por outro lado, os bens industriais e a alimentação em casa surpreenderam para baixo, com os preços regulados vindo em linha com nossas expectativas”, ponderou. “A inflação de serviços ainda é uma preocupação, mas de qualquer forma acreditamos que essa leitura reforça que o pior já passou.”

Inflação volta a incomodar em setembro

Os dados parciais de julho indicam que a inflação é um problema que ficou para trás em 2022? Não é bem assim. Especialistas lembram que o impacto da redução das alíquotas é pontual, e que a alta de preços deve voltar a incomodar a partir de setembro, ainda mais com o dólar mais alto e o início do pagamento do novo valor do Auxílio Brasil, que foi elevado de R$ 400 para R$ 600.

“Apesar do alívio imediato que a redução no preço dos combustíveis traz para o consumidor, a notícia não é tão boa quando olhamos para os itens menos voláteis que compõem a inflação”, aponta a economista Claudia Moreno, do C6 Bank. “A média dos núcleos [medida de inflação que exclui os itens que apresentam maior volatilidade] veio acima do que o mercado previa e indica que o que está puxando a inflação para baixo são medidas pontuais.”

Ao mesmo tempo, as projeções do mercado para a inflação de 2023 são cada vez maiores, já que a redução do PIS/Cofins dos combustíveis deste ano será revertida no ano que vem. No último Focus, analistas voltaram a elevar suas expectativas para o IPCA, que agora estão em 5,30%, para uma meta de 3,25%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

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Na semana que vem, o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) volta a se reunir, e a expectativa da maior parte do mercado é de um novo e último aumento de 0,50 ponto percentual na taxa, que encerraria assim 2022 em 13,75% ao ano.

Para a economista-chefe do Inter, Rafaela Vitória, os dados divulgados nesta semana e o cenário externo atual reforçam essa perspectiva.

“A desaceleração do IPCA-15, mesmo excluindo os efeitos da redução dos combustíveis, confirma a tendência de redução de inflação e deve permitir que o Banco Central encerre o ciclo de alta na próxima reunião em agosto”, avaliou, lembrando que há uma demanda mais fraca no mundo, com queda nas cotações de commodities.

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