A meta de inflação para 2025 é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. A decisão foi anunciada na noite desta quinta-feira (23) pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que manteve as metas de 2022 (3,50%), 2023 (3,25%) e 2024 (3%).
A meta, no entanto, não significa que a inflação ficará dentro desse patamar, e é isso que temos visto recentemente.
Pelo segundo ano consecutivo, o Banco Central (BC), responsável pela política monetária do país, não conseguirá cumprir a meta estipulada pelo CMN – colegiado composto pelo Ministério da Economia, BC e Secretaria Especial do Tesouro -, mesmo com a condução de uma política mais contracionista, ou seja, de juros elevados.
A meta deste ano também tem tolerância de 1,5 ponto percentual, ou seja, poderia variar entre 2% e 5%, mas o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) acumulado nos 12 meses encerrados em maio está em 11,73% e analistas de mercado veem pouco espaço para uma desaceleração relevante da inflação.
Para lidar com essa inflação em alta, o BC tem subido os juros e a taxa Selic atualmente está em 13,25%, mas o efeito dessa taxa sobre a inflação, e também sobre a atividade econômica, não ocorre de imediato.
Quando a autoridade monetária fala em “horizonte relevante para a política monetária” em seus comunicados, mostra estar mirando em 2023, e ainda assim o trabalho não será fácil.
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Nesta quinta-feira, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, sinalizou que irá buscar uma “meta secundária” para 2023, menor que 4%.
Em tese, buscar uma meta um pouco menor pode fazer com que o BC seja menos agressivo no processo de aperto monetária, evitando que os juros elevados restrinjam muito o investimento e consumo, comprimindo a atividade econômica.
Mar de incertezas
No entanto, o BC tem um cenário incerto pela frente. Entre essas incertezas estão os choques inflacionários que podem ser gerados pela guerra na Ucrânia e por lockdowns na China.
E há dúvidas também no campo interno. O governo trabalha para elevar o Auxílio Brasil em R$ 200, para R$ 600, além de aumento no auxílio para compra de gás e caminhoneiros. Essas medidas elevam o gasto público e também incentivam o consumo, pressionando os preços.
O mercado espera que em 2023 a inflação fique em 4,70%, ou seja, no limite da margem da meta de inflação, o que mostra que o BC tem pouco espaço de manobra.