Confiança do comércio e serviços vai ao maior nível em 7 meses, enquanto inflação desacelera

Sondagens da FGV apontam para maior patamar desde outubro de 2021; IGP-M perde fôlego

Foto: Shutterstock

Com a melhora da pandemia e estímulos do governo, a confiança de empresários de comércio e dos serviços saltou em maio, mostram dados divulgados nesta segunda-feira (30) pelo Ibre/ FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas). Nos dois casos, os índices alcançaram o maior nível desde outubro de 2021.

Outra boa notícia foi a perda de ritmo do IGP-M (Índice Geral de Preços ao Mercado), que registrou alta de 0,52% no mês, uma desaceleração em relação a abril, quando o avanço foi de 1,41% – o dado também foi informado pelo Ibre/ FGV hoje.

“Os indicadores de confiança mostraram um bom desempenho, refletindo tanto uma melhora na situação atual quanto nas expectativas, na esteira do controle da situação sanitária e das diversas medidas pontuais de estímulo adotadas pelo governo”, afirmou João Savignon, economista da gestora Kínitro Capital.

Para o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito, a forte redução dos casos graves de coronavírus explica a confiança maior captada pela FGV. “Os dados do IBGE mostram uma melhora significativa dos dois setores no primeiro trimestre deste ano”.

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Confiança maior no presente do que no futuro

No caso do Índice de Confiança do Comércio (ICOM), o avanço foi de 7,4 pontos, atingindo 93,3 pontos. Quando se considera a média móvel trimestral, o indicador teve alta de 2,1 pontos, o terceiro resultado positivo seguido.

O ISA (Índice de Situação Atual) chegou a 101,1 pontos, ultrapassando a barreira neutra dos 100 pontos (acima disso, é considerado que os empresários estão confiantes). Já o IE (Índice de Expectativas), que mede a confiança no futuro, subiu 6,1 pontos, atingindo 85,7 pontos.

“O ISA ultrapassa os 100 pontos influenciado pela recuperação da demanda pelo terceiro mês consecutivos”, apontou Rodolfo Tobler, economista do Ibre/FGV. “Apesar da alta do IE, ela reflete apenas uma redução do pessimismo dos empresários, já que o índice permanece em patamar mais baixo”, ponderou.

Na avaliação de Savignon, no longo prazo os empresários manterão cautela, já que o cenário é desafiador por causa da inflação ainda elevada e juros altos. “Somando-se a esses elementos, estão as incertezas com relação ao quadro eleitoral deste ano, que atuam como outro fator limitador a um avanço maior da confiança”.

Sobre a melhoria na avaliação da situação atual, a avaliação é que, além da reabertura da economia, isso se deve à recuperação da demanda por causa de medidas como redução de impostos e liberação do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), além do pagamento do Auxílio Brasil.

No caso do Índice de Confiança de Serviços a alta foi de 2,1 pontos em maio, para 98,3 pontos. Quando se considera a média móvel trimestral, a alta foi de 3 pontos.

“O setor segue com desempenho mais positivo nos últimos meses por conta da percepção de controle da crise sanitária por parte da população e o consequente aumento da mobilidade”, disse Savignon. “Houve uma maior busca pelos serviços prestados às famílias e os serviços de transportes no período. Assim como no comércio, as medidas de estímulo do governo também contribuíram para o melhor desempenho dos serviços no mês”.

Inflação perde ritmo

Como esperado pelo mercado, o IGP-M, índice que mede a inflação no atacado e que é usado para reajustar contratos de aluguel e energia, desacelerou para uma alta de 0,52% em maio. O indicador é formado por três índices de preços: o IPA (Índice de Preços ao Produtor Amplo), o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) e o INCC (Índice Nacional de Custo de Construção).

O destaque do mês foi o IPC (Índice de Preços ao Consumidor), que subiu 0,35% após forte alta de 1,53% em abril, com seis das oito classes de despesa pesquisadas mostrando perda de ritmo na alta dos preços.

“Fontes importantes de pressão inflacionária estão se estabilizando, como a gasolina, que havia acelerado 5,86% no mês anterior e agora 1,01%”, avaliou Perfeito, da Necton. “Quanto mais tempo passa, mais essa alta ficará para trás, abrindo espaço para que a inflação seja mais baixa.”

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