O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira (29) que não aceitará ser reconduzido ao cargo em 2024, quando termina o seu mandato à frente da instituição, seja qual for o próximo presidente da República.
No próximo domingo (2), acontece o primeiro turno das eleições, com as pesquisas de intenção de voto apontando vantagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL).
No ano passado, foi aprovada uma lei que prevê a autonomia do BC e que mandatos do presidente e diretores não coincidentes com o do presidente da República. Pela legislação, o mandato da atual diretoria termina em 2024.
“Não aceitaria, não é um tema de ser um presidente ou outro. Deixei isso bastante claro. Acho que, no final das contas, o processo de recondução gera um risco, porque quem está querendo ser reconduzido pode acabar sofrendo algum tipo de influência, e a autonomia existe para evitar isso”, afirmou Campos Neto durante entrevista coletiva sobre o Relatório Trimestral de Inflação divulgado pela instituição.
De acordo com ele, a decisão foi tomada como forma de permitir que a nova legislação se solidifique. “Acredito que é o melhor para solidificar a autonomia do BC.”
Questionado sobre qual o possível impacto das eleições sobre o câmbio, o presidente do Banco Central declarou que é importante que o arcabouço fiscal [ou seja, as regras que o novo governo deverá seguir sobre os gastos públicos] tenha credibilidade.
“Não falamos a respeito de hipóteses sobre fiscal, mas entendemos que é importante que arcabouço gere credibilidade, com uma atenção para o social. Temos visto a importância disso”, declarou. “Acho que há um debate importante globalmente. Tivemos uma conta muito grande durante a pandemia.”