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Caged: Emprego cresce em abril, mas com salários menores e juros altos ameaçando recuperação

Resultado mostra aceleração na geração de empregos com carteira assinada em comparação com o mês anterior.

Foto: Shutterstock

O mercado de trabalho brasileiro gerou 196,9 mil postos de trabalho com carteira assinada em abril, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) divulgados nesta segunda-feira (6) pelo Ministério do Trabalho e Previdência. O resultado é o saldo de 1,8 milhão de admissões e 1,6 milhão de desligamentos, e representa mais que o dobro do número de empregos criados em março deste ano e em abril do ano passado.

O desempenho fez o estoque de emprego subir a 41,4 milhões, alta de 0,48% em comparação ao observado em março. Em quatro meses encerrados em abril, o Brasil registrou saldo positivo de 770,5 mil empregos criados a mais do que fechados, o resultado entre 7,7 milhões de novas vagas e 6,9 milhões de demissões.

Apesar do salto na criação de empregos, a média do salário de admissão ficou praticamente estagnada. Em abril, o valor foi de R$ 1.906,54, alta de 0,79% (R$ 15) em comparação aos R$ 1.891,54 pagos em março, mas sofreu um tombo na comparação anual. Em abril de 2021, o salário médio de admissão era de R$ 2.089,90, ou 9,6% maior.

Quatro das cinco atividades econômicas pesquisadas pelo governo federal tiveram resultados positivos em abril. A geração de emprego foi puxada pelos serviços (117 mil), seguido pelo comércio (29,2 mil), indústria (26,3 mil) e construção (25,3 mil). A agricultura (-1 mil) foi a única a registrar mais demissões do que admissões no período.

Na distribuição pelo país, todas as regiões tiveram dados positivos. O Sudeste foi a região que mais gerou empregos formais (101,2 mil), seguido pelo Nordeste (29,8 mil) e Centro-Oeste (25,5 mil). O Sul do Brasil (25,1 mil), gerou mais que o dobro da região Norte (12 mil).

Juros altos podem anular efeitos positivos

Os dados do Caged corroboram com a retomada do mercado de trabalho e das atividades econômicas após a crise gerada pelo novo coronavírus. Na sexta-feira (3), dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostraram que a taxa de desemprego recuou para 10,5% no trimestre encerrado em abril, surpreendendo positivamente os analistas.

Porém, assim como o Caged, a pesquisa do IBGE mostrou estagnação da renda dos trabalhadores no curto prazo e queda na comparação anual. E a situação pode piorar com a escalada dos juros pelo Banco Central (BC).

A instituição está aumentando as taxas para tentar controlar a inflação, e a expectativa é de que elas permaneçam em níveis altos por um tempo maior que o inicialmente previsto.

André Perfeito, economista-chefe da Necton, aponta que a pressão dos juros deve enfraquecer o efeito positivo que a melhora do mercado de trabalho traria para a expansão da economia.

“A alta dos juros mexe muito com o consumo e investimentos. As pessoas estão empregadas, mas não vão gastar mais”, diz. “É uma situação típica de estarmos no meio do caminho. A alta do emprego é boa, mas não o suficiente.”

Os movimentos do BC também devem balizar o ritmo de recuperação do mercado de trabalho nos próximos meses.

A estimativa dos especialistas é de que a instituição aumentará a Selic, a taxa básica de juros, em 0,50 ponto porcentual (p.p.) na semana que vem, para 13,25%. Para a reunião seguinte, em agosto, as previsões estão mais divididas, mas a aposta majoritária é de mais um aumento de 0,50 p.p., o que colocaria a Selic em 13,75% ao ano.

Jefferson Laatus, estrategista-chefe do grupo Laatus, diz que sem uma sinalização clara de fim da alta nos juros, os empresários devem frear os investimentos, o que prejudicaria a criação de vagas.

“Se parar em até 13,75% deve haver uma estabilidade [no número de contratações]. Se deixar em aberto, pode haver um declínio já a partir de julho”, diz.

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