Puxado por alta da energia elétrica, IPCA sobe para 0,83% em maio

Trata-se do maior aumento para o mês em 25 anos. No mesmo período de 2020, o IPCA apresentou deflação de 0,38%.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acelerou sua alta no último mês. De acordo com dados divulgados pelo IBGE nesta quarta-feira, 09, a variação em maio bateu 0,83%, ante 0,31% em abril. 

Trata-se do maior resultado para o mês desde 1996, quando o indicador subiu 1,22%. Em maio de 2020, a taxa havia sido -0,38%.

Com isso, a inflação oficial do país acumula alta de 3,22% no ano e de 8,06% nos últimos 12 meses, distanciando-se cada vez mais do teto da meta estipulado pelo Conselho Monetário Nacional, de 5,25% para 2021. Já o centro da meta é de 3,75%. 

Nem mesmo os especialistas esperavam essa alta. De acordo com os dados compilados pela Refinitiv, a alta seria de 0,71% na comparação com abril e de 7,93% em relação a maio de 2020. 

Em relatório, o IBGE esclarece que a maior pressão de alta veio do aumento da energia elétrica, que passou a cobrar bandeira tarifária vermelha no patamar I em maio, com acréscimo de R$ 4,169 na conta para cada 100kWh (quilowatt-hora) consumidos. 

“A alta de 5,37% da energia elétrica se deve a dois fatores. O primeiro deles foi que em maio passou a vigorar a bandeira tarifária vermelha patamar 1 e o outro fator é a série de reajustes que houve no final de abril em várias concessionárias espalhadas pelo país”, explica o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.

Leia também: O que é inflação e como ela influencia meu bolso?

Com a alta da energia elétrica, o grupo habitação foi o de maior impacto no índice geral (0,28 p.p.) e também o de maior variação (1,78%). Porém, outros itens afetaram a variação total, como os aumentos na taxa de água e esgoto (1,61%), no gás de botijão (1,24%) e no gás encanado (4,58%). 

Para o próximo mês, este grupo deve continuar sendo o destaque com a alta do dólar e o avanço das commodities, além da crise hídrica do país que encarece a conta de luz dos brasileiros. 

No último dia 28, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) citou as dificuldades com a seca ao anunciar a aplicação do patamar 2 da bandeira tarifária vermelha para o mês de junho, ao custo de R$ 6,243 para cada 100kWh (quilowatt-hora) consumidos.

Além da habitação, outros oito grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram inflação em maio, os principais são: . 

  • Transportes, cujos preços subiram 1,15% em maio, após recuarem 0,08% em abril;
  • Artigos de residência, com aumento de 1,25% nos preços, após subir 0,57% em abril, e;
  • Saúde e Cuidados Pessoais que, embora tenha diminuído para 0,76% frente abril (1,19%), apresenta variação de 0,10 p.p. 

INPC tem alta de 0,96% em maio

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de maio foi de 0,96%, 0,58 p.p. acima do resultado de abril (0,38%). Assim como o IPCA, trata-se da maior variação para maio desde 2016, quando o índice foi de 0,98%. 

No ano, o indicador acumula alta de 3,33% e, nos últimos 12 meses, de 8,90%. Em maio de 2020, a taxa foi de -0,25%. 

Os produtos alimentícios subiram 0,53% em maio frente aos 0,49% de abril. Já os não alimentícios tiveram alta de 1,10%, contra 0,35% em abril.

Todas as áreas apresentaram variação positiva no mês. O menor índice foi o de Brasília (0,41%), onde pesaram as quedas nos preços das passagens aéreas (-37,10%) e das frutas (-11,36%). Já a maior variação ocorreu em Salvador (1,25%), pelas altas nos preços da energia elétrica (10,63%) e da gasolina (8,43%).

Lembrando que o INPC se refere às famílias com rendimento monetário de um a cinco salários mínimos e abrange dez regiões metropolitanas do país, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís, Aracaju e de Brasília.

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