O Ibovespa fechou esta sexta-feira (27) em leve queda de 0,18%, aos 136.866 pontos. O desempenho negativo reflete o aumento da cautela dos investidores diante da crescente tensão entre os Poderes em Brasília, o impasse fiscal envolvendo o IOF e a leitura de que os juros devem seguir elevados por mais tempo, mesmo com dados positivos do mercado de trabalho.
Apesar de fatores técnicos e externos favoráveis, o mau humor local dominou o pregão, com destaque para o conflito entre Executivo e Legislativo e seus possíveis desdobramentos no Supremo Tribunal Federal (STF).
O principal fator de instabilidade no dia foi o embate entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional. Após os parlamentares derrubarem o decreto que aumentava o IOF sobre operações financeiras, o presidente Lula decidiu recorrer ao STF, alegando que houve invasão de prerrogativas do Executivo.
A Advocacia-Geral da União (AGU) confirmou que estuda as medidas jurídicas cabíveis, e o PSOL também anunciou que acionará o Supremo para tentar reverter a decisão do Congresso. A mobilização política reforça o clima de tensão institucional que preocupa o mercado, especialmente em um momento em que o governo busca avançar com pautas prioritárias no Legislativo.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a afirmar que não pretende alterar a meta fiscal e disse que sua equipe trabalha diariamente para alcançar os objetivos estabelecidos. Em declarações à imprensa, Haddad defendeu uma tributação mais justa, com foco na chamada “turma da cobertura”, e disse que o governo estuda cortar isenções fiscais para ajustar as contas públicas.
Mesmo com o discurso de compromisso fiscal, o mercado segue cético sobre a trajetória dos juros. O diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, disse que o atual cenário — de inflação ainda resistente e expectativas desancoradas — exige uma taxa Selic estável por um período prolongado. Segundo ele, “o debate sobre corte de juros não faz parte do Copom neste momento”.
O Brasil apresentou indicadores robustos no mercado de trabalho: a taxa de desemprego caiu para 6,2% e o país bateu recorde no número de empregos com carteira assinada. A massa salarial também aumentou, o que, por um lado, impulsiona o consumo e a atividade econômica — mas por outro, acende o alerta sobre a inflação.
Economistas ouvidos pelo mercado avaliam que o ambiente de emprego aquecido pode adiar o início do ciclo de queda da Selic, mantendo os juros em patamar elevado por mais tempo.
Outro dado relevante foi a divulgação do IGP-M de junho, que caiu 1,67%, bem abaixo da expectativa do mercado, puxado pela forte retração nos preços de matérias-primas. Mesmo assim, a confiança do setor de serviços voltou a cair, sinalizando desafios à frente.
Enquanto o Brasil enfrentava turbulências políticas, o exterior mostrava sinais de alívio. Bolsas na Europa e em Wall Street avançaram, apoiadas pelo anúncio de um acordo comercial entre Estados Unidos e China. O entendimento, que implementa os termos discutidos em Genebra, inclui revisão de exportações e retirada de restrições impostas por Washington.
Mesmo com o viés negativo do Ibovespa, algumas ações se destacaram positivamente a Engie Brasil (EGIE3) liderou os ganhos do dia, com alta de 4,24%, atingindo sua cotação máxima no ano de R$ 45,03. O movimento reflete a reestruturação na diretoria executiva com foco em sustentabilidade, além da atratividade da empresa em tempos de juros altos, devido à sua forte geração de caixa, estabilidade e histórico de dividendos.
E também, a Vale (VALE3) também figurou entre as maiores altas, subindo 1,67% após detalhar novos investimentos no projeto Novo Carajás, no Pará. A mineradora prevê aplicação de metade dos R$ 70 bilhões já anunciados até 2030, com foco na expansão da produção de minério de ferro e cobre.
As listas das maiores altas e baixas da carteira do Ibovespa ficaram assim:
Altas
• Engie (EGIE3): +4,24%
• Pão de Açúcar (PCAR3): +2,01%
• Marcopolo (POMO4): +1,68%
• Vale (VALE3): +1,67%
• Localiza (RENT3): +1,35%
Baixas
• Vamos (VAMO3): -6,56%
• Brava Energia (BRAV3): -3,59%
• Cosan (CSAN3): -2,46%
• Smart Fit (SMFT3): -2,10%
• Yduqs (YDUQ3): -2,06%
EUA
Os principais índices de Nova York encerraram o dia em alta:
• Dow Jones: +1,00%
• Nasdaq: +0,52%
• S&P 500: +0,52%
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