Os maiores dividend yields do IDIV: quem são e por que os retornos foram tão altos

Shutterstock/Olivier Le Moal

O pagamento de dividendos segue como uma das formas mais tradicionais de gerar renda passiva na bolsa, e o Dividend Yield (DY) continua sendo um dos indicadores mais acompanhados por investidores que buscam empresas com potencial de retorno recorrente. Embora o número possa parecer um atalho rápido para encontrar boas pagadoras, entender o que está por trás de cada percentual elevado faz toda a diferença — e, muitas vezes, o DY alto reflete movimentos específicos que nem sempre se repetem.

Entre as ações que compõem o IDIV, índice da B3 que reúne empresas com histórico consistente de distribuição de lucros, cinco companhias se destacaram nos últimos 12 meses pelos maiores dividend yields do mercado. Apesar dos percentuais expressivos, o investidor precisa avaliar caso a caso, pois alguns desses números decorrem de fatores pontuais, enquanto outros estão ligados à estratégia regular de remuneração adotada pelas empresas.

No topo do ranking está a Syn Prop & Tech (SYNE3), com um dividend yield de impressionantes 37,08%. O desempenho, no entanto, foi resultado da distribuição de dividendos extraordinários após a venda de ativos da companhia. Esse tipo de movimento, ainda que positivo no curto prazo, dificilmente se repete de maneira consistente, o que se reflete nas projeções de mercado para 2025, que indicam praticamente nenhum pagamento de dividendos no próximo ciclo.

A Marfrig (MRFG3) aparece logo em seguida, com DY de 24,77%, sustentado pela sólida geração de caixa no setor de proteínas. A empresa conseguiu manter um fluxo robusto de distribuição mesmo diante dos desafios impostos pelo cenário internacional, marcado por oscilações de custos e demanda. Apesar disso, analistas seguem monitorando a evolução da fusão com a BRF (BRFS3), que ainda levanta dúvidas quanto à captura de sinergias e aos impactos financeiros de médio prazo. As projeções de dividend yield para 2025 estão entre 9% e 12%, o que ainda representa um patamar elevado, mas inferior ao pico registrado neste ano.

Em terceiro lugar, a Cemig (CMIG4) reforça seu histórico como uma das estatais mais tradicionais em termos de pagamento de dividendos, com yield de 18,51% no período. A companhia mineira, inserida no setor elétrico, combina resultados sólidos, foco em distribuição de lucros e resiliência frente às mudanças regulatórias e à transição energética em curso. Embora o lucro líquido do último trimestre tenha apresentado queda de 47%, o acumulado de 2024 registra alta de 23% em relação ao ano anterior, o que mantém a capacidade de geração de caixa e sustenta as expectativas de dividendos para os próximos períodos.

Na sequência, a Valid (VLDI3) apresentou um dividend yield de 17,86%, impulsionado pelo bom momento operacional e pela geração de caixa consistente da empresa. Atuando no setor de tecnologia e soluções de segurança digital, a companhia tem se beneficiado do aumento da demanda por seus serviços. No entanto, ainda não há consenso no mercado sobre a sustentabilidade dos proventos em patamares tão elevados, o que exige acompanhamento das próximas divulgações financeiras.

Fechando a lista, a Unipar (UNIP6) alcançou DY de 16,21%, apoiada no bom desempenho do setor químico, especialmente nas operações de cloro e soda, que vêm apresentando margens atrativas. Diferentemente de outros casos mais pontuais, a Unipar é vista como uma empresa capaz de manter dividendos elevados de forma recorrente, tanto que as estimativas de mercado apontam para um dividend yield médio de 12,7% em 2025, sinalizando continuidade da política agressiva de remuneração aos acionistas.

Considerando uma carteira teórica composta por uma ação de cada uma dessas empresas, o investimento total seria de R$ 122,54 com base nos preços de fechamento em 26 de junho de 2025. No período de 12 meses, o total de proventos recebidos somaria R$ 18,57, o equivalente a um retorno aproximado de 15% apenas com dividendos, sem considerar eventuais oscilações no preço das ações. Esse exemplo ilustra como a diversificação setorial — envolvendo segmentos como imóveis, proteínas, energia, tecnologia e indústria química — pode contribuir para diluir riscos e maximizar o potencial de geração de renda passiva.

Mesmo assim, é fundamental reforçar que nem todo DY elevado representa uma oportunidade segura e sustentável. Eventos extraordinários, como venda de ativos ou oscilações expressivas no preço das ações, podem inflar o percentual, exigindo atenção redobrada por parte do investidor que busca retornos consistentes no longo prazo.

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