Logo-Agência-TradeMap
Logo-Agência-TradeMap

Categorias:

Banco Central: preços das commodities e dos alimentos fizeram inflação ficar fora da meta

Campos Neto envia carta a Haddad para explicar o descumprimento da meta pelo segundo ano consecutivo

Foto: Shutterstock/rafastockbr

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, considera que o aumento do preço das commodities, os problemas nas cadeias de produção globais e os choques nos preços de alimentos estão entre os fatores que contribuíram para a inflação de 2022 ter ficado fora da meta. A expectativa é de um IPCA mais baixo neste ano, mas ainda superior à meta.

“Em 2023, a inflação ainda se mantém superior à meta, em virtude principalmente da hipótese do retorno da tributação federal sobre combustíveis nesse ano e dos efeitos inerciais da inflação de 2022. Esses efeitos são contrabalançados pela política monetária, embora não de forma integral, em virtude das diferenças temporais entre os impactos dos choques, de prazo mais curto, e os efeitos da política monetária, mais concentrados no médio prazo”, explicou Campos Neto, em carta aberta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Esse é o segundo ano consecutivo em que o BC precisa justificar os motivos que fizeram a inflação ficar acima da meta.

O IPCA de 2022 ficou em 5,79%, acima do centro da meta, que era de 3,5%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais e para menos. Dessa forma, a inflação teria que ter ficado entre 2% e 5% no ano.

Como avançou, e muito, acima desse limite, o presidente do BC precisa, por lei, explicar ao ministro da Fazenda os motivos pelo não cumprimento da meta e o que está sendo feito para que ocorra uma convergência para a meta.

Leia mais:

No documento de 19 páginas divulgado nesta terça-feira, o presidente da autoridade monetária lista os fatores que fizeram a inflação ficar acima do estipulado: inércia da inflação do ano anterior; elevação dos preços de commodities, em especial do petróleo; desequilíbrios entre demanda e oferta de insumos e gargalos nas cadeias produtivas globais; choques em preços de alimentação; e retomada na demanda de serviços e no emprego, impulsionada pelo arrefecimento da pandemia.

Campos Neto reforça ainda que a inflação poderia ter sido maior caso não tivessem ocorrido algumas ações, como a reduão na tributação de energia e a apreciação cambial.

Novo estouro da meta

O sistema de metas de inflação teve início em 1999. A meta para 2023 é de um IPCA de 3,25%, com a margem de tolerância de 1,5 ponto, ou seja, o indicador de inflação deve variar de 1,75% a 4,75% e, se ficar fora dessa margem, o presidente do BC terá novamente que fazer uma carta aberta explicando os motivos do descumprimento.

E é esse o cenário que se espera. O Boletim Focus aponta para uma inflação de 5,36% neste ano. Se as projeções se confirmarem, será o terceiro ano consecutivo em que a meta não será atingida.

Campos Neto reforça que o Copom (Comitê de Política Monetária) dá ênfase ao horizonte de seis trimestres à frente. Para esse cenário, que seria o segundo trimestre de 2024, a projeção de inflação acumulada em 12 meses está em torno de 3,3% – a meta de inflação para 2024 é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual.

No documento, Campos Neto também explica que o Copom enfatizou a necesidade de se manter “vigilante” para saber se a Selic no patamar de 13,75% será suficiente para assegurar a convergência da inflação para a meta no médio prazo.

“O Copom também ressaltou que os passos futuros da política monetária poderiam ser ajustados e não hesitaria em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorresse como esperado”, disse a carta, ao citar as decisões do Comitê.

Cadastre-se para receceber nossa Newsletter
Marketing por

Compartilhe:

Leia também:

Mais lidas da semana

Uma newsletter quinzenal e gratuita que te atualiza em 5 minutos sobre as principais notícias do mercado financeiro.