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Inflação de alimentos fica em dois dígitos, mas preços devem desacelerar em 2023

Segmento subiu mais que o dobro do IPCA de 2022, que ficou em 5,79%

Foto: Shutterstock/Stokette

A inflação oficial do Brasil ficou em 5,79% em 2022, mas para quem vai ao mercado com frequência a sensação é que ficou bem acima. Isso porque os preços de alimentos e bebidas subiram 11,64% no período – 13,23%, se for considerada apenas a alimentação em domicílio.

O segmento de alimentos e bebidas, sozinho, respondeu por 2,41 pontos percentuais do IPCA do ano passado, ou seja, quase metade, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Se juntar a isso os itens de saúde e cuidados pessoais, como medicamentos e produtos para cabelo, a participação chega a dois terços. E são esses os itens mais difíceis de serem cortados pelas famílias, em especial a de menor renda.

“A inflação de alimentação sofreu choques de oferta em 2022. Essa alta de 13% foi reflexo de problemas em alguns produtos ao longo de 2022. Foram problemas climáticos e de alta das commodities agrícolas”, diz Flavio Serrano, economista-chefe da Blueline Asset Management.

Dos itens da alimentação em domicílio, a cebola foi a que registrou a maior alta de preço, 130,14%. Outros produtos relevantes também tiveram altas expressivas, como leite e derivados, que fecharam o ano com preços em média 22,07% maiores.

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A boa notícia é que esses preços devem começar a desacelerar de forma mais significativa ao longo de 2023.

“A gente espera uma descompressão. Tem incertezas em relação às safras de trigo e milho nos Estados Unidos e Brasil, mas no Brasil a expectativa é de safra recorde, com soja crescendo. É um ano que parece promissor em termos de produção agrícola”, diz ele, ao justificar a expectativa de relaxamento dos preços dos alimentos.

Essa visão também é compartilhada por Claudia Morena, economista do C6 Bank, mas mais puxada por outros segmentos de itens.

“Vemos uma tendência de desaceleração, ainda que a passos lentos, no segmento de serviços. A inflação de bens industriais também mostra desaceleração, evidenciada pela queda nos preços de atacado, ainda que os últimos meses tenham surpreendido para cima”.

Má notícia

Essa descompressão, no entanto, não significará inflação muito mais baixa. Nas contas da Blueline, o IPCA deverá terminar o ano em 5,5%; nas contas do C6, de 5,9%. No Boletim Focus, a expectativa é de 5,36%. Em resumo, todas as projeções apontam para uma inflação acima da meta em 2023, o que seria o terceiro ano consecutivo de rompimento da meta.

O crescimento dos preços acima da meta de inflação deve fazer com que o Banco Central seja mais cauteloso no processo de redução das taxas de juros. A Selic, atualmente em 13,75% ao ano, só deve começar a cair no segundo trimestre. Segundo o Focus, a Selic termina este ano em 12,25% e em 9,25% em 2024.

“A inflação só não vai cair mais pela recomposição dos impostos sobre os combustíveis. O que houve foi uma troca de inflação no tempo, passou de 2022 para 2023”, pondera Serrano.

Para o economista, os preços dos serviços ainda estão em processo de desaceleração muito lenta e o índice de difusão voltou a subir, chegando a 70%. Isso significa que esse é o percentual de preços com alta.

Com incertezas nos sinais fiscais, não está descartada inclusive a retomada da alta dos juros pelos BC. No entanto, a expectativa é que a autoridade monetária espere até março para dar alguma sinalização.

Até lá, deverá avaliar o comportamento das projeções de inflação para 2023 e, principalmente, para 2024. Se elas começarem a subir muito rapidamente, o aperto monetário pode ser retomado.

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