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Banco Central poderá elevar a Selic se o panorama fiscal for ruim em março de 2023, alerta Gustavo Franco

Ex-presidente do Banco Central e um dos criadores do Plano Real antecipou relação conflituosa entre Lula e Campos Neto

Foto: Shutterstock/Jo Galvao

Ex-presidente do Banco Central e um dos criadores do Plano Real, o economista Gustavo Franco fez um alerta nesta quinta-feira (8): se o panorama fiscal estiver ruim em março de 2023, o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) pode ser obrigado a subir a taxa básica de juros, a Selic, em sua segunda reunião do ano.

A declaração foi dada durante o evento Macro Vision, organizado pelo Itaú Unibanco, durante conversa com o também ex-presidente do BC, Affonso Celso Pastore.

Franco avaliou como “ótima notícia” a informação que circulou hoje de que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, teria enviado um emissário para sondar a possibilidade de o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, aceitar um segundo mandato a partir de 2025.

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Entretanto, Franco ponderou que a relação entre Lula e Campos Neto pode se tornar conflituosa rapidamente. “Em março [quando haverá a segunda reunião do Copom de 2023], vai dar para ver o tamanho do risco fiscal. Se o cenário fiscal estiver ruim como o BC alertou no comunicado, terá que subir os juros”, declarou. “Aí quero ver se vai ter recondução.”

Para o economista, a independência do Banco Central é uma ideia “vitoriosa”, que ele avalia que será testada durante o governo Lula.

“Tanto que o presidente eleito quer prolongar o mandato do atual presidente do Banco Central, uma ótima notícia”, pontuou. “A má notícia é que temos já um desafio para o presidente do Banco Central, com mandato e nomeado por um presidente que não está mais aí, Jair Bolsonaro, que é o de enfrentar o pesadelo de todo o Banco Central: a inconsistência fiscal.”

Ontem, no comunicado da sua decisão de manter a taxa básica (Selic) em 13,75% ao ano, o Copom reforçou o aumento da preocupação com o cenário fiscal e reafirmou que pode manter a taxa Selic em patamar elevado por mais tempo ou até voltar a apertar a política monetária para garantir a ancoragem da inflação à meta.

BNDES e a taxa neutra de juros

Pastore, por sua vez, também expressou preocupação com o cenário fiscal e destacou que, se o BNDES voltar a ser usado para financiar investimentos e estimular a economia, a taxa neutra de juros (que não estimula nem desestimula a atividade econômica) voltará a subir.

Nesse contexto, o mercado de capitais reduziria a importância que ganhou nos últimos anos. “Precisamos de investimentos, podemos fazer isso com o setor privado, desde que o mercado de capitais funcione. Quando o BNDES subsidiava, o mercado de capitais ficou muito menor do que é hoje, e é bom que ele cresça”, afirmou.

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