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Aumento de juros é risco global e opção é aceitar inflação mais alta, diz economista do IIF

Robin Brooks defende discutir inflação em um patamar acima da meta de 2% nos EUA

Foto: Shutterstock/Bigc Studio

O ciclo de aperto monetário – ou seja, de aumento nos juros – nas principais economias do mundo é um dos principais riscos para o crescimento global. Dado esse cenário, uma das alternativas é discutir a possibilidade de aceitar um nível de inflação mais elevado, segundo Robin Brooks, economista-chefe do Instituto Internacional de Finanças (IIF).

“Se eu tivesse que adivinhar, diria que a política (monetária) não deve focar em inflação de 2% por conta dos riscos de crescimento da atual conjuntura”, disse durante participação de evento do Itaú Unibanco.

Para ele, o mundo caminha para um nível de atividade parecido com 2009, logo após a crise financeira global. Naquele ano, segundo o Banco Mundial, o PIB (Produto Interno Bruto) global encolheu 1,3%.

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O cenário de fraqueza para 2023 considera o prolongamento da guerra na Ucrânia, que afeta os preços de energia e, consequentemente, a inflação global.

“A inflação começa a cair e isso pode mudar os debates para ter novas variáveis. Se aceitarmos uma inflação de 3%, isso poderia aliviar as preocupações com a dívida (dos países)”, avaliou, considerando que a inflação dos Estados Unidos já atingiu seu pico.

Inflação no pico

Philipp Hildebrand, vice-chairman da BlackRock, tem uma visão parecida em relação à dinâmica da inflação nos Estados Unidos e à dificuldade de trazer o índice para os 2%.

Os dados mais recentes mostram que a inflação americana acumulada nos 12 meses até outubro era de 6%. Em junho, quando atingiu sua máxima mais recente, estava em 7%.

“O que nós estamos sugerindo é que a inflação já chegou a seu pico. E mesmo com o aperto agressivo e sem o Fed poder relaxar nesse trabalho, acho que a taxa não vai chegar a 2%”, conta.

Para ele, há uma preocupação de longo prazo para encontrar um equilíbrio entre estabilidade, crescimento e inflação e o trabalho dos bancos centrais é mais difícil atualmente.

“Eu acho provável que tenhamos um período de baixo crescimento devido às expectativas de inflação. (…) Acho que isso pode durar por alguns anos, mesmo com inflação se estabilizando”, conta, dando outra razão para não buscar a qualquer custo a inflação de 2%.

Esse cenário influencia também nas carteiras de investimentos. Hildebrand vê que quando se fala no portfólio padrão do investidor americano, que é de 60% renda variável e 40% fixa, outros fatores vão começar a influenciar nessa alocação.

“O efeito da diversificação reduziu bastante nesse novo mundo”, avalia.

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