O Banco Central precisará manter a taxa básica de juros da economia, a Selic, elevada por mais tempo como forma de trazer a inflação de 2023, que é o horizonte que está sendo olhado pelo Banco Central, para a meta de 3,25% ao ano.
A mensagem foi dada na ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC), divulgada nesta terça-feira (21).
Segundo o documento, na reunião da última quarta-feira o colegiado partiu de um cenário em que a taxa básica de juros terminaria este ano em 13,25%, o ano que vem em 10,0% e fecharia 2024 em 7,50%.
No entanto, ao considerar todos os riscos do cenário econômico e de preços – entre eles a persistência dos choques recentes sobre a inflação, como a guerra entre Ucrânia e Rússia e lockdowns na China -, o Copom avaliou que seria melhor os juros terminarem este ano num nível mais alto, e permanecerem elevados por mais tempo.
“A estratégia de convergência para o redor da meta exige uma taxa de juros mais contracionista do que o utilizado no cenário de referência por todo o horizonte relevante”, disse a ata, justificando a decisão do grupo de indicar que, na próxima reunião, a Selic deve subir de novo.
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“Essa estratégia foi considerada a mais adequada para garantir a convergência da inflação ao longo do horizonte relevante, assim como a ancoragem das expectativas de prazos mais longos, ao mesmo tempo que reflete o aperto monetário já empreendido, reforça a postura de cautela da política monetária e ressalta a incerteza do cenário.”
As projeções de inflação no cenário de referência do BC se situam em Copom situam-se em 8,8% para 2022, acima do limite de 5% previsto no regime de metas para este ano, e em 4,0% para 2023, taxa que fica entre o centro (3,25%) e o teto (4,75%) da meta para o ano que vem.
Reunião elevou Selic a 13,25%
Em meio à inflação resistente e ao aumento do risco fiscal, o Copom elevou os juros em 0,50 ponto porcentual na semana passada, a 13,25% ao ano. O colegiado sinalizou uma nova alta, igual ou menor, no próximo encontro, em agosto.
A maior parte dos economistas acredita que os juros param de subir em agosto, e permanecem em um patamar elevado até pelo menos o segundo trimestre de 2023.
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Além das pressões inflacionárias, o Banco Central lida com o risco cada vez maior para as contas públicas, com o governo lançando mão de medidas para tentar conter a alta dos combustíveis em um ano eleitoral.
Uma das medidas propostas é que o governo federal compense os Estados que tiveram queda na arrecadação de ICMS de mais de 5% em relação a 2021, e também os entes da federação que zerarem a cobrança do imposto até o fim de 2022.
Isso coloca mais pressão nos preços de 2023, que é o horizonte olhado pelo Copom, já que a zeragem do ICMS só valeria até o fim deste ano.