Impulsionado pelos combustíveis e pela alta nos preços do trigo, o IGP-M (Índice Geral de Preços ao Mercado) avançou 1,74% em março, acima do esperado pelo mercado e pouco abaixo da alta registrada em fevereiro, quando o indicador subiu 1,83%.
Analistas ouvidos pela Reuters esperavam um avanço de 1,13% no índice, que é acompanhado com atenção por refletir também os preços no atacado e por reajustar contratos de aluguel.
Com o resultado deste mês, o IGP-M já acumula alta de 5,49% no ano e de 14,77% em 12 meses.
O IPA (Índice de Preços ao Produtor Amplo), que é um dos três índices que formam o IGP-M, foi o que mais pressionou a inflação, com alta de 2,07%.
“A principal contribuição para este resultado partiu do subgrupo alimentos processados, cuja taxa passou de -0,08% para 2,49%, no mesmo período”, afirmou a FGV em material de divulgação do dado.
Já o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) teve alta de 0,86% em março. “A principal contribuição partiu do grupo transportes (0,26% em fevereiro para 1,15% em março). Nesta classe de despesa, vale citar o comportamento do item gasolina, cuja taxa passou de -0,89% em fevereiro para 1,36% em março”, informou a instituição.
Outro forte avanço no IPC foi registrado nos grupo alimentação (alta de 1,73%) e habitação (avanço de 0,75%).
O INCC (Índice Nacional de Custo da Construção) teve alta de 0,73%, também acelerando a alta em relação a fevereiro, quando havia subido 0,48%.
O que diz a FGV
“Nesta apuração, os combustíveis, cujos preços foram reajustados no dia 11/03, começaram a influenciar os resultados da inflação ao produtor e ao consumidor. O preço do diesel avançou para 8,89% ao produtor e, o da gasolina, subiu 1,36% ao consumidor. Os preços do trigo (de 1,69% para 4,90%), da farinha de trigo (de 2,68% para 6,25%) e dos pães e bolos industrializados (de 1,11% para 1,20%) também começaram a registrar aceleração no índice ao produtor”, afirmou André Braz, coordenador dos índices de preços da FGV.
Como esse indicador pode mexer com os preços?
Em meio à descrença do mercado de que o Banco Central conseguirá realizar somente mais um aumento de juros, levando a taxa a um patamar de no máximo 12,75%, o mercado destrinchará o dado para entender como os preços vêm se comportando.
Apesar de o Copom (Comitê de Política Monetária) ter indicado que vem levando em conta um cenário alternativo para os preços do petróleo, o que possibilitaria levar a inflação à meta em 2023 com apenas mais 1 ponto de alta na taxa básica (Selic), analistas ouvidos pelo BC já precificam juros de 13% no final deste ano.
O dado pode mexer com os juros futuros e com ações de empresas ligadas aos setores imobiliários e de consumo, entre outros.
Afinal, o que mede o IGP-M?
O IGP-M é usado como indexador em muitos contratos de aluguel, energia elétrica, mensalidades, alguns tipos de seguros e alguns planos de saúde. Ele é formado por três índices de preços:
- O IPA (Índice de Preços ao Produtor Amplo) mede a variação de preços dos bens por estágios de processamento (bens finais, bens intermediários e matérias-primas brutas) e por origem (produtos agropecuários e produtos industriais). Responde por 60% do IGP-M
- O IPC (Índice de Preços ao Consumidor), que é o termômetro dos preços ao consumidor em oito categorias (alimentação, habitação, vestuário, saúde e cuidados pessoais, educação, leitura e recreação, transportes, despesas diversas e comunicação). Responde por 30% do IGP-M
- INCC (Índice Nacional de Custo de Construção), formado por materiais, equipamentos e serviços e mão de obra. Responde por 10% do IGP-M