A produção industrial cresceu 0,7% em fevereiro na comparação com janeiro, compensando parte da forte queda de janeiro, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (1º) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O desempenho da indústria ainda está 2,6% abaixo do patamar pré pandemia, mas veio acima do esperado pelos analistas ouvidos pela Reuters, que previam alta de 0,3% no mês retrasado. No ano, a indústria acumula queda de 5,8% e, em 12 meses, expansão de 2,8%.
Tradicionalmente, o mês de janeiro tem redução de jornadas de trabalho e férias coletivas, movimento que é normalizado em fevereiro.
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De acordo com o IBGE, o avanço da indústria em fevereiro foi disseminado por diferentes setores, sendo observado em 16 dos 26 ramos pesquisados. As indústrias extrativas e de produtos alimentícios foram as que mais contribuíram para a alta, com crescimentos de 5,3% e de 2,4%, respectivamente.
Outros segmentos que contribuíram para o resultado positivo foram produtos farmoquímicos e farmacêuticos (+12,7%), veículos automotores, reboques e carrocerias (+3,2%) e metalurgia (+3,3%).
Entre as 10 atividades que tiveram redução da produção, coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,8%) e celulose, papel e produtos de papel (-3,4%) foram as de maior impacto, segundo os dados do IBGE.
“O resultado positivo da indústria em fevereiro se soma a outros dados que vieram melhores que o esperado recentemente, o que deve forçar revisões para cima do PIB [Produto Interno Bruto] de 2022”, avaliou Claudia Moreno, economista do C6 Bank. “Por ora, nossa previsão é de crescimento de 0,5% com viés de alta. É provável que na nossa próxima revisão essa estimativa fique próxima ou até acima de 1%”.
O que diz o IBGE
No documento de divulgação da pesquisa, o IBGE ressaltou que o setor extrativo, afetado pelas fortes chuvas em Minas Gerais em janeiro, se recuperou no mês retrasado, regularizando a produção.
“Já o setor alimentos teve seu quarto mês positivo de crescimento, acumulando no período ganho de 14%. Em fevereiro, os destaques foram a produção de açúcar e carnes e aves, dois grupamentos importantes dentro do setor de alimentos”, afirmou o gerente do levantamento, André Macedo.
O instituto de pesquisas ressaltou que, mesmo após dois anos do início da pandemia de coronavírus, o setor ainda não recuperou as perdas.
“Isso pode ser explicado pelo desarranjo das cadeias produtivas, já que as indústrias ficaram com dificuldade de acesso à matéria prima e insumos. Pelo lado da demanda doméstica, há inflação alta, juros em elevação, mercado de trabalho ainda com contingente elevado de trabalhadores fora dele e a massa de rendimento que também não avança. São características que ajudam a entender esse cenário da indústria,” afirmou Macedo.