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O que a XP (XPBR31) viu no Modal (MODL11) e como as duas vão atuar juntas; ação do banco dispara 46%

De forma conjunta, XP e Modal somam 3,8 milhões de clientes e receita de R$ 11,8 bilhões nos últimos 12 meses

Foto: Divulgação

Os meandros da Faria Lima iniciaram 2022 de forma agitada. Na primeira semana do ano, a XP (XPBR31) anunciou duas aquisições que complementam seu ecossistema que propõe uma ampla variedade de soluções tecnológicas e propõe uma maior disrupção do mercado financeiro brasileiro. 

Na última terça-feira (4), a XP anunciou a compra de uma fatia minoritária relevante no Grupo Suno, controlador da Suno Research, Suno Asset e Status Invest. 

A aquisição, que responde à compra da Empiricus – concorrente direta da Suno – pelo BTG Pactual (BPAC11) no ano passado, deve acelerar os investimentos em tecnologia na casa de análise.

Agora, a corretora fundada por Guilherme Benchimol foi mais longe. A XP está comprando 100% do Banco Modal (MODL11), dono da plataforma modalmais. 

O negócio foi fechado com a transferência de 19,5 milhões novas ações Classe A da XP, prêmio de 35% sobre o preço médio dos últimos 30 dias de negociação das units MODL11. Por volta das 12h desta sexta-feira (7), os papéis do banco disparavam 46%, para R$ 12,23. A ação da XP negociada em Nova York subia 5,2%, a US$ 28,50.

A operação avalia o Modal em cerca de R$ 3 bilhões, sendo que até ontem a empresa possuía um market cap de R$ 1,9 bilhão, ao fechar em sua mínima histórica. O Credit Suisse, que detém uma fatia de 16% no Modal, deve apoiar a transação. 

O mercado entendeu a aquisição como um bom negócio, fechado a preços atrativos. O montante a ser pago pela XP é cerca de metade do valor de mercado do Modal quando o banco estreou na Bolsa, em abril de 2021. Os papéis caíram 55% desde o IPO. 

Fonte: TradeMap
Fonte: TradeMap

O que a XP viu no Modal

O que antes era uma briga por escritórios de agentes autônomos com o BTG, agora a XP tornou-se uma consolidadora do mercado. Ela e o banco Modal, juntos, possuíam 3,8 milhões de clientes ao final do terceiro trimestre do ano passado.

Esse número é 120 vezes menor que o total de usuários dos cinco maiores bancos do Brasil. Mesmo que o número de 457 milhões de clientes totais dos bancões tenha contas duplicadas, mostra ainda a alta concentração do mercado.

As sinergias enxergadas pela XP vão desde o serviço de banking, iniciado recentemente na empresa de Benchimol, onde o Modal já opera há mais de duas décadas. 

Além disso, no que se refere ao público de varejo, ainda subpenetrado no espectro nacional, o modalmais entrará no grupo de Clear e Rico e surfará as plataformas tecnológicas da XP. 

Juntas, as empresas combinam uma receita de R$ 11,8 bilhões nos últimos 12 meses. A atuação direta, mesmo que parcial, em alguns setores deve trazer sinergias operacionais. 

Saiba mais:
BB Investimentos inicia cobertura das ações da XP

A compra do Modal foi possibilitada pela cisão da participação do Itaú na XP. O Banco Central (BC), quando aprovou a compra de 49,9% da corretora pelo bancão em 2018, determinou que a XP poderia adquirir outras corretoras somente a partir de 2026. 

A saída do Itaú na XP abriu caminho para que a corretora abocanhasse mais um player do mercado, aumentando seu tamanho e competição ante as grandes instituições do País. 

A proposta da XP é pela incorporação total do Modal. Mas, caso os acionistas do banco não aprovem a operação, a XP acabará levando a participação dos controladores, que equivalem a 55,7% do capital social da empresa.Os minoritários terão direito de retirada. 

Mercado mais difícil facilita junção entre agentes

Nos últimos meses, porém, nem tudo tem sido um mar de rosas para a XP, ao menos em Bolsa. Ontem, as ações negociadas na Nasdaq fecharam em seu menor patamar desde maio de 2020. 

Atualmente, as ações estão no mesmo patamar da precificação do IPO, realizado em dezembro de 2019, na casa dos US$ 27. A maior diferença é que agora a empresa lucra o triplo daquela época. 

Das duas, uma: hoje os investidores podem comprar uma companhia maior e melhor, que visa se tornar a maior empresa do setor financeiro da América Latina até 2025, por menos; ou a preocupação com o funding mais caro e um mercado mais instável é latente. 

O negócio certamente intensificará a discussão sobre a junção entre fintechs e grandes corretoras, montando verdadeiros conglomerados ligados ao setor financeiro em meio ao enxugamento da liquidez mundial — o que pressiona os valuations mundo afora. 

Casas de análise entram na conversa

Outro ponto que passa a integrar as discussões com o negócio é o destino das casas de análise no Brasil. 

Hoje a maioria faz parte de algum dos lados da Faria Lima. A XP, que já tinha a Spiti e uma fatia minoritária na Levante, comprou uma participação no Grupo Suno e agora leva a Eleven, que é controlada pelo Modal. 

O BTG comprou a Empiricus no ano passado, por R$ 690 milhões mais earn out, que pode avaliar a casa com 450 mil assinantes em mais de R$ 2 bilhões. Fica de fora a Nord, fundada por ex-funcionários da Empiricus. 

Como o próprio release da XP diz, um dos motrizes para o negócio com o Modal são as relevantes e numerosas sinergias com uso de dados.

A atuação B2C traz detalhes sobre milhões de carteiras, tendências de procura por investimentos e milhares de processos de suitability afinados. A escala no uso das plataformas das corretoras pode alavancar esses negócios.

As casas de análise estão no dia a dia do varejo, mais próximas dos clientes pessoa física, e por mais que tenham tíquete menor em relação ao B2B, representam uma massa ainda pouco explorada. 

Porém, a dúvida que fica se refere à independência das operações, que é o cerne do valor dessas empresas e suas respectivas análises. 

O potencial conflito de interesses é uma pulga atrás da orelha dos clientes e, em função do apelo do público e aquecimento do mercado, não é difícil que entre no crivo da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) com mais afinco. 

De acordo com dados compilados pelo Refinitiv, apresentados na plataforma do TradeMap, o Banco Modal é acompanhado por quatro analistas. São duas recomendações de compra e duas indicações de manutenção das ações.

A XP, por sua vez, é acompanhada por 11 especialistas. Seis recomendam a compra dos papéis neste patamar, ao passo que cinco acham que é melhor esperar. O preço-alvo mediano aponta para US$ 47,36, upside de 72%. 

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