Logo-Agência-TradeMap
Logo-Agência-TradeMap

Categorias:

Taesa (TAEE11) aposta em crescimento e competitividade para gerar valor a longo prazo; veja análise

A empresa demonstrou interesse em leilões e concessões a serem realizados neste ano, além do mercado secundário

Foto: Shutterstock

A Taesa (TAEE11) não decepcionou em mais uma temporada de balanços. Apesar de no quarto trimestre de 2021 ter mostrado um recuo no lucro líquido pelas normas IFRS, a companhia diminuiu sua alavancagem e manteve-se forte na remuneração a acionistas.

O lucro líquido consolidado da Taesa somou R$ 423,1 milhões entre outubro e dezembro do ano passado, e R$ 2,21 bilhões no acumulado de 2021, quedas de 43,6% e 2,2% nos respectivos períodos anteriores.  

No relatório apresentado ao mercado, a empresa disse que o aumento das despesas financeiras líquidas e a desaceleração do IGP-M (Índice Geral de Preços-Mercado), que corrige suas receitas, afetaram o resultado líquido da empresa. 

O IFRS é um padrão contábil que equaliza os dados financeiros ao longo do tempo. Ele suaviza a volatilidade das receitas no padrão regulatório, também apresentado, que leva em consideração os leilões e as licitações em que a empresa participa.

Ele também é utilizado como balizador para o pagamento de dividendos pela empresa, enquanto o padrão regulatório reflete a geração de caixa operacional e o desempenho operacional e financeiro da empresa.

Em ambos os casos, a Taesa reportou números alinhados com a expectativa do mercado para o quarto trimestre do ano passado. 

O Ebitda IFRS atingiu R$ 548,5 milhões no último trimestre do ano, queda de 34,3% na comparação com o mesmo período de 2020. No acumulado de 2021, porém, a alta foi de 12,6%, para R$ 2,67 bilhões. 

No padrão regulatório, o Ebitda cresceu expressivos 55,8% na comparação entre o quarto trimestre de 2021 e de 2020, chegando a R$ 447 milhões. No ano, o avanço foi de 22,8%, para R$ 1,51 bilhão. 

De acordo com o CFO da Taesa, Erik da Costa Breyer, em teleconferência na manhã desta sexta-feira (18), a companhia quer continuar crescendo, aliando competitividade e responsabilidade financeira, maximizando o valor para os acionistas.

A empresa demonstrou interesse e ficará atenta aos leilões e concessões a serem realizados neste ano – ou até em aquisições no mercado secundário. 

Ainda assim, a alavancagem financeira da empresa, que hora ou outra entra no radar de preocupações do mercado, não preocupa a diretoria da Taesa.

Não há nível ótimo de alavancagem

A Taesa não divulga aos investidores suas projeções sobre a alavancagem da operação. A relação entre dívida líquida e Ebitda está consistentemente acima do considerado prudencial pelo mercado, de três vezes. 

Mas, o caso da companhia é um tanto quanto diferente. O segmento de transmissão de energia tem receitas altamente previsíveis, ao mesmo tempo que demanda massivos investimentos em concessões.

Histórico da alavancagem financeira da Taesa

Fonte: TradeMap
Fonte: TradeMap

Isso abre possibilidade à Taesa de estar mais ou menos alavancada, a depender de seu estágio de investimentos, e mesmo assim não comprometer a sustentabilidade do negócio, uma vez que o endividamento é saudável e todo o faturamento está contratado.

A companhia encerrou 2021 com uma dívida líquida de R$ 8,02 bilhões, alta de 6,22% em relação ao reportado no terceiro trimestre. Mesmo assim, a alavancagem ficou em 4,2 vezes, queda de 0,01 ponto percentual na mesma base comparativa. 

Além disso, o custo da dívida real (ou seja, acima da inflação) é de apenas 4,77%, com prazo médio da dívida de 5,1 anos. 

O CFO da Taesa disse que o nível de alavancagem não preocupa e que irá variar conforme a empresa entender que pode gerar valor aos investidores. 

Dividendos: o chamariz da Taesa

A Taesa também anunciou a distribuição de R$ 800,3 milhões em dividendos, equivalente a R$ 2,32 por unit. A proposta ainda será submetida à Assembleia, mas confere mais um recorde à empresa.

Em 2021, foram pagos R$ 1,6 bilhão em proventos, um número 40% maior que o registrado em 2020. O dividend yield ficou em 12,4% para quem adquiriu as ações da Taesa no primeiro dia do ano. 

Mais uma vez, a empresa não decepcionou os investidores que procuram renda passiva na Bolsa de Valores. Essa é a maior distribuição de dividendos adicionais na história da empresa. Será pago até o dia 31 de dezembro, sendo que a data ex-dividendos é no dia 10 de maio.

É possível que tal ritmo de pagamento seja desacelerado e que esse patamar de remuneração não seja mantido ao longo dos próximos trimestres, dado que os índices de inflação tendem a arrefecer, mas ainda assim é uma sinalização altamente positiva. 

Perenidade do setor não condiz com preço

A Taesa tem mostrado assertividade em gerar valor aos acionistas dentro de sua proposta. 

Isto é, de ampliação da atuação por meio de concessões, enquanto persegue eficiência na redução de Capex (despesas em bens de capital para a manutenção das operações) e procura acelerar a entrada em funcionamento de novas linhas. 

Além disso, as condições macroeconômicas conjunturais, preocupantes para o restante do mercado, são positivas para a empresa. A inflação e o aumento do CDI elevam as receitas e, também, as despesas financeiras e endividamento. Porém, a companhia acredita que o ganho é maior que a perda.

“Somos um investimento defensivo frente à inflação. O VPL (Valor Presente Líquido) é mais do que positivo”, afirma Breyer, CFO da empresa. “Para o país, a inflação é ruim, mas ela beneficia nosso fluxo de caixa.”

Mas, tudo se trata de preço. Alguns investidores ainda se preocupam com o nível de endividamento da empresa e suspeitam que seus dividendos não permanecerão em patamares atrativos, além de que seus múltiplos estão acima da média histórica.

Dos nove analistas consultados pelo Refinitiv, em dados apresentados na plataforma do TradeMap, quatro indicam a manutenção das ações da empresa, ao passo que cinco recomendam a venda dos papéis.

O preço-alvo mediano é de R$ 35, o que confere um downside às ações.

Por ora, a boa sinalização da direção da companhia e a promessa de mais um pagamento cavalar de dividendos sustenta a empresa. Por volta das 13h50, as units da Taesa subiam 1,77%, para R$ 38,02.

Compartilhe:

Leia também:

Mais lidas da semana

Uma newsletter quinzenal e gratuita que te atualiza em 5 minutos sobre as principais notícias do mercado financeiro.