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Magazine Luiza (MGLU3) deixa lucro e volta atenções para margens; veja análise

Varejista saiu do azul para um prejuízo ajustado de R$ 98,8 milhões entre janeiro e março deste ano

Foto: Shutterstock

O aumento do custo de capital no Brasil não é segredo para ninguém. As despesas financeiras das companhias no país têm pressionado o resultado líquido de integrantes de todos os setores. Não foi diferente com o Magazine Luiza (MGLU3), que teve prejuízo no primeiro trimestre deste ano. 

A varejista saiu do azul no primeiro trimestre de 2021 para um prejuízo ajustado de R$ 98,8 milhões entre janeiro e março deste ano.

As despesas financeiras saltaram 254,6% em 12 meses, para R$ 558,5 milhões. O resultado financeiro líquido, com isso, foi negativo em R$ 422,1 milhões, apagando parte do bom resultado do crescimento das vendas.

A empresa reconhece que a conjuntura desafiadora em termos econômicos veio para ficar, com contração monetária e menos renda disponível. 

O CEO do Magalu, Frederico Trajano, inclusive, disse na teleconferência de resultados, na manhã desta terça-feira (17), que a taxa de juros nominal no Brasil tão baixa quanto os outrora 2% dificilmente será vista no curto e médio prazo.

Dessa forma, a empresa foca em pensar em como retomar suas margens de forma saudável, voltando às médias históricas – deixando de lado a ideia de crescer a qualquer preço. 

A geração de valor virá do crescimento do market share e penetração cada vez maior do 3P (marketplace), rentabilizando a operação mesmo praticando os melhores preços do mercado.

A margem com a venda de mercadorias melhorará, segundo a empresa, com o gradativo repasse de preços – nada mais do que acompanhando a inflação – e cobrança de juros nas vendas a prazo. 

Foto do trimestre

Consolidado (em R$ milhões) 1T22 1T21 %
Vendas totais (físico, 1P e 3P) 14.124 12.473 13,2%
Receita líquida 8.762 8.253 6,2%
Lucro bruto 2.431,80 2.070,10 17,5%
Margem bruta 27,8% 25,1% 2,7 pp
Ebitda ajustado 434,2 427,2 1,7%
Margem Ebitda 5% 5,2% -0,2 pp
Lucro líquido ajustado -98,8 81,5
Margem líquida -1,1% 1%
Vendas em mesmas lojas -2,8% 0,5%
Vendas e-commerce total 16,2% 114,4%
E-commerce total em vendas totais 72,1% 70,3% 1,8 pp

A margem operacional, traduzida pela margem bruta, teve forte recuperação. O mercado esperava uma compressão da eficiência da empresa, que mostrou resiliência e solidificou a margem, mostrando que conseguiu monetizar melhor sua atividade de marketplace.

Outro destaque negativo no trimestre foi a estrutura de capital, que mostrou forte consumo de caixa. 

Entre o primeiro trimestre de 2021 e o mesmo período deste ano, os empréstimos e financiamentos da empresa dispararam 318,7%, para R$ 6,91 bilhões. Embora a maior parte dos compromissos não seja circulante, ou seja, tem prazo de pagamento maior que 12 meses, a geração de caixa não acompanhou. 

Na mesma base comparativa, a linha de caixas e aplicações financeiras subiu 43,7%, para R$ 1,91 bilhão. O caixa líquido, com isso, saiu de R$ 284,5 milhões negativos para R$ 4,91 bilhões no vermelho.

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Mesmo considerando as contas a receber de cartões de crédito de terceiros e Luizacred, o caixa líquido ajustado caiu 62,6%, para R$ 1,57 bilhão. 

Com a venda de R$ 1 bilhão em estoques e os efeitos sazonais de aumento do capital de giro no primeiro trimestre deixados para trás, o Magalu deve apresentar gradativa geração de caixa ao longo dos próximos trimestres.

Magazine Luiza quer defender território

Durante teleconferência, Trajano fez questão de ressaltar que o resultado do Magazine Luiza no primeiro trimestre foi o melhor da indústria pelo segundo primeiro trimestre consecutivo, repetindo o ano passado.

Neste período especificamente, o setor varejista sente o impacto negativo da desaceleração da venda de bens duráveis, sobretudo por conta da interrupção da cadeia de suprimentos e lockdowns na China.

Neste segmento, o Magalu é líder e entende que deverá proteger seu mercado no decorrer dos próximos meses. “O momento é desafiador para bens duráveis, mas quando volta, volta forte”, afirmou o CEO. 

Outro desafio da companhia é digitalizar o varejo físico, mesclando as duas propostas de valor, para destravar as vendas em ambos os canais. O Magalu tem 15% do mercado de e-commerce no Brasil. 

Em Luizacred, o resultado líquido também foi pressionado pela conjuntura complicada da economia brasileira. Embora o TPV (volume total de pagamentos, na sigla em inglês) tenha saltado 50% em 12 meses, para R$ 12,3 bilhões, a empresa teve prejuízo líquido de R$ 27 milhões (em IFRS).

Isso porque o nível de provisionamento tem aumentado, de acordo com a empresa. Por mais que o índice de inadimplência esteja abaixo da média histórica, avança em alta velocidade e está 1,6 pp acima do primeiro trimestre de 2021, em 6,6% (em calotes acima de 90 dias).

Neste contexto, para a maior parte dos analistas que acompanham a empresa, o Magalu já caiu mais do que deveria.

De acordo com dados compilados pela Refinitiv, apresentados na plataforma do TradeMap, dez dos 15 especialistas que têm indicações sobre a varejista recomendam compra. Os demais indicam manutenção das ações.

O preço-alvo mediano da empresa é de R$ 12, upside de 179% sobre a cotação atual. Por volta das 12h30, as ações do Magazine Luiza caíam 4,72% na B3, para R$ 4,26. A empresa vale R$ 29,2 bilhões.

Fonte: TradeMap
Fonte: TradeMap

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