De IRB Brasil (IRBR3) a Aeris (AERI3): as principais baixas das small caps em 2022

A despeito do arrefecimento da inflação e do salto de melhora das expectativas para a economia local, a Bolsa brasileira andou praticamente de lado ao longo de 2022. Na média, as grandes empresas absorveram o impacto da volatilidade estrangeira. As small caps, contudo, tiveram um cenário diferente.

Em razão da pouca liquidez, mercados enxutos e preços inadequados, as companhias de baixa capitalização de mercado sofreram com o fim do dinheiro fácil e barato mundo afora. Quando o custo de oportunidade era baixo, investir em small caps era favorável, mas ao longo do processo de contração monetária essas ações foram sofrendo.

O mercado demonstrou às companhias com precificação duvidosa durante o IPO (oferta pública inicial de ações) no Brasil que preço importa, e que a correção do valor esperado no futuro implica a diminuição dos múltiplos no presente. 

Confira quais foram os destaques negativos de 2023 entre as empresas integrantes do índice SMLL, de acordo com um levantamento do TradeMap feito com base em dados até o dia 19 de dezembro.

Maiores baixas das small caps

• IRB Brasil: -80,8%
• Recrusul: -84%
• Infracommerce: -84,6%
• Espaçolaser: -84,7%
• Aeris: -84,9%

IRB Brasil

O famoso ressegurador do mercado teve mais um ano de forte baixa, impulsionado pela volatilidade em seus resultados e instabilidade na governança. A ação do IRB Brasil (IRBR3) caiu mais de 80% no período do levantamento do TradeMap.

Em novembro, o CEO Raphael de Carvalho renunciou ao cargo após cinco trimestres na direção da empresa, dos quais quatro com prejuízo. A companhia tem passado por run-offs das operações não essenciais, mas, mesmo assim, os contratos antigos têm machucado o balanço.

No terceiro trimestre, a empresa teve um prejuízo de R$ 298,7 milhões, 91,8% acima do registrado no mesmo período de 2021. 

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Os prejuízos, inclusive, levaram a empresa a chamar capital em agosto deste ano, com 50% de desconto sobre o preço das ações. A companhia precisou se adequar à suficiência do Patrimônio Líquido Ajustado, determinado pela Susep, e emitiu as ações com maior destruição de valor.

Desde a máxima histórica, atingida há quase dois anos, as ações do IRB caem 97%. Hoje entre as small caps, a empresa já foi de grande porte. 

Recrusul

A Recrusul (RCSL3) é a menor posição da atual carteira teórica do índice SMLL, equivalente a apenas 0,003%na carteira teórica entre setembro e dezembro deste ano . Na 133ª posição, a empresa tem liquidez quase irrelevante, de apenas R$ 242 mil nos últimos 30 dias.

Mesmo assim, os investidores viram as ações da Recrusul cair 84% ao longo deste ano, com os resultados financeiros decepcionando. 

Entre janeiro e setembro, a companhia acumulou prejuízo de R$ 2,03 milhões, enquanto a receita bruta cresceu 24,2%, para R$ 56,7 milhões.

Fundada em 1937, a Recrusul opera com implementos rodoviários, oferecendo soluções em transporte. Desde 2019, a empresa tem voltado seus esforços para o segmento do agronegócio, tornando-se mais uma montadora de produtos do que uma fabricante propriamente dita. 

Infracommerce

A Infracommerce (IFCM3) é uma das companhias que chegou ao mercado com uma proposta de crescimento nos últimos dois anos, mas que a trajetória operacional não tem trazido os resultados que o mercado gostaria.

Ainda longe de reportar resultados líquidos positivos de forma consistente, a empresa tem focado em elevar sua operação de forma inorgânica com a continuidade das aquisições, mesmo em um cenário incerto do mercado.

Em live recente realizada junto ao TradeMap, a empresa demonstrou que ainda está otimista com o comércio eletrônico no Brasil, mas ainda não tem prazo para que a operação e as integrações com novas empresas deem lucro. 

A expectativa dos executivos é de que 2023 apresente uma melhora significativa em termos de geração de caixa, lucratividade e ganho de margens. 

Espaçolaser

A segunda maior desvalorização no ano partiu da Espaçolaser (ESPA3), com baixa de 84,7%. No terceiro trimestre, a empresa teve um prejuízo líquido ajustado de R$ 16,93 milhões.

O mercado avalia que a precificação do IPO da Espaçolaser foi esticada e agora corrige os múltiplos da companhia com o decorrer dos resultados a dinâmica de mercado se desenrola.

Em agosto deste ano, a empresa anunciou um aumento de capital com desconto nas ações, o que desagradou os investidores – que abasteceram o caixa da companhia em fevereiro de 2021.

Desde a realização do IPO, a companhia já perdeu mais de 93% de seu valor. Por estar exposta a atividade de serviços e movimentação econômica, o cenário não é positivo para 2023, e os investidores se anteciparam na precificação dos ativos. 

Aeris: a pior das small caps em 2022

Pintada como uma das small caps com maior potencial dada a mudança na matriz energética brasileira e global, a Aeris (AERI3) realizou seu IPO no fim de 2020.

De um lado, a empresa é especialista na fabricação de pás eólicas; do outro, foca em serviços, com a Aeris Service, que opera no Brasil e nos Estados Unidos. Estrategicamente, a companhia fica na região que concentra mais da metade do potencial eólico brasileiro, em Pécem (CE).

Os resultados operacionais, todavia, têm decepcionado. No terceiro trimestre deste ano, a empresa apresentou resultados fracos, abaixo do que o mercado esperava. Os números entre julho e setembro foram prejudicados pela queda nas entregas de pás e pela precificação dos contratos em dólar.

O prejuízo líquido foi de R$ 26 milhões, revertendo o lucro de R$ 9 milhões no mesmo trimestre do ano passado. 

Com um dólar mais fraco no quarto trimestre em comparação aos três meses anterior, a empresa deve ter um quarto trimestre de resultados pressionados, o que justifica o desânimo dos investidores estampado na cotação das ações. 

No índice de small caps da B3, a Aeris representa 0,090%.