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Eve, da Embraer (EMBR3), voará em NY e quer liderar mercado de US$ 760 bilhões; ações decolam

A receita da Eve em 2030 é estimada em US$ 4,5 bilhões, com 15% do market share global

Foto: Reprodução Facebook

O mercado de mobilidade aérea acordou em polvorosa nesta terça-feira, dia 21 de dezembro. A Embraer (EMBR3) decidiu levar a Eve, sua fabricante de carros voadores, para a Bolsa de Valores de Nova York (Nyse) através da combinação de negócios com uma empresa americana. 

A operação que dá “vida própria” ao segmento mais promissor da companhia agradou o mercado. Por volta das 13h25, as ações da Embraer subiam 17,13% na B3, para R$ 23,33. Essa é a terceira maior alta no intraday da história da empresa, sendo a mais ampla desde junho de 2020. 

Nos últimos 12 meses, as ações da Embraer já avançaram 121% e são, de longe, os destaques do Ibovespa em 2021. Nem o vaivém da pandemia mundo afora abalou a confiança dos investidores, mesmo que isso pudesse significar a desaceleração por pedidos.

Comparação entre as ações EMBR3 (verde) e o Ibovespa (amarelo) nos últimos 12 meses

Fonte: TradeMap
Fonte: TradeMap

O negócio anunciado nesta manhã já foi aprovado, por unanimidade, pelo conselho da empresa, e agora passará pelo crivo dos acionistas. 

O fato é que, agora, o mercado precificará a geração de valor de uma vertente da Embraer que pode contribuir com a mudança de curso da mobilidade como o mundo conhece.

Embraer e SPAC dão asas a negócio

O mercado de mobilidade aérea urbana, onde a Eve atua, gira em torno de US$ 760 bilhões, segundo a Embraer. Para surfar a tendência, a fabricante brasileira procurou uma parceria no mercado de capitais americano.

A operação consiste na combinação de negócios da Zanite Acquisition, listada na Nasdaq em novembro de 2020, que é uma empresa com propósito específico para aquisições (SPAC, na sigla em inglês).

SPAC é um modelo de negócio que tornou-se popular nos Estados Unidos nos últimos anos. Também é chamado de “IPO do cheque em branco”, pois consiste na abertura de capital de uma empresa considerada “casca”, que tem o propósito de adquirir outras companhias, mas ainda sem nomes definidos. 

No mercado americano, já são mais de 300 SPACs listadas e mais de US$ 100 bilhões levantados, um avanço de cerca de cinco vezes em relação ao reportado em 2019. 

Saiba mais: Embraer fecha parceria para fornecer eVTOLs para a Austrália

No caso da Zanite, o foco está centrado no setor de aviação. A operação prevê um aporte de US$ 237 milhões da empresa americana e um outro investimento de US$ 175 milhões, que viria de outros acionistas, incluindo a Embraer.

Com isso, a Zanite mudará de nome para Eve Holding, e será listada na Nyse com o ticker “EVEX”, provavelmente no segundo trimestre de 2022. A Embraer, por meio da subsidiária Embraer Aircraft Holding (EAH), ficará com 82% da nova empresa.

O que isso significa para a fabricante

O negócio atribui um valor implícito de US$ 2,4 bilhões à Eve, de acordo com o comunicado apresentado ao mercado. Esse montante é 20% maior que o estimado pela Bloomberg, quando a empresa foi estabelecida como independente, em outubro de 2020. 

A companhia é amparada por uma rede de parceiros operadores de frotas, parceiros de transporte compartilhado, fornecedores de vertiportos, locadores de aeronaves, líderes nos setores de defesa e tecnologia, entre outros.

Atualmente, essa rede já trouxe à Eve uma carta de intenções não vinculantes de 1.735 veículos, perfazendo o montante de US$ 5,2 bilhões. 

A companhia futurística é o primeiro fruto da EmbraerX, aceleradora do mercado de aviação, criada em 2017 pela fabricante. 

O conceito de geração de valor da empresa é a solução de Urban  Air  Mobility (UAM) abrangente e eficiente em termos de capital investido. A operação da empresa inclui o projeto e produção de veículo elétrico de decolagem e pouso vertical (eVTOL, em inglês). 

Estima-se que ao fim da operação, a Eve terá US$ 512 milhões em dinheiro. Os recursos devem ser utilizados para financiar as operações, apoiar o crescimento da empresa e para fins administrativos.

Em entrevista recente, o CEO da Embraer, Francisco Gomes Neto, estimou a receita da Eve em 2030 na casa dos US$ 4,5 bilhões, com 15% do market share global. 

A fins comparativos, analistas ouvidos pelo Refinitiv estimam que a receita total da Embraer em 2022 será de R$ 28,9 bilhões. No câmbio atual, a projeção do faturamento da Eve, em 2030, é de R$ 25,85 bilhões. 

Histórico da receita líquida da Embraer, no acumulado de 12 meses

Fonte: TradeMap
Fonte: TradeMap

Na plataforma do TradeMap, o Refinitiv compila quatro recomendações para as ações da Embraer. São três de compra e uma de manutenção das ações. O preço-alvo mais otimista aponta para R$ 40, potencial de valorização de 70%. A mediana das análises, contudo, aponta um alvo de R$ 25,07. 

Mesmo com a perspectiva de retomada dos pedidos, com a demanda reprimida dos últimos dois anos, ajudando a alavancar as ações da Embraer, os negócios com mobilidade urbana são o filé mignon da empresa. 

Com a listagem apartada, o mercado pode enxergar de forma mais clara o desenvolvimento do negócio que é tão promissor e, com isso, identificar a geração de valor por meio da participação da Embraer na nova Eve. 

Segundo os envolvidos no negócio, a subsidiária da Embraer está muito bem posicionada para desenvolver, certificar  e comercializar suas soluções em escala global. Nada melhor do que estar próximo ao maior mercado de capitais do planeta para trazer a visibilidade necessária para tal.

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