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Arezzo (ARZZ3) quer encher o bolso para voltar às compras. Mas as aquisições já feitas deram resultado?

A oferta de ações – a primeira desde o IPO em 2011 – vem para solidificar o viés inorgânico da empresa

Foto: Divulgação

Prevendo uma avenida de crescimento à frente, a Arezzo (ARZZ3) fará uma oferta subsequente de ações (follow-on) que pode levantar até R$ 830 milhões. O grupo quer aproveitar o bom momento do mercado brasileiro após a forte pressão sofrida pelo varejo.

A empresa de Alexandre Birman viu suas ações caírem mais de 30% desde a máxima histórica, entre julho de 2021 e janeiro deste ano. No acumulado de 2022, porém, os papéis da Arezzo sobem cerca de 13%.

A oferta restrita, baseada na Instrução 476 da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), consiste na distribuição de ao menos 7,5 milhões de ações a investidores qualificados. A depender da demanda no bookbuilding (etapa de precificação da oferta), a operação pode incluir a venda de mais 35% da oferta inicial, ou 2,62 milhões de papéis. 

Os resultados do quarto trimestre do ano passado, que serão divulgados em março, devem mostrar números fortes, com o avanço em todos os negócios do grupo. A companhia, contudo, escolheu antecipar a pedida ao mercado e aproveitar a janela de oportunidade.

A oferta subsequente – a primeira desde o IPO em 2011 – vem para solidificar o viés inorgânico da Arezzo. Entre as destinações citadas estão fusões e aquisições, investimentos em tecnologia, centro de distribuição, abertura de lojas e abastecimento das marcas.

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No dia 2 de fevereiro, encerra-se o período de subscrição prioritária, com a precificação das ações ocorrendo no dia seguinte. O início da negociação dos novos papéis será no dia 7 de fevereiro. 

A operação, anunciada na manhã desta quinta-feira (27), é coordenada por Itaú BBA, BTG Pactual, Bank of America, XP e Santander. 

Histórico de M&As

Embora as possibilidades de sinergias saltem aos olhos do mercado, é consensual que a execução é um dos principais fatores para que o crescimento inorgânico aconteça, independentemente do setor de atuação.

Especificamente no varejo, onde as margens são baixas e o modelo produtivo possui poucas vantagens competitivas, a marca vale muito. Nos últimos anos a Arezzo, historicamente conhecida pela sua frente de calçados e bolsas femininas, tem se tornado uma verdadeira “casa de marcas”.

As últimas aquisições relevantes foram:

  • 10/2019 – Vans Brasil
  • 10/2020 – Reserva
  • 06/2021 – Baw Clothing
  • 07/2021 – Myshoes
  • 11/2021 – Carol Bassi

Com apostas diversas que vão desde marcas voltadas para roupas femininas – onde a companhia não estava até o ano passado – até calçados para o público de classes B e C, a Arezzo sempre procura um fator preponderante: o engajamento.

Os sapatos e bolsas da Myshoes possuem alta capilaridade no público com menor renda, diferenciado-se de marcas como Reserva e Anacapri. Para difundir a marca, Birman trouxe a cantora Simaria e fechou um acordo com o Mercado Livre para a comercialização dos produtos.

No caso da BAW Clothing, suas roupas são figurinha repetida entre o público mais jovem e alguns influencers com milhões de seguidores nas redes sociais. 

Em termos de receita, ainda há um grande espaço a ser percorrido e um oceano azul para que essas marcas tragam volume. No terceiro trimestre de 2021, dos R$ 953,60 milhões de faturamento bruto do grupo, um terço veio da Arezzo, enquanto 43% foi dividido entre AR&Co e Schutz.

Crescimento ininterrupto da receita líquida da Arezzo

Fonte: TradeMap
Fonte: TradeMap

Com o bolso cheio a partir do mês que vem, é natural que a Arezzo volte às compras. Segundo o jornal Valor Econômico, Alexandre Birman está interessado em Grupo Soma (SOMA3), Lojas Renner (LREN3) e Centauro (SBFG3). 

A Arezzo teria interesse na aquisição do Soma — inclusive em levar a Hering junto –, mas desmentiu os rumores do mercado. No caso da Lojas Renner, a operação deve ser um pouco mais complicada. O valor máximo a ser levado no follow-on equivale a 2,9% do market cap da Lojas Renner.

Mesmo que o capital a ser levantado signifique a venda de equity, ajudará a Arezzo a manter as contas em dia e, ainda assim, seguir compradora. 

No fim do terceiro trimestre, a posição de caixa da companhia era de R$ 297,2 milhões, montante 47,5% menor do que um ano antes, com impacto da aquisição da Baw. 

Da dívida total, mais da metade vencerá no longo prazo, após o perfil do endividamento ser alterado com a captação de linhas de crédito durante a pandemia. 

Com isso, a Arezzo, que costumava girar com caixa líquido, agora possui uma dívida líquida de R$ 271,05 milhões, o que é amplamente contornável. A alavancagem financeira, dada pela relação entre dívida líquida e Ebitda, está em em um nível confortável de 0,5 vez. 

Quadro do endividamento da Arezzo se inverteu nos últimos anos

Fonte: TradeMap
Fonte: TradeMap

Consistentemente a empresa tem superado as expectativas de crescimento, ampliando seu mercado endereçável – tudo isso com alto retorno sobre capital investido, na casa dos 20%. A direção tem um largo voto de confiança para dar mais um cheque gordo nos próximos meses. 

O que o mercado enxerga na Arezzo

De acordo com os dados compilados pelo Refinitiv, apresentados na plataforma do TradeMap, 13 analistas acompanham a Arezzo. Desses, 12 recomendam a compra das ações, sendo que apenas um indica a manutenção da posição acionária. 

O preço-alvo mediano aponta para R$ 105, um upside de 30%. Mesmo a previsão mais pessimista, de R$ 91, mostra que as ações estão sendo negociadas abaixo do seu valor justo.

A empresa está negociando a um múltiplo preço/lucro estimado de 29 vezes para o ano de 2022, sendo que a média dos últimos 36 meses foi de 87 vezes.

Dado que a empresa tem aumentado seu lucro em 26% ao ano (últimos três anos) e o Ebitda em 32% ao ano (últimos três anos), as ações parecem estar convidativas.

Por volta das 11h15 desta quinta, as ações da Arezzo caíam 1,58%, para R$ 80,60. A empresa vale R$ 8,04 bilhões na B3.

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