Bolsa recua após pacote de Haddad e com bolsas dos EUA em baixa; Americanas (AMER3) dispara

O Ibovespa, principal índice da B3, opera em baixa nesta sexta-feira (13), com o mercado repercutindo o pacote anunciado pelo ministro da Fazenda na véspera e acompanhando o movimento das bolsas internacionais, que também recuam. 

O ministro Fernando Haddad anunciou na quinta-feira (12) medidas para aumentar a arrecadação e algumas iniciativas para diminuir despesas. A estimativa é que elas, juntamente com uma revisão para cima na projeção de receita do governo, permitam um superávit primário de R$ 11,13 bilhões neste ano – ou seja, o contrário do que estava previsto no Orçamento, que era um déficit de R$ 231,5 bilhões.

Ficar no azul, no entanto, só seria possível se todas as propostas anunciadas fossem adotadas e tivessem o efeito esperado, ressaltou o ministro. O governo, portanto, vai buscar um objetivo mais realista, de déficit primário entre 0,5% e 1,0% do PIB neste ano, disse o ministro.

O mercado, porém, ainda aguarda mais medidas prevendo cortes nas despesas, e ressalta que é difícil medir a adesão e a eficácia de um dos programas anunciados ontem para aumentar a arrecadação, o Litígio Zero.

Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos, destaca que a perspectiva de uma folga nas contas públicas foi bem recebida pelos investidores, mas que há receios com o pacote focar mais em novas receitas do que na diminuição de despesas do governo.

“O mercado fica cético se efetivamente o governo vai conseguir gerar esse adicional de receita e também desconfortável ao ver que não tem uma projeção ou medida para diminuir despesas”, avalia.

Dentre as ações do Ibovespa, Qualicorp (QUAL3) liderava as baixas com um recuo de 4,83%. Na sequência, Hapvida (HAPV3) perdia 3,74% e Energisa (ENGI11) apontava em 3,26% para baixo.

Por volta das 13h, o Ibovespa recuava 0,80%, e operava aos 110.952 pontos. Ainda entre as principais baixas, a Eztec (EZTC3) perdia 3,34% após divulgar sua prévia operacional do quarto trimestre de 2022.

A construtora teve um desempenho operacional misto no período, apesar de apresentar melhora em alguns indicadores.

Segundo analistas consultados pela Agência TradeMap, a venda de estoques foi quem ajudou nessa recuperação, já que a construtora lançou apenas dois empreendimentos nos últimos três meses do ano passado.

De outubro a dezembro, a companhia registrou R$ 334 milhões em vendas brutas, queda anual de 14,8%. No acumulado de 2022, a Eztec vendeu R$ 1,4 bilhão, alta de 14% ante o registrado em 2021.

Em relatório, a XP ressaltou que as vendas de estoques em construção com níveis recordes de R$ 187 milhões foram positivas no período, enquanto a concentração de lançamentos no final do trimestre foi negativa.

De acordo com Ygor Altero, head de real estate da XP, os lançamentos no final do período acabaram prejudicando as vendas de lançamentos e o próprio VSO. “A EzTec destacou um ciclo de entregas mais fortes a partir de 2023, o que deve ajudar na geração de caixa no longo prazo”.

Varejistas em alta

Depois de recuar 77,33% na véspera, num movimento histórico para o papel, a Americanas (AMER3) liderava os ganhos do Ibovespa nesta sexta-feira (13), operando em alta de 16,54%.

O papel passou de R$ 12 na quarta-feira (11) para R$ 2,72 no fechamento desta quinta, o que pode estar sendo encarado por alguns investidores como oportunidade de compra. É importante ressaltar que, para voltar ao nível anterior, será necessária uma valorização de mais de 335% na ação da Americanas.

“Vemos uma volta do papel a um patamar um pouco mais saudável, mas ainda é preciso muita cautela. Poderemos ver complicações para a empresa, já que a imagem fica penalizada, o que pode colocar fornecedores e bancos com um pé atrás, principalmente no curto prazo”, comenta Gabriel Mota, da Manchester.

O movimento positivo também é visto nos pares setoriais. A Magazine Luiza (MGLU3), que foi a maior alta no pregão de ontem por expectativa de que quem investia em Americanas migraria para as ações da empresa, também avançava nesta sexta-feira.

No horário acima, os papéis do Magalu avançavam 8,78% enquanto a Via (VIIA3), que foi fortemente impactada na véspera, ganhava 1,22%.

A dona das Casas Bahia, vale ressaltar, veio a público para tentar acalmar o mercado a respeito da transparência do balanço da empresa – uma preocupação que surgiu entre os investidores após a Americanas divulgar um rombo de R$ 20 bilhões decorrente de informações financeiras mal reportadas.

Entenda o caso:

• Americanas (AMER3) despenca 77% e vai de maior alta à principal queda de 2023

Ademais, Minerva (BEEF3) ganhava 2,40%, Natura (NTCO3) subia 1,22% e GPA (PCAR3) apontava em 1% para cima.

Destaques do exterior

Os mercados globais operam sem direções definidas, recuando nos EUA e subindo na Europa. O mercado continua a digerir os últimos dados de inflação nos EUA e reage aos primeiros resultados do fim do ano passado divulgados por grandes empresas do país.

O JPMorgan reportou receita acima da prevista pelo mercado, mas uma margem financeira líquida que ficou aquém das expectativa, segundo a corretora City Index. As ações subiam 0,7%.  O Wells Fargo, outro banco americano, caía mais de 1% também depois de apresentar balanço.

Veja a performance dos principais índices globais nesta sexta: