O susto dado pela Americanas (AMER3), que revelou na quarta-feira (11) haver uma inconsistência contábil da ordem de R$ 20 bilhões no balanço, deve afetar em cheio fundos com exposição relevante às ações da companhia.
A Moat Capital tinha a maior exposição aos papéis da varejista. Segundo levantamento do TradeMap, a gestora detinha, em setembro, R$ 442 milhões em papéis da Americanas, que correspondiam a 10,9% do patrimônio sob gestão na data.
Confira a seguir quais eram as gestoras com maior exposição a AMER3 em setembro (último dado disponível ao mercado), o volume alocado por cada uma e qual a fatia do patrimônio líquido.
Moat Capital
Entre os fundos abertos com maior exposição aos papéis da Americanas, está o Moat Capital FIA Master, que tinha 13,5% do patrimônio em papéis da Americanas em setembro.
O fundo teve uma perda de 14,82% em 2022, e acumula ganho de 198,20% desde seu início, em agosto de 2014, contra alta de 98,74% do Ibovespa no período.
A gestora frequentemente defendia a tese de investimento na empresa. Em entrevista ao podcast Market Makers, em setembro do ano passado, o gestor da Moat Cassio Bruno defendeu que a Americanas era uma boa escolha para se expor ao setor.
Na época, o gestor disse que investia na companhia por enxergar um potencial de melhora das operações com a perspectiva de queda da taxa Selic, uma vez que a empresa era muito alavancada financeiramente.
A Americanas tem uma dívida líquida de R$ 10,5 bilhões. “A companhia anuncia que tem uma dívida bancária de capital de giro que não estava contabilizada como tal e um patrimônio de R$ 15 bilhões. Os acionistas vão ter que colocar muito dinheiro na capitalização e renegociar esse passivo com os bancos”, assinala um gestor que tem posição no papel e foi surpreendido com a notícia.
Gestoras que ganham com a queda das ações da Americanas
Na ponta vendida, isto é, apostando na queda dos preços, a Itaú Asset Management tinha a maior posição entre as gestoras, no valor de R$ 44,2 milhões.
O papel das lojas Americanas é um dos mais emprestados. A empresa tinha 11,90% do total de ações em circulação alugado pelos investidores em 9 de janeiro.
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Nesse tipo de operação, o detentor das ações as empresta para outro investidor que não tem os papéis por um prazo determinado. O tomador acredita que o preço dos ativos vai cair nesse período e vende os papéis alugados para recomprá-los posteriormente no mercado à vista por um valor mais baixo e devolvê-los ao dono original, lucrando com a diferença.
A demanda por aluguel das ações da Americanas começou a crescer em outubro. O volume de empréstimos saltou de 40,1 milhões, em 19 de outubro, para 75,9 milhões, em 11 de janeiro.
Procuradas, as gestoras não retornaram ao pedido de entrevista até o momento.