Ibovespa engata 5ª alta seguida puxada por Ecorodovias (ECOR3) e ações de consumo

Investidores repercutem dados da inflação brasileira e americana majoritariamente dentro do previsto

Foto: Shutterstock/Bigc Studio

Com a liquidez reduzida pelo clima de recesso, o Ibovespa se descola das Bolsas internacionais e engata a quinta alta consecutiva nesta sexta-feira (23), com investidores digerindo dados sobre a inflação brasileira e americana que vieram majoritariamente dentro do esperado.

O clima positivo favorece empresas de consumo, que sobem em bloco no último pregão da semana. Na ponta contrária, as baixas são lideradas pelas siderúrgicas e mineradoras em meio ao aumento de casos de Covid-19 na China.

Diante deste cenário, por volta das 13h10, o principal índice da Bolsa brasileira subia 1,87%, aos 109.561 pontos, segundo dados disponíveis na plataforma TradeMap.

Ecorodovias lidera altas

Qualicorp (QUAL3 +8.89%) e Ecorodovias (ECOR3 +8,14%) puxavam o pregão. A valorização da segunda reflete o reajuste de até 12% nos pedágios de São Paulo, que deve turbinar o caixa da empresa.

Atrás apareciam Positivo (POSI3) e 3R Petroleum (RRRP3), com avanços de 7,37% e 7,13%, respectivamente.

As ações de varejo também subiam com força, em torno de 4% a 5% nos casos de Arezzo (ARZZ3), Lojas Renner (LREN3) e Grupo Soma (5,66%), após a prévia da inflação de dezembro ter ficado em 0,52% na base mensal, levemente abaixo do previsto pelo mercado.

Segundo Rodrigo Cohen, co-fundador da Escola de Investimentos, o cenário positivo com a inflação se soma à distensão do cenário político após as recentes nomeações de futuros ministros e membros da equipe econômica, com destaque para a indicação do vice eleito, Geraldo Alckmin, para a pasta do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.

“Isso vem trazendo mais calma no fim de 2022. As ações mais impactadas nesse contexto serão as de varejistas, construtoras e educação”, afirma.

Destaque também para as aéreas, que se beneficiam com a queda de 0,95% do dólar, cotado a R$ 5,12. As ações da Gol (GOLL4) subiam 6,09%, enquanto as da Azul (AZUL4) avançavam 5,49%.

China preocupa

Entre as poucas ações que operam em baixa hoje, estão as de siderúrgicas e mineradoras. O movimento reflete novas tensões com a desaceleração da economia da China em meio ao avanço de casos de Covid-19.

Um relatório feito por Pequim indica que 37 milhões de chineses foram infectados pelo novo coronavírus num único dia, reportou a Bloomberg.

Outro trecho afirma que 248 milhões de pessoas – 18% da população do país – foram contaminadas durante os 20 primeiros dias de dezembro.

Diante do temor da volta de lockdowns e fechamento de fábricas, o minério de ferro negociado em Dalian fechou com queda de 0,18%, a US$ 118 por tonelada.

O cenário faz os papéis da Gerdau (GGBR4) e o seu braço de metalurgia (GOAU4), estavam entre as maiores perdas, com quedas de 4,25% e 4,03%, respectivamente.

Do mesmo segmento, CSN (CSNA3) caia 2,46%, enquanto Usiminas (USIM5) registrava retração de 0,71%.

Mercado global

As Bolsas globais operam próximas da estabilidade com investidores digerindo os dados do PCE, o indicador de inflação preferido do Fed (o banco central americano), divulgados nesta manhã.

Em novembro, a inflação medida pelo PCE foi de 0,1% na comparação com o mês anterior. Em 12 meses, a alta do índice é de 5,5%, abaixo dos 6,1% registrados em outubro.

O núcleo da inflação – que remove da conta itens cujos preços se comportam de forma mais volátil – foi de 0,2%, em linha com as expectativas do mercado.

Apesar de os dados indicarem que o pior ficou para trás, a velocidade lenta da queda ainda inspira cuidados entre os investidores. Ontem, dados da economia mais fortes que o esperado mostraram que a luta para conter a alta dos preços ainda deve se prolongar por todo o próximo ano.

“Em nossa visão, o mercado de trabalho aquecido manterá a inflação elevada por algum tempo, obrigando a autoridade monetária a seguir com novos ajustes de juros no curto prazo”, afirmou Claudia Rodrigues, economista do C6 Bank.

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