O Ibovespa iniciou a semana com o pé esquerdo diante do temor dos investidores com as incertezas da política fiscal do próximo governo após rumores da nomeação de Aloizio Mercadante (PT) para comandar a Petrobras (PETR4; PETR3) ou o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Em um pregão no qual algumas empresas ligadas à economia doméstica subiram, o principal índice da Bolsa brasileira encerrou esta segunda-feira (12) em queda de 2,02%, aos 105.343 pontos, segundo dados disponíveis na plataforma TradeMap. O volume de negociações foi de R$ 23,89 bilhões.
Com a desempenho de hoje, o saldo do índice para o mês de dezembro é de baixa de 6,35%, enquanto a alta acumulada do ano soma 1,36%.
Risco fiscal dispara com novos rumores
O novo pânico no mercado financeiro foi deflagrado por supostas decisões do próximo governo envolvendo a nomeação de Mercadante, um dos coordenadores do governo de transição, para postos fundamentais da nova equipe econômica.
Segundo informações do jornal O Globo, o nome do ex-senador está entre os mais cotados para assumir o comando da Petrobras. Já matéria da Bloomberg afirma que Mercadante deve ser nomeado presidente do BNDES.
Assim como a nomeação de Fernando Haddad para o comando do Ministério da Fazenda, o nome de Mercadante enfrenta forte resistência dos investidores pelo seu perfil de tendência de afrouxamento das regras fiscais para cumprir promessas de campanha do governo eleito.
“Depois das nomeações, começam as medidas, isso também faz preço no mercado. Devemos nos preparar para um período de forte volatilidade”, explica Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus.
Saiba mais:
Juros e dólar disparam em meio a rumores sobre cargo de Aloizio Mercadante no próximo governo
A perspectiva de afrouxamento das regras fiscais para o cumprimento de promessas de campanha também levou a disparada dos juros futuros próximos a 14%, chegando a interromper as negociações do Tesouro Direto nesta manhã.
Diante deste cenário de maior pressão inflacionária para os próximos meses, opções expostas aos juros domésticos foram bastante penalizadas neste primeiro pregão da semana.
A queda foi puxada pela Meliuz (CASH3), com tombo de 7,14%. No grupo das maiores perdedoras também estavam ações do Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) e Cogna (COGN3), recuando 4,79% e 4,76% respectivamente.
Além disso, o mercado monitora a aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) na Câmara prevista para a próxima quarta-feira (14). Rumores da imprensa dão conta que a votação pode não ocorrer, devido à falta de votos necessários para o texto ser aprovado como foi no Senado.
Commodities também pressionam para baixo
O cenário global também jogou contra os ativos brasileiros nesta segunda-feira com a queda generalizada das commodities. O tombo é reflexo do aumento de casos de Covid-19 na China, que coloca em risco o processo de reabertura econômica do gigante asiático.
E essa dúvida bate diretamente na cotação da commodity. Na bolsa de Dalian, o preço do minério de ferro caiu 0,80%, a US$ 115,10 por tonelada.
Com o receio de mais desaceleração da segunda maior economia do mundo e principal parceiro comercial do Brasil, os papéis de siderurgias e construtoras figuraram entre as principais baixas.
CSN (CMIN3) perdeu 5,65%, enquanto as empreiteiras MRV (MRVE3) e Cyrela (CYRE3) caíram 4,71% e 4,20%, nesta ordem.
Raízen no radar
O mercado também acompanhou a reviravolta do imbróglio entre a Raízen (RAIZ4) e a Fan, distribuidora de combustíveis com foco no Nordeste, de acordo com o jornal Folha de S.Paulo.
Por meio da PGFN (Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional), a União solicitou o cancelamento das negociações diante das brechas para a diminuição do pagamento de impostos pela Raízen com a conclusão do negócio.
A transação, no entanto, ainda depende de aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
Cielo é destaque do Ibovespa
Entre as poucas altas do Ibovespa nesse início de semana, destaque para a ação da Cielo (CIEL3), que liderou o grupo de cima durante a maior parte do pregão e fechou com alta de 2,07%.
Nesta manhã, o UBS BB elevou a recomendação do papel para compra, com um preço-alvo de R$ 7. O novo patamar de preço representaria uma valorização de 60,92% em relação ao último fechamento da ação.
Segundo o banco, a recente queda de 30% nos papéis combinada com boas perspectivas de crescimento, “fornece um ponto de entrada atraente para a ação”.
O UBS BB não foi o primeiro banco a apostar no papel após as quedas verificadas desde outubro. Na sexta (9), analistas do BTG divulgaram um relatório no qual afirmam que a baixa de 30% no preço da ação desde outubro é “infundada”. Para o banco, o papel voltou a ficar barato e é hora de comprar.
As maiores altas do dia ficaram com Gol (GOLL) e Prio (PRIO3), com avanços de 4,67% e 2,94%, respectivamente.
Juros e inflação no cenário global
Os principais mercados globais fecharam sem direção definida nesta segunda, com investidores à espera de dados da inflação e da escalada dos juros nos Estados Unidos e na Europa.
Com isso, o S&P 500 fechou em alta de 1,43%, o Dow Jones subiu 1,58% e o Nasdaq avançou 1,26%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 teve perda de 0,41%.
O CPI (índice de preços ao consumidor) de novembro será divulgado às 10h30 desta terça-feira (13). No final da semana passada, o PPI (índice de preços ao produtor) mostrou avanço de 0,3%, acima do esperado pelo mercado.
Já o Fed (banco central americano) deve anunciar na quarta-feira (14) o aumento de 0,50 p.p (ponto percentual) nos juros, indicando o início da suavização do ciclo de alta.
Mais do que o tamanho do aperto, os investidores devem acompanhar o discurso que o presidente da entidade, Jerome Powell, fará sobre os próximos rumos da política de restrições.
Na quinta (15), é a vez de o BoE (Banco da Inglaterra) e o BCE (Banco Central Europeu) divulgarem as novas taxas do Reino Unido e da zona do euro.
Criptos
Em um dia de cautela nos mercados globais, os criptoativos operaram sem grandes variações e mantendo a cotação observada ao longo do fim da semana.
Por volta das18h30, o Bitcoin (BTC) subia 0,60% em comparação as últimas 24 horas, a US$ 17.054, segundo dados disponíveis na plataforma TradeMap. Na mesma hora, o Ethereum (ETH) tinha alta de 1,67%, negociado a US$ 1.265.
O trauma da queda da FTX, há um mês, parece já ter sido superado pelos analistas, que voltaram a acompanhar o movimento do cenário macroeconômico.
Assim como Wall Street, os investidores também estão na expectativa que dados positivos na inflação americana leve ao arrefecimento da escalada dos juros da maior economia do mundo.