Na Bolsa, estatais sobem com disputa eleitoral mais acirrada e Assaí (ASAI3) dispara após balanço

As ações da Petrobras (PETR3; PETR4) e do Banco do Brasil (BBAS3), as duas grandes estatais federais listadas na Bolsa, estão entre as maiores altas do pregão nesta sexta-feira (21), após as últimas pesquisas de intenção de voto indicarem um avanço da candidatura do presidente Jair Bolsonaro (PL), sugerindo um cenário mais apertado na disputa contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Por volta das 13h10, os papéis preferenciais (PETR4) da petrolífera subiam 4,55%, enquanto os ordinários (PETR3) avançavam 4,18%. As ações do BB, por sua vez, tinham valorização de 1,70%.

Quem também se destaca no pregão é o Assaí (ASAI3), a primeira empresa do Ibovespa a divulgar seu balanço para o terceiro trimestre. Embora a empresa tenha registrado queda de 48% no lucro, o número ficou acima da expectativa do mercado. No horário já citado, as ações disparavam 4,05%.

Em dia de bom humor no mercado, as estatais e o Assaí ajudam o Ibovespa a operar em alta. O principal índice acionário da B3 subia 1,28%, aos 118.668 pontos, em linha com seus pares americanos.

No caso de estatais como Petrobras e BB, o mercado tem visto o avanço de Bolsonaro como positivo, uma vez que a reeleição do presidente pode indicar a continuidade de políticas que têm dado resultado para as duas companhias.

Na quarta-feira (19), o Datafolha mostrou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem 49% de intenção de votos no segundo turno e o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem 45%. O primeiro se manteve estável em relação às últimas pesquisas enquanto o segundo oscilou um ponto para cima. No limite da margem de erro, de dois pontos para mais ou para menos, ambos estão tecnicamente empatados.

Nas palavras de Flávio Aragão, sócio da 051 Capital, o mercado tem digerido esse “melhor momento para Bolsonaro”, o que ajuda a impulsionar as estatais.

Além disso, uma disputa mais acirrada no pleito acaba forçando os candidatos ao centro político. Na prática, há a expectativa de que, assim, haja rigidez fiscal e maior propensão a reformas. Esse avanço mostra também uma chance do atual presidente, que possui uma agenda liberal favorável a privatizações, de vencer o pleito.

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Algumas estatais estaduais também têm demonstrado bom desempenho nesta sexta. Às 13h10, a estatal paulista de saneamento Sabesp (SBSP3) tinha valorização de 2,45%, após o Datafolha mostrar na quinta-feira (20) que o candidato preferido do mercado para o governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), segue com uma liderança confortável, com 49% das intenções de voto, enquanto o petista Fernando Haddad tem 40%.

Tarcísio tem se mostrado favorável à privatização da Sabesp, movimento defendido pelo mercado.

A estatal paranaense Copel (CPLE6), de energia elétrica, também se destacava, com avanço de 2,24%, dois dias depois de a empresa anunciar que propôs o pagamento de R$ 970 milhões em juros sobre capital próprio (JCP) aos acionistas.

E o Assaí?

A companhia divulgou ontem seu balanço do terceiro trimestre e anotou um lucro líquido de R$ 281 milhões no período.

Apesar do montante ser uma retração de 47,8% na comparação anual, ficou 31% acima das projeção dos analistas da Ativa Investimentos – os mais otimista entre as consultadas pelo TradeMap –, que esperavam R$ 216 milhões. A projeção da XP Investimentos era de lucro de R$ 203 milhões, enquanto o BTG Pactual estimava R$ 204 milhões.

A queda anual no lucro, de acordo com o Assaí, é resultado das maiores despesas financeiras e do contexto de alto investimento na expansão de lojas.

Veja a análise do analista CNPI da Agência TradeMap Sérgio Castro:

Assaí (ASAI3) registra queda no lucro, mas cenário é otimista

“Esse resultado segue sendo impactado pela elevada taxa de juros”, afirma a companhia, “e o maior volume de dívida bruta dado o contexto de altos investimentos na expansão, em especial, o projeto de conversões de hipermercados”.

Depois de adquirir 71 lojas da rede Extra, que antes pertenciam ao Pão de Açúcar, em outubro do ano passado, o Assaí agora tem investido na conversão destas lojas, o que implica maiores despesas.

Para os analistas do Bank of America, o BofA, as conversões parecem estar mostrando resultado antes do esperado em termos de vendas, lucratividade e reabertura de unidades.

“Enquanto esperamos que as mesmas lojas do Assai desacelerem com a inflação de alimentos, muitos fatores parecem provavelmente sustentar os níveis atuais de preços”, afirmaram Robert Aguillar, Melissa Byun e Vinicius Pretto, analistas do banco em relatório.

Quedas da Bolsa

A ação da Cogna (COGN3) liderava as perdas com um recuo de 4,49%. Na sequência, empresas ligadas à economia interna estendiam as perdas da véspera e também recuavam: CVC (CVCB3) caía 4,44%, MRV (MRVE3) perdia 3,59%, Magalu (MGLU3) desvalorizava 3,42% e Via (VIIA3) apontava em 2,89% para baixo.

O setor varejista recua há alguns dias diante da perspectiva de resultados fracos no terceiro trimestre deste ano, impactados pelo cenário macroeconômico de juros altos.

“Esperava-se muito que o varejo fosse seguir o seu ritmo acelerado de recuperação, porém os principais indicadores do setor e o IBC-Br indicaram que essa visão não deve se confirmar”, comentam, em nota, Régis Chinchilla e Luis Novaes, analistas da Terra Investimentos.

Bolsas internacionais

Os mercados globais operam em direções mistas nesta sexta, subindo nos EUA e caindo na Europa.

Nos EUA, o mercado continua a observar a temporada de balanços do terceiro trimestre. Na quinta, a Snap divulgou seu resultado e apontou uma surpresa negativa nas receitas.

No pós-mercado da véspera, as ações derreteram mais de 20%. Na Europa, o foco está nas incertezas políticas no Reino Unido após a renúncia da primeira-ministra Liz Truss. Na Inglaterra, o FTSE 100 subia 0,29% e o DAX 30, da Alemanha, perdia 0,46%. Ambos já operavam próximo do fechamento.