Ibovespa segue exterior, cai 1,95% e fecha semana com baixa de 3,7%; elétricas lideram as altas

Investidores americanos reagem a aumento nas expectativas de inflação

Gabriel Bosa

Gabriel Bosa

Foto: Shutterstock/Alf Ribeiro

Seguindo os mercados nos EUA, que caíram diante do aumento das expectativas de inflação no país, o Ibovespa fechou o pregão desta sexta-feira (14) em baixa de 1,95%, aos 112.072 pontos, com R$ 20,35 bilhões em volume negociado.

Com a queda de hoje, o índice terminou a semana com saldo negativo de 3,7%. Com isso, a valorização do Ibovespa desde o começo do ano agora é de 6,92%.

Em Wall Street, as Bolsas tiveram um dia parecido com o do Ibovespa: o S&P 500 teve baixa de 2,37%, o Dow Jones caiu 1,34% e o Nasdaq recuou 3,05%. Na Europa, por outro lado, o índice Euro Stoxx 50 avançou 0,57%.

Dados econômicos derrubam Bolsas

As vendas do varejo americano ficaram estáveis em setembro na comparação com agosto, mostrando que a demanda nos Estados Unidos pode estar começando a esfriar à medida que o impacto da alta de juros pelo Federal Reserve, o banco central do país, começa a chegar na ponta.

O resultado veio pior que o esperado pelo mercado, que apostava em uma alta de 0,2% no desempenho do comércio americano.

Além disso, os investidores dos EUA digerem os balanços de bancos no terceiro trimestre. JP Morgan, Wells Fargo, Morgan Stanley e Citigroup divulgaram um lucro menor na base anual, devido ao aumento das provisões para inadimplentes, enquanto as receitas subiram por conta de juros mais altos nos EUA.

Mas, o que realmente pesou por lá, foi um relatório da Universidade de Michigan que mostrou que as expectativas de inflação no país aumentaram pela primeira vez em sete meses. A projeção para a alta de preços em um ano subiu de 4,7% para 5,1%.

Em termos econômicos, o cenário foi mais positivo no Brasil: a receita do setor de serviços cresceu mais que o esperado em agosto, com alta de 0,7%, e ficou ainda mais perto de alcançar o recorde registrado em novembro de 2014. A expectativa do mercado era de estabilidade na receita do setor.

O novo avanço acima do esperado reforça a tese entre os analistas de que a economia brasileira entrou no segundo semestre de 2022 com muito mais resiliência do que se havia projetado alguns meses atrás.

Commodities derrapam

O dia também foi negativo para as commodities, com o petróleo Brent em baixa de 3,11%, a R$ 91,63 por barril, diante de temores de que uma desaceleração econômica global e um aperto na política monetária possam minar o consumo de energia.

Neste cenário e repercutindo os relatórios de produção para o mês de setembro, as petrolíferas do Ibovespa tiveram um dia negativo, com 3R Petroleum (RRRP3) e Prio (PRIO3) caindo 5,79% e 2,24%, respectivamente. A Petrobras, por sua vez, teve perdas mais modestas: a ação preferencial da estatal (PETR4) caiu 1,53% e a ordinária (PETR3), 1,95%.

A companhia comunicou nesta sexta que pretende vender 100% de sua participação na Petrobras Operaciones (POSA), subsidiária da empresa na Argentina e detentora de 33,6% no Campo de Rio Neuquén.

A estatal disponibilizou um “teaser”, um documento com as principais informações sobre negócio, e afirmou que a venda está “alinhada à sua estratégia de otimização do portfólio e a uma melhor alocação do capital”.

O minério de ferro, por sua vez, teve baixa de 0,57% na Bolsa de Dalian, para US$ 97,68 por tonelada, com perspectivas de demanda incertas. No setor, destaque de baixa para CSN (CSNA3), que caiu 5,92%.

As poucas altas do pregão

Na outra ponta, apenas sete ações registraram altas, ainda que modestas: Energisa (ENGI11), Eneva (ENEV3), Cyrela (CYRE3), Engie Brasil (EGIE3), EDP Brasil (ENBR3), Klabin (KLBN11) e Itaú (ITUB4).

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Fora do Ibovespa, o Banco BMG (BMGB4) saltou 11,02% após a companhia comunicar o pagamento de R$ 140 milhões em juros sobre capital próprio, a ser realizado em 16 de novembro.

Também entre as small caps, a Camil (CAML3) teve alta de 4,03% após apresentar resultados para o segundo trimestre fiscal que deixaram os investidores divididos.

As vendas da companhia caíram no período, mas a receita cresceu – indicando que a Camil conseguiu repassar aumentos de preço. Além disso, o lucro operacional aumentou, mas o resultado final foi prejudicado por despesas financeiras maiores.

Tanto a XP Investimentos quanto o BofA (Bank of America) acham que os resultados da companhia vieram, em linhas gerais, dentro do esperado. Ambos, no entanto, viram sinais positivos nos números.

Criptomoedas

Em mais um dia de sobe e desce, o Bitcoin (BTC) caminha para o fim de semana no campo positivo, sustentando o patamar de US$ 19 mil recuperado na véspera. Investidores seguem digerindo dados da inflação americana, que indicam novos aumentos agressivos nos juros em novembro.

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Por volta das 16h50, a maior cripto do mercado registrava alta de 1%, negociada a US$ 19.404, segundo dados disponíveis na plataforma TradeMap. Na mesma hora, o Ethereum (ETH) recuava 0,4%, a US$ 1.316.

O mercado cripto iniciou o dia estendendo os ganhos da véspera, mas passou a acompanhar as Bolsas globais e perdeu fôlego na parte da tarde.

“A reação aparentemente ‘maluca’ nos preços pode ter sido motivada por uma sensação de que a inflação pode estar próxima de chegar a um pico nos próximos meses, e que o pior em relação a este driver já pode ter sido precificado”, afirma Ayron Ferreira, analista chefe da Titanium Asset Management.

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