Índice usado para reajustar contratos de aluguel e outros serviços, o IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) surpreendeu o mercado e avançou 0,59% em junho, abaixo do que era esperado pela maior parte dos analistas. Em 12 meses, o indicador está em alta de 10,70%, o menor aumento desde julho de 2020.
Apesar desse cenário representar uma boa notícia, especialistas alertam que o pior ainda não passou. As incertezas em torno de uma série de fatores ainda não estão superadas: eleições no Brasil, alta de juros nos EUA, guerra entre Ucrânia e Rússia e a pandemia de Covid-19.
“Dizer que o pior já passou pode ser prematuro por causa do ambiente de incertezas por causa da guerra, novas ondas de Covid, alta de juros americanos e eleições no Brasil. São quatro variáveis de peso, que podem impactar a inflação”, aponta André Braz, coordenador dos índices de preços do Ibre/ FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas).
O indicador é formado por três índices diferentes: o IPA (Índice de Preços ao Produtor Amplo), que subiu 0,30%, o IPC (Índice de Preços ao Consumidor), com alta de 0,71%, e o INCC (Índice Nacional de Custo da Construção), com aumento de 2,81%.
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IGP-M avança 0,59% em junho, abaixo do esperado pelo mercado
A principal surpresa veio do IPA, que em maio havia subido 0,45% e desacelerou a 0,30%, uma perda de ritmo maior do que era esperado. “A desaceleração do IPA já vem acontecendo há alguns meses”, aponta Braz. “De qualquer forma, é importante lembrar que a inflação ao produtor é muito volátil, e muda de tendência com muita rapidez.”
Os principais destaques do índice ao produtor foram: óleo diesel (cujo aumento se elevou de 3,29% em maio para 6,96% neste mês), leite in natura (que caiu de 7,47% para 4,40%, mesma comparação) e automóveis (de alta de 0,57% para expansão de 2,31%).
O especialista da FGV lembra que o aumento do diesel ainda não foi totalmente sentido no índice, já que a coleta desse IGP-M terminou no dia 20. Ele destacou ainda que o preço dos automóveis continua em alta, com o aumento nos preços dos insumos e gargalos nas cadeias globais de produção ainda incomodando.
Custos da indústria em alta
Para o economista João Savignon, da gestora Kínitro Capital, o fato de o IGP-M ter vindo abaixo do esperado pelo mercado é positivo. Mas há ressalvas.
“Ainda observamos que há um importante acúmulo de custos para a indústria, o que mantém a perspectiva de preços de bens industriais pressionados para o consumidor”, avaliou o especialista.
Ele destacou ainda que os preços das commodities devem continuar pressionados nos próximos meses. “Mesmo com a correção de algumas commodities no curto prazo, a nossa visão é que os seus preços deverão permanecer em patamares elevados por conta dos fundamentos estruturalmente mais apertados”, apontou o economista.
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