Petrobras (PETR4) pesa e Ibovespa cai quase 1%, com mercados fechados nos EUA

Estatais têm dia difícil, com Eletrobras e Banco do Brasil também entre as maiores quedas

Gabriel Bosa

Gabriel Bosa

Foto: Shutterstock

Em dia de liquidez reduzida, com os mercados fechados nos Estados Unidos devido a feriado, o Ibovespa não resistiu à pressão da queda das ações da Petrobras e encerrou em baixa de 0,81%, aos 111.032 pontos, com R$ 14,74 bilhões em volume negociado.

Com isso, a valorização acumulada pelo índice no mês de maio caiu para 2,93%, enquanto o saldo desde o início de 2022 é de alta de 5,92%.

Boas novas da China, Europa impulsiona petróleo

Nesta segunda-feira (30), os mercados internacionais repercutiram notícias de reabertura gradual da economia chinesa. Em meio às expectativas de normalização, o minério de ferro fechou em seu maior patamar em três semanas. Na Bolsa de Dalian, a commodity teve alta de 2,81%, a US$ 131,87 por tonelada.

Na esteira da alta do minério, a Vale (VALE3) fechou com ganhos de 1,09%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 subiu 0,86%, também refletindo as notícias chinesas.

Por lá, líderes se reuniram para discutir planos para banir a compra de petróleo russo. As notícias mais recentes na imprensa internacional apontam que os negociadores europeus se mostraram abertos à possibilidade de proibir apenas o petróleo russo importado via navios-tanque, o que poderia facilitar o apoio da Hungria, que tem mostrado resistência às propostas.

Como o país recebe o produto via dutos, ficaria livre para continuar importando o produto russo até encontrar fontes alternativas. As negociações sobre o embargo, porém, ainda estão em andamento. O governo húngaro também quer receber uma compensação financeira para apoiar a proposta – e este ponto ainda não foi vencido nas negociações.

Na visão de analistas da Genial Investimentos, em comentários ao mercado, os preços do petróleo tendem a oscilar a depender das decisões, mas a corretora não vê o Brent abaixo de US$ 100 por barril no curto prazo. No pregão de hoje, a commodity teve alta de 1,84%, fechando a US$ 117,69.

Polêmicas pressionam Petrobras

Nem mesmo a disparada do petróleo foi suficiente para conter a queda das ações da Petrobras, com a estatal rodeada de polêmicas e preocupações com uma interferência governamental. Os papéis ordinários da companhia (PETR3) fecharam em baixa de 2,16%, enquanto os preferenciais (PETR4) caíram 1,99%.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou, em entrevista coletiva, que a petrolífera pode “quebrar o Brasil” se praticar novos aumentos nos preços do diesel. O presidente disse ainda que o governo vem buscando alternativas legais para baixar os preços dos combustíveis.

A Petrobras tem estado no centro das atenções desde semana passada, quando o governo federal decidiu, pela terceira vez, trocar o comando da companhia, tirando o então presidente José Mauro Ferreira Coelho e nomeando Caio Paes de Andrade para o cargo.

O pedido para destituir Coelho, que ficou no comando da Petrobras por cerca de 40 dias, evidenciou o descontentamento do presidente Jair Bolsonaro com a política de preços de combustíveis adotada pela companhia.

Dados econômicos

Com a melhora da pandemia e estímulos do governo, a confiança de empresários de comércio e dos serviços saltou em maio, mostram dados divulgados nesta segunda-feira pelo Ibre/ FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas). Nos dois casos, os índices alcançaram o maior nível desde outubro de 2021.

Outra boa notícia foi a perda de ritmo do IGP-M (Índice Geral de Preços ao Mercado), que registrou alta de 0,52% no mês, uma desaceleração em relação a abril, quando o avanço foi de 1,41% – o dado também foi informado pelo Ibre/ FGV hoje.

“Os indicadores de confiança mostraram um bom desempenho, refletindo tanto uma melhora na situação atual quanto nas expectativas, na esteira do controle da situação sanitária e das diversas medidas pontuais de estímulo adotadas pelo governo”, afirmou João Savignon, economista da gestora Kínitro Capital.

Nos EUA, o diretor do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), Christopher Waller, afirmou em evento na Alemanha que o órgão irá precisar elevar a taxa de juros muito mais e de forma mais rápida se a inflação não começar a desacelerar.

Nos próximos dias, o mercado estará de olho em uma bateria de dados importantes para a economia brasileira, como taxa de desemprego e PIB (Produto Interno Bruto). No exterior, os investidores irão acompanhar a divulgação do Livro Bege, um compilado de relatórios sobre a economia americana e a taxa de desemprego do país.

Altas e baixas do pregão

No fechamento, as maiores quedas do Ibovespa eram de Locaweb (LWSA3), MRV (MRVE3) e Yduqs (YDUQ3), com perdas de 4,99%, 4,42% e 4,12%, respectivamente.

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Na visão de Rodrigo Crespi, analista da Guide Investimentos, a alta dos juros futuros acaba pressionando os ativos voltados para a economia doméstica e de tecnologia.

As ações da Eletrobras também ficaram entre as principais quedas, com as preferenciais (ELET6) caindo 3,44% e as ordinárias (ELET3), 3,36%. A agência de classificação de risco Fitch reafirmou o rating da estatal em BB-, com perspectiva negativa.

Mais uma estatal figurou entre as maiores baixas: o Banco do Brasil (BBAS3), que caiu 2,65%. O colunista do jornal O Globo, Lauro Jardim, afirmou que a instituição desistiu de vender o BB Américas, subsidiária da companhia na Flórida.

De acordo com Jardim, ocorrerá o contrário do que o banco pretendia antes, com o ativo agora sendo encorpado, e, até o final do ano, os 12 mil clientes da agência que o Banco do Brasil mantém em Miami sendo incorporados.

Na ponta oposta, as principais altas do pregão foram de BB Seguridade (BBSE3), Braskem (BRKM5) e Minerva (BEEF3), com ganhos de 2,62%, 2,57% e 2,07%, nesta ordem.

Bitcoin

Os criptoativos voltaram a ganhar fôlego e começaram a semana no campo positivo. O Bitcoin (BTC) superou a marca de US$ 30 mil, apesar de muitos analistas ainda apontarem cautela pelo clima de alta volatilidade que ronda os ativos de risco.

A moeda digital fechou no domingo (29) a nona semana consecutiva de perdas, o maior período da série histórica iniciada em 2013, segundo a Coinglass.

Por volta das 16h50, a maior cripto em capitalização subia 5,48% em 24 horas, cotada a US$ 30.662, conforme dados da CoinMarketCap.

O clima positivo se estendeu para as altcoins, como são chamadas os ativos além do Bitcoin. O Ethereum (ETH), a segunda maior cripto em capitalização, subia 7,30%, a US$ 1.919, enquanto a Cardano (ADA), registrava ganhos de 13,24%, a US$ 0,53.

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