Depois de oscilar entre o positivo e o negativo nesta terça-feira (3), o Ibovespa encerrou a sessão em queda de 0,1%, aos 106.528 pontos, com R$ 17,95 em volume negociado, enquanto o mercado aguarda as decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos.
Desde o início de maio, o índice soma perdas de 1,25%, enquanto o acumulado de 2022 é de alta de 1,63%.
A timidez da Bolsa brasileira não condiz com o comportamento de seus pares do exterior. Em Nova York, o S&P 500 subiu 0,48%, o Dow Jones teve alta de 0,2% e o Nasdaq avançou 0,22%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 fechou com ganhos de 0,77%.
À espera da superquarta
O dia morno antecede a superquarta, quando serão divulgadas as decisões de política monetária do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) e do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), muito aguardadas pelos investidores.
A expectativa é que o Fed eleve as taxas de juros em 0,5 ponto percentual, para a faixa entre 0,75% e 1%, e o Copom suba a Selic em 1%, para 12,75%, ambos com o objetivo de conter a aceleração da inflação. A dúvida, no entanto, está no futuro e o mercado aguarda os comunicados dos bancos centrais em busca de dicas sobre os rumos da política monetária.
Apesar de esse ser o principal foco de atenção dos mercados, fatores como a guerra na Ucrânia e os lockdowns na China, que ameaçam o crescimento da economia global, seguem no radar.
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Na China, as notícias do dia são mistas. Por um lado, a cidade de Xangai deu início a um plano gradual de reabertura. Por outro lado, a cidade de Pequim anunciou restrições a espaços públicos e locais como restaurantes, bares e academias.
“Essas discussões têm ofuscado a maior parte dos outros acontecimentos e dados. Esse foi o caso dos resultados de atividade econômica e contas públicas referentes a fevereiro divulgados ontem – que mostraram leve alta da economia brasileira no mês e o risco fiscal de curtíssimo prazo perdendo força”, diz Rachel de Sá, chefe de economia da Rico, em comentários ao mercado.
Destaques do pregão
No fechamento, as maiores baixas do Ibovespa eram de JHSF (JHSF3), Magazine Luiza (MGLU3) e Cemig (CMIG4), com perdas de 5,81%, 4,17% e 3,43%, respectivamente.
A queda da JHSF ocorre como um movimento de realização, depois de a ação ter registrado alta de 5,03% no pregão de ontem.
Fora do Ibovespa, as ações da Raízen (RAIZ4) tiveram forte baixa de 5,92%, em meio a rumores de vazamento do balanço no primeiro trimestre, que não teria agradado aos investidores. As ações da Cosan (CSAN3), acionista da Raízen, caíram 2,32%.
Em uma prévia de resultados publicada hoje, os analistas do Bank of America (BofA) disseram ver uma tendência positiva para os resultados da companhia, mas que os custos mais altos do açúcar e a perda de estoque devido à isenção do PIS/Cofins devem limitar os ganhos.
A Copasa (CSMG3), por sua vez, caiu 5,49% depois de reportar lucro líquido de R$ 167,5 milhões no primeiro trimestre do ano, queda de 23,8% na comparação anual.
As ações da Pague Menos (PGMN3) tiveram o mesmo movimento, caindo 6,42% após a divulgação de lucro líquido de R$ 24,4 milhões no primeiro trimestre, recuo de 44,8% contra o mesmo período de 2021.
Na ponta oposta, as principais altas do Ibovespa foram de SLC Agrícola (SLCE3), CSN Mineração (CMIN3) e Azul (AZUL4), com ganhos de 6,69%, 4,44% e 4,37%, nesta ordem.
As companhias aéreas ficaram entre as ações que mais subiram no Ibovespa, recuperando-se das fortes perdas de segunda-feira (2), quando o mercado reagiu à notícia de mais um aumento no preço do combustível de aviação.
Por outro lado, a Embraer (EMBR3) subiu 2,53% em meio a notícias de que a fabricante de aeronaves concluiu a venda de fábricas em Portugal por US$ 172 milhões.
Na contramão de Copasa e Pague Menos, as ações de Klabin (KLBN11) e Localiza (RENT3) reagiram bem à divulgação de seus balanços, fechando com ganhos de 1,24% e 1,9%, respectivamente.
Mesmo diante de um cenário global não tão animador, com desafios macroeconômicos e dificuldade na cadeira de suprimentos, que prejudicaram a fabricação de veículos novos, a Localiza conseguiu apresentar resultados significativos tanto nas principais linhas como na gestão de custo no primeiro trimestre do ano.
No período, o lucro líquido cresceu 7,3% na comparação anual, para R$ 517,4 milhões, superando em 9% as estimativas dos analistas do Goldman Sachs, de acordo com relatório distribuído em 5 de abril.
De acordo com a companhia, as iniciativas de produtividade e de gestão de custo iniciadas no ano passado foram as motivadoras dos números positivos. A empresa afirmou que eles “têm compensado parcialmente as limitações ao crescimento devido à escassez de carros novos”.
O lucro da Klabin, por sua vez, subiu 108% no primeiro trimestre em comparação com o mesmo período do ano passado, para R$ 875 milhões, mesmo em um período conturbado para a economia global por conta da guerra na Ucrânia.
O resultado ficou no meio do intervalo de expectativas de duas corretoras – a XP e a InterInvest. Enquanto a primeira esperava que o montante atingisse R$ 656 milhões, a segunda esperava R$ 959 milhões.
Depois do fechamento, são esperados os resultados do primeiro trimestre de JSL (JSLG3), 3R Petroleum (RRRP3), Cielo (CIEL3), Isa CTEEP (TRPL4), XP (XPBR31), Raia Drogasil (RADL3), Tim (TIMS3) e Iguatemi (IGTI11).
Bitcoin
A expectativa pelo anúncio do Fed e o clima de fuga do risco voltaram a pressionar as criptomoedas nesta terça-feira. O Bitcoin (BTC), responsável pela maior parte do mercado, encontrou nova resistência para furar a barreira dos US$ 40 mil.
O mau humor dos investidores é reforçado pela falta de perspectiva para o fim da guerra na Ucrânia e os efeitos que o recrudescimento da Covid-19 terão na economia da China. Por volta das 17h (de Brasília), o BTC caia 3,13%, cotado a US$ 37.942, segundo dados da Mercado Bitcoin disponíveis na plataforma TradeMap.
O clima negativo também impactava as principais altcoins do mercado. O Ethereum (ETH) registrava queda de 2,53%, enquanto a Terra (LUNA) recuava 0,27%, conforme a CoinDesk.