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Poupança tem saque recorde de R$ 50,5 bi no 1º semestre; Selic e inflação estimulam resgates

Poupadores buscam opções mais rentáveis ou recorrem à caderneta para lidar com corrosão do poder de compra

Foto: Shutterstock

Os brasileiros retiraram R$ 50,5 bilhões da caderneta de poupança no primeiro semestre de 2022. Esse valor é recorde para o período, segundo dados do Banco Central. O movimento pode ser explicado pela inflação em alta, que faz com que poupadores tenham que recorrer às reservas econômicas para dar conta dos compromissos, e a busca por rentabilidade maior em um momento de Selic elevada.

Só no mês de junho, o resgate líquido foi de R$ 3,76 bilhões. Dos seis primeiros meses do ano, apenas em maio não houve um volume de saques superior ao dos aportes. As informações sobre a caderneta não eram atualizadas desde o final de abril devido à paralisação dos servidores do BC, que foi encerrada nesta semana.

Enquanto a poupança sofre saques recordes, os fundos de investimento de renda fixa registraram captação positiva de quase R$ 90 bilhões no primeiro semestre do ano, segundo dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).

A taxa Selic está em 13,25% ao ano. Nesse cenário, a tradicional caderneta perde ainda mais competitividade.

Alta de preços contribui para os resgates

Há um outro fator que também contribui para os resgates, que é a perda do poder de compra por parte da população.

Com a inflação em alta, as pessoas de menor renda acabam tendo que recorrer à reserva financeira para conseguir saldar as despesas cotidianas. A inflação nos 12 meses encerrados em maio medida pelo IPCA acumulava alta de 11,73%. Os dados da inflação de junho serão divulgados nesta sexta-feira (8).

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Apesar do resgate recorde no mês passado, a poupança acumula um saldo total de R$ 1 trilhão. A título de comparação, o patrimônio dos fundos de previdência privada no Brasil é de R$ 1,1 trilhão, segundo a Anbima.

Remuneração

O brasileiro que tem recursos aplicados na caderneta de poupança recebe uma remuneração de 6,17% ao ano mais a variação da TR (taxa referencial, que está em 0,1484%). Ao mês, a rentabilidade da poupança está em 0,65%.

A aplicação, mesmo com rendimentos isentos do Imposto de Renda, tem um retorno abaixo de outras alternativas também consideradas seguras, como o Tesouro Selic 2024, que está pagando a taxa básica (13,25% ao ano) mais 0,0983%.

Outra alternativa mais vantajosa ao investidor na comparação com a poupança é a oferta de papéis de bancos. É possível encontrar CDBs (Certificados de Depósitos Bancários) com remuneração de 110% do CDI, cuja taxa acompanha a Selic de perto.

Por serem instrumentos de renda fixa, há a incidência de IR sobre os rendimentos, mas ainda assim o rendimento líquido é mais vantajoso que o entregue pela poupança.

Tanto a poupança como os produtos bancários (CDBs e as letras de crédito agrícola e imobiliária, conhecidas como LCIs e LCAs) possuem a proteção do FGC (Fundo Garantidor de Crédito), que é a cobertura que o investidor recebe caso a instituição venha a quebrar ou sofrer intervenção do BC. Essa proteção é limitada a R$ 250 mil por investidor e instituição financeira.

Mas caso o investidor queira fazer a migração, é bom ficar atento aos prazos ofertados pelos demais instrumentos financeiros, já que nem todos possuem liquidez diária como a poupança, aplicação na qual o recurso pode ser resgatado a qualquer momento.

Vale ressaltar, porém, que o rendimento incide só na data de aniversário da aplicação. Se a aplicação for feita em 15 de junho, por exemplo, o investidor só terá acesso ao rendimento dela se fizer o saque dos recursos da poupança em 15 de julho. Se o valor for sacado antes, o rendimento do período será perdido.

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