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Apego: Mais de 23 mil contas têm ao menos R$ 1 milhão na poupança, alta de 23,3% em dois anos

Investidor perde ao menos R$ 42 mil ao ano para cada milhão deixado na caderneta

Foto: Shutterstock

A caderneta de poupança é o investimento mais popular e muitas vezes é a opção para iniciantes que tem valores baixos para aportar. Ainda assim, cresce o contingente de quem deixa mais de R$ 1 milhão na caderneta.

O número de contas de poupança com ao menos R$ 1 milhão de saldo era de 22.838 em abril de 2022, um crescimento de 3,8% na comparação com o mesmo mês do ano passado e de 23,3% em dois anos, segundo dados do FGC (Fundo Garantidor de Crédito).

O número é apenas uma pequena fração em relação ao total de contas de poupança, que passa dos 230 milhões, mas mostra que até quem tem patrimônio para buscar melhores rendimentos às vezes se apega à tradicional caderneta.

Para Alberto Ajzental, coordenador do curso de Desenvolvimento de Negócios Imobiliários da FGV (Fundação Getúlio Vargas), é natural que pessoas com pouco dinheiro deixem recursos na poupança, seja pela facilidade, inércia ou falta de conhecimento.

Essa falta de conhecimento, no entanto, também é demonstrada quando pessoas com uma quantia relevante deixam o dinheiro em uma opção que paga, no máximo, 6,17% ao ano mais a variação da TR (Taxa Referencial, hoje em 0,14%).

“Quem tem ao menos R$ 1 milhão deveria ter entendimento sobre outras alternativas [de investimento] e, mesmo que não tenha, tem como ter acesso a quem sabe”, diz.

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E embora aqueles que possuam mais de um milhão sejam poucos em relação ao todo – apenas 0,01% -, os recursos por eles detidos somam R$ 51,9 bilhões, o equivalente a 5,36% de todos os depósitos na caderneta. Essa fatia era de 4,89% no ano passado.

O valor de R$ 1 milhão em uma caderneta de poupança pelo prazo de um ano dá um ganho líquido de R$ 58 mil ao poupador. Esse instrumento é isento do IR (Imposto de Renda) sobre os rendimentos.

O Tesouro Selic no mesmo período, já descontando o IR e a taxa de custódia da B3, garante R$ 100 mil, ou seja, por uma má escolha, esse investidor perde R$ 42 mil em um ano caso tenha “só” R$ 1 milhão na poupança – há 127 contas com mais de R$ 20 milhões.

Esse título é o mais conservador entre os emitidos pelo Tesouro Nacional. O risco de crédito é praticamente zero e o rendimento irá acompanhar a variação da taxa Selic, atualmente está em 12,75% ao ano.

Ainda entre os títulos públicos, o investidor que busca baixo risco conta com o Tesouro Prefixado e o Tesouro IPCA, em que a aplicação é corrigida pela inflação, além de um cupom de juros.

A renda fixa privada também oferece ganhos que superam a poupança, como CDBs, LCIs, LCAs e debêntures – mas o investidor precisa avaliar o risco de crédito.

Desafio educacional

Leonardo Calixto, CEO da gestora de crédito privado Empírica Investimentos, afirma que há um desafio do lado do mercado financeiro que é o de entender a razão pela qual algumas pessoas deixam alguns milhões na poupança ao invés de buscar opções mais rentáveis.

“Isso pode nos ajudar a motivar que eles saiam da poupança e busquem outros investimentos”, diz.

O gestor reforça que esse comportamento reflete uma carência de educação financeira, que muitas vezes deixa o investidor sem saber como avaliar o risco e retorno – se ele pode pecar para o lado de tomar muito risco, também pode fazer o contrário.

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A destinação da poupança

A poupança tem duas regras de remuneração. Quando a Selic está no patamar de até 8,5% ao ano, a caderneta paga 70% dessa taxa anualizada mais a variação da TR.

Passando desse nível de taxa, ou para os depósitos feitos até maio de 2012, a remuneração é fixa em 0,50% ao mês, ou 6,17% ao ano, mais a variação da TR.

Com uma remuneração limitada (e baixa), a poupança é a principal fonte de recursos para o financiamento imobiliário – os bancos são obrigados a destinar 65% dos depósitos em poupança para essa finalidade.

No entanto, Ajzental, da FGV, lembra que um investimento deve no mínimo repor as perdas causadas pela inflação e que a função de uma aplicação não deve ser a de subsidiar o mercado imobiliário.

“Deixar dinheiro na poupança ajuda a fomentar o crédito imobiliário, mas não é esse o objetivo de um investidor, que precisa buscar algo que reponha no mínimo a inflação”, conta.

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