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Dois anos de Pix: sistema já movimenta quase R$ 1 tri por mês e avança como opção de crédito

Em dois anos de operação, o sistema instantâneo já é o meio de pagamento mais utilizado no país em número de operações

Foto: Shutterstock/Divina Epiphania

O sistema de pagamentos instantâneo Pix completa, em novembro, dois anos de funcionamento movimentando cerca de R$ 900 bilhões ao mês. E se no início a ideia era facilitar as transferências entre pessoas, novas soluções fazem com que a ferramenta também vire uma opção de crédito.

Em outubro, o Pix totalizou R$ 897,5 bilhões em transações dentro do sistema de pagamentos instantâneos (SIP) do Banco Central (BC). Esse é o maior valor registrado para um único mês, mas os recordes vêm sendo batidos praticamente todos os meses desde o lançamento da ferramenta, em novembro de 2020.

O valor mensal já passa de R$ 1 trilhão quando são consideradas as operações processadas fora do SIP, que em geral ocorre quando um Pix é enviado para uma conta no mesmo banco do remetente e a liquidação ocorre internamente.

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Fabrício Winter, consultor especializado no setor financeiro e sócio na consultoria Boanerges & Cia, lembra que o Pix surgiu como solução para as transferências entre pessoas ou entre pessoas em empresas. Além de ser sem custo, o sistema funciona 24 horas por dia, o que não ocorre com as transferências bancárias.

“A segunda onda do Pix, que foi um pouco mais lenta, ocorreu nos pagamentos da internet, substituindo os boletos e até mesmo o uso do débito”, diz.

Principal meio de pagamento

Esse avanço do Pix o coloca na posição de principal meio de pagamento em número de transações, superando o uso do cartão de débito e crédito.

Segundo dados do Banco Central (BC), o pagamento instantâneo respondeu no segundo trimestre do ano por 27,1% de todas as transações. Em volume, ficou em quarto lugar no período, com 10,5%.

Winter explica que como meio de pagamento à vista, o Pix tem mais chance de “roubar” mercado do cartão de débito e do próprio dinheiro, mas há um espaço cada vez maior para o avanço sobre o boleto e de crédito.

Na avaliação de Alberto Ajzental, coordenador do Centro de Desenvolvimento de Casos da FGV (Fundação Getúlio Vargas), o sistema instantâneo e a dependência de menos intermediários faz com que o Pix ganhe cada vez mais espaço.

“A tendência do Pix é deixar de ser só ´à vista´ e começar a ser um empréstimo. É uma ferramenta que vai crescer para outros meios que não só a transferência imediata”, diz o professor.

Pix Parcelado x Pix Garantido

Essa concorrência apontada por Winter e Ajzental já começou. Algumas instituições já oferecem o chamado “Pix Parcelado”, uma espécie de crediário eletrônico. O vendedor recebe à vista, mas o comprador paga de forma parcelada – e há uma compra de juros ou taxas.

E até o ano que vem o BC deve disponibilizar o “Pix Garantido”, em que na hora da compra, o consumidor poderá optar pelo parcelamento.

Há uma sutil diferença entre os dois.

No primeiro, a operação de parcelamento não está necessariamente ligada à conta (corrente ou carteira digital) do consumidor. Além disso, é feito um Pix para cada parcela a ser paga, sem agendamento.

Já quando o “Pix Garantia” começar a operar, quem irá garantir que o vendedor irá receber os recursos da compra parcelada é o banco no qual o cliente tem a chave Pix atrelada.

Uma das empresas que já oferece esse “crediário eletrônico” ou como também é chamado, “buy now, pay later”, é a Pagaleve, uma plataforma de pagamentos criada há pouco mais de um ano.

Parcelas quinzenais

Em parceria com varejistas do comércio eletrônico, a empresa oferece “Pix Parcelado” sem juros adicionais ao comprador, que poderá pagar em quatro vezes.

O custo fica com a loja vendedora, que paga uma taxa sobre o valor da venda.

Henrique Weaver, fundador da Pagaleve, afirma que o objetivo é conquistar parte dos clientes que hoje não são assistidos pelo sistema convencional de parcelamento para as compras em comércio eletrônico.

“Um terço da população adulta não tem cartão. Também atendemos aqueles que possuem, mas estão com o limite comprometido”, explica.

Diferente do cartão, o parcelamento oferecido pela Pagaleve não é mensal. O cliente faz o Pix da primeira parcela no dia da compra e depois irá receber aviso para os demais, que ocorrem em 15, 30 e 45 dias.

O vendedor recebe os recursos, descontada as taxas, no dia seguinte à compra.

Weaver diz que as tarifas cobradas variam de acordo com o porte do varejista e que são inferiores às taxas das empresas de cartão de crédito. No entanto, não revela os percentuais e nem a taxa de inadimplência da operação.

“Quando o Pix Garantido entrar em funcionamento, o cliente fará só uma operação e não mais quatro como é atualmente, mas já somos uma alternativa ao cartão de crédito”, conta.

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