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Novo recorde: resgate da poupança supera R$ 40 bilhões no 1º trimestre

Em abril, até o dia 14, saques chegam a R$ 5,92 bilhões, segundo o Banco Central

Foto: Shutterstock

Os saques da caderneta de poupança atingiram R$ 40,31 bilhões no primeiro trimestre do ano, o maior valor já registrado para o período desde o início da série, iniciada em 1995 pelo Banco Central (BC). O recorde para o período era de 2021, quando os aportes superaram os resgates em R$ 27,54 bilhões.

Os dados fazem parte do relatório de poupança do BC, divulgados mensalmente no quarto dia útil do mês subsequente. No entanto, devido à paralisação dos servidores da autarquia, as divulgações estão saindo com atraso.

O BC também já divulgou uma parcial dos dados de abril. A sangria continua. Até o dia 14, os resgates somavam R$ 5,92 bilhões.

O cenário macroeconômico tem corroborado para a sequência de saques, embora as motivações sejam diferentes.

De um lado, o movimento de alta dos juros estimula os investidores a procurem alternativas mais rentáveis. A taxa Selic está em 11,75% ao ano. Nesse cenário, a tradicional caderneta acaba sendo pouco competitiva.

 

Um dos sinais dessa migração é a captação dos fundos de renda fixa no ano. Essas carteiras tiveram aportes acima dos resgates que totalizaram R$ 148 bilhões, segundo dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).

Há um outro fator que também contribui para os resgate, neste caso, mais relacionado à pressão que as famílias estão tendo sobre os gastos. Com a inflação em alta, as pessoas de menor renda acabam tendo que recorrer à reserva financeira para conseguir saldar as despesas cotidianas. A inflação nos 12 meses encerrados em março, medida pelo IPCA, acumulava alta de 11,30%.

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Apesar do resgate recorde no mês passado, a poupança acumula um saldo total de R$ 1,003 trilhão. Ao final de 2021, somava R$ 1,030. A título de comparação, o patrimônio dos fundos de previdência privada no Brasil é de R$ 1,075 trilhão segudo dados da Anbima.

Remuneração

O brasileiro que tem recursos aplicados na caderneta de poupança recebe uma remuneração de 6,17% ao ano mais a variação da TR (taxa referencial, que está em 0,0928% ao ano). Ao mês, a rentabilidade da poupança está em 0,59%.

A poupança, mesmo com rendimentos isentos do Imposto de Renda (IR), tem um retorno abaixo de outras alternativas também consideradas seguras, como o Tesouro Selic 2024, que está pagando a taxa básica (11,75% ao ano) mais 0,1285%.

Outra alternativa mais vantajosa ao investidor na comparação com a poupança é a oferta de papéis de bancos. É possível encontrar CDBs com remuneração de 110% do CDI, que tem taxa equivalente à Selic. Por serem instrumentos de renda fixa, há a incidência de IR sobre os rendimentos, mas ainda assim o rendimento líquido é mais vantajoso que o entregue pela poupança.

Tanto a poupança como os produtos bancários (CDBs e as letras de crédito agrícola e imobiliária, conhecidas como LCIs e LCAs) possuem a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) , que é a cobertura que o investidor recebe caso a instituição venha a quebrar ou sofrer intervenção do BC. Essa proteção é limitada a R$ 250 mil por investidor e instituição financeira.

Mas caso o investidor queira fazer a migração, é bom ficar atento aos prazos ofertados pelos demais instrumentos financeiros, já que nem todos possuem liquidez diária, como a poupança, ou seja, o recurso pode ser resgatado a qualquer momento.

Vale ressaltar, porém, que o rendimento da poupança incide só na data de aniversário da aplicação. Se a aplicação for feita em 25 de abril, por exemplo, o investidor só terá acesso ao rendimento dela se fizer o saque dos recursos da poupança em 25 de maio. Se o valor for sacado antes, o rendimento do mês será perdido.

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