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Fundo de “reserva imediata” do Nubank investia na Americanas; o que fazer?

No acumulado do ano, "Nu Reserva Imediata" acumula rentabilidade negativa de 0,26%

Foto: Shutterstock/Alf Ribeiro

Junto com o rombo na Americanas (AMER3), veio à tona os fundos que tinham papéis da varejista e que amargaram perdas desde a eclosão do escândalo contábil. Um deles é o “Nu Reserva Imediata”, do Nubank (NUBR33), que possui mais de 1,3 milhões de cotistas e tinha debêntures da empresa.

Até o evento, esse fundo estava com um rendimento de 109% do CDI. Na avaliação de Letícia Camargo, planejadora financeira com certificação CFP, esse é um indicativo de que a carteira investia em ativos de maior risco.

“Na reserva de emergência, liquidez e baixo risco devem ser priorizados, uma vez que o dinheiro é para lidar com imprevistos. Se um fundo está pagando 109% do CDI, não tem mágica, é porque tinha opções mais arriscadas”, conta.

Saiba abaixo como funciona o fundo do Nubank, as melhores opções de investimentos para reserva de emergência e a recomendação de especialistas para quem tem recursos na aplicação.

O que é o fundo?

O fundo do Nubank acumulou desde o seu início, em 13 de janeiro de 2022, rentabilidade de 13,6% até o dia 12 de janeiro – foi na noite deste dia que foi divulgado o escândalo da Americanas.

Quando se coloca as perdas registradas no dia 13 de janeiro, essa rentabilidade cai para 12,7%. Considerando apenas o rendimento no acumulado de 2023, a variação está negativa em 0,26%.

A carteira tem um patrimônio de R$ 2,5 bilhões e 1,326 milhão de cotistas, segundo dados da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Dados da autarquia mostram que pouco mais de 20% do patrimônio está aplicado em debêntures.

Leia mais:

O dado mais recente com o detalhamento da carteira do Nu Reserva Imediata é de setembro e apontam que 1% estava em debêntures da Americanas.

Reserva de emergência

Para Camargo, esses recursos devem ficar em opções consideradas seguras. A principal delas é o Tesouro Selic, em que não há cobrança de taxa de custódia (0,20%) para os valores até R$ 10 mil.

Outras opções são os papéis bancários, os CDBs (certificados de depósitos bancários), de instituições bem avaliadas e que paguem 100% com liquidez diária. Esse investimento, até o limite de R$ 250 mil, está sob o guarda-chuva do FGC (Fundo Garantidor de Crédito), ou seja, o investidor será ressarcido caso ocorra algo com o emissor.

Mas e os fundos? Os fundos DI também são uma opção para a reserva de emergência, mas eles precisam ter uma gestão conservadora, ou seja, aplicar basicamente apenas em títulos públicos pós-fixados. Entram nessa categoria os Fundos Simples, que precisam aplicar no mínimo 95% de seu patrimônio líquido em títulos públicos ou em ativos com mesmo risco de crédito.

Os fundos de renda fixa, como o “Nu Reserva Imediata”, podem aplicar parte do patrimônio em crédito privado. Outras carteiras fazem o mesmo com o objetivo de entregar um rendimento acima do CDI.

“Mas fazer isso não é muito adequado se a proposta é ser uma reserva de emergência”, avalia a planejadora.

Em sua página, o Nubank informa que o “Nu Reserva Imediata” é de baixo risco e de alta liquidez.

“Ele é um fundo DI – ou seja, um fundo composto por títulos de Renda Fixa atrelados à taxa CDI e à taxa Selic, o que o torna indicado para investidores que não querem correr muitos riscos e com uma expectativa de retorno melhor que o da poupança”, dizem informações do site da empresa.

Opção dos gestores

Michael Viriato, estrategista da Casa do Investidor, lembra que o fundo do Nubank apresentou um bom rendimento recente, mas quem investiu recentemente e vai precisar do dinheiro logo, terá que assumir a perda.

“Ele teria que esperar o fundo se recuperar para sacar esse dinheiro. O crédito privado é uma alternativa para o gestor entregar um rendimento maior”, conta.

No entanto, ele considera que quando se pensa apenas em segurança, o mais seguro para uma reserva de emergência é o Tesouro Selic.

As outras alternativas são os CDBs de liquidez diária de grandes bancos e os fundos Simples, com taxa de administração de preferência nula – mais que 0,5% já pode ser considerada uma taxa alta.

Uma outra forma de fazer a gestão da reserva de emergência é aplicá-la em opções com resgates escalonados ao longo do tempo. Por exemplo, se a reserva é equivalente a seis meses dos gastos do investidor, um sexto deve ficar em uma opção de liquidez imediata e o restante em CDBs que vençam em 30, 60, 90 dias e assim por diante.

“Faz sentido escalonar no tempo e conseguir um retorno um pouco maior”, diz.

Sobre o fundo do Nubank, o estrategista lembra que até a eclosão do escândalo, os papéis da Americanas eram classificados como baixo risco de crédito e por isso estavam nas carteiras de alguns fundos de renda fixa vistos como conservadores.

“Se é o investidor que entrou no fundo na semana passada, agora ele vai precisar esperar para recuperar essa perda. Não é o momento de sair”, aconselha.

O que diz o Nubank

Procurada, a Nu Asset Management, gestora de fundos de investimentos do Nubank, afirmou que a aplicação tem estratégia para ser opção de baixo risco e alta liquidez, e que o fundo tem grau de investimento e estratégia de diversificação.

Afirmou ainda que segue o limite regulatório para investimentos em crédito privado, e que a aplicação em debêntures da Americanas “já foi revista” pela gestora.

Veja abaixo a nota completa:

A Nu Asset Management, gestora de fundos de investimentos do Nubank, esclarece que o fundo de renda fixa “Nu Reserva Imediata” possui estratégia desenhada para ser uma opção de baixo risco e altíssima liquidez, e busca performance acima do CDI ao longo do tempo. O Nu Reserva Imediata é um fundo de renda fixa com grau de investimento, possui rentabilidade nominal positiva de 2,72% nos últimos 90 dias, e segue trajetória de rentabilidade de longo prazo, apoiada pela diversificação de investimentos.

Assim como dezenas de fundos no mercado com o mesmo perfil, o Nu Reserva Imediata também investe em ativos de crédito privado, dentro de um limite regulatório. A pequena parcela de investimento em debêntures das Lojas Americanas, historicamente avaliada como Triple A por diferentes casas de rating, já foi revista pela Nu Asset Management.

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