A WEG (WEGE3), uma multinacional brasileira que atua na produção de motores e outros equipamentos elétricos, e a Minerva (BEEF3), uma das maiores companhias de alimentos do país, ganharam moral entre os analistas do Itaú BBA e cada uma entrou em uma lista específica de ações preferidas do banco de atacado do Itaú.
A WEG, considerada uma das empresas mais resilientes entre as listadas na Bolsa, passou a integrar a carteira das cinco ações favoritas dos analistas da instituição, o chamado Top 5, enquanto a Minerva entrou na seleção de papéis recomendados para investidores que querem companhias que pagam bons dividendos, também composta por cinco empresas.
Ambas entraram, respectivamente, no lugar de Sabesp e Copasa — duas estatais de saneamento básico, a primeira de São Paulo e a segunda de Minas Gerais, cada uma com um plano de privatização em andamento.
E não é coincidência que as duas substituídas tenham tantas características em comum. No relatório em que explica as trocas, distribuído a clientes no domingo (18), os analistas Victor Natal e Paulo Folha afirmam que ficaram mais cautelosos em relação às duas pelo mesmo motivo: as recentes indicações da equipe de transição do novo governo de que o marco do saneamento, a lei que regula o setor, pode ser alterado, com mudanças que piorariam o cenário para as duas empresas em uma eventual privatização.
Isso não significa que Sabesp e Copasa deixaram de ser consideradas boas empresas pelos analistas. Eles ressaltam no relatório que companhias com preços atrativos e que atuem em mercados resilientes são sempre bons nomes, especialmente para atravessar momentos de volatilidade, e reconhecem que Sabesp e Copasa são ações que atendem a essas características, mas as recentes notícias de Brasília deixaram os profissionais do Itaú BBA com o pé atrás. “Sendo assim, preferimos nos distanciar do setor”, escrevem.
Top 5
No caso da mudança feita na carteira Top 5, os analistas afirmam que acreditavam que um potencial processo de privatização da Sabesp poderia gerar grande valor para a companhia, uma vez que eles enxergam um espaço relevante para melhorias de eficiência nos próximos anos.
O mercado, inclusive, avaliou positivamente a vitória de Tarcísio de Freitas (Republicanos) para o governo de São Paulo, uma vez que ele se mostrou favorável à privatização, ao contrário do seu concorrente no segundo turno, o petista Fernando Haddad, que agora se prepara para ser o ministro da Fazenda no governo de Luiz Inácio Lula da Silva a partir de 2023.
Apesar do otimismo com a privatização da Sabesp, o Itaú BBA destaca que as potenciais mudanças no marco do saneamento estudadas pela equipe de transição podem dificultar esse processo.
“No texto atual, se uma companhia estatal é privatizada, ela pode manter seus contratos com os munícipios. Caso esse trecho da regulamentação seja revisto, essas companhias poderiam perder grande parte de seu valor em uma eventual privatização”, afirmam Natal e Folha.
Ao incluir a WEG no lugar da Sabesp, eles argumentam que se trata de uma empresa de “qualidade inquestionável” e receitas diversificadas, ou seja, uma boa opção para cenários turbulentos.
A companhia, eles lembram, está exposta a diversas geografias – aproximadamente 55% das receitas estão relacionadas ao mercado exterior – e a tendências seculares, tanto de eletrificação da matriz energética quanto de migração para fontes renováveis.
“Dessa forma, tende a ser mais resiliente aos ciclos econômicos negativos do que seus pares”, explicam os analistas.
Por volta de 12h10, as ações da WEG operavam em alta de 2,33% nesta segunda-feira (19), a R$ 38,27. O preço-alvo estimado pelo Itaú BBA é de R$ 44, uma valorização potencial de 17,64% em relação ao fechamento de sexta-feira (16), que foi de R$ 37,40.
Além da WEG, o Top 5 do Itaú BBA é composto por Prio (PRIO3), BB Seguridade (BBSE3), Equatorial (EQTL3) e Suzano (SUZB3).
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Carteira de dividendos
Em relação à saída da Copasa da carteira de dividendos, os analistas do banco ressaltam que, apesar de atribuírem probabilidade menor a uma privatização da companhia, eventuais mudanças no marco do saneamento são igualmente negativas para a empresa.
A Minerva foi escolhida para ser a substituta devido ao bom momento operacional da empresa, além do preço atrativo da ação. “O aumento da disponibilidade de gado no Brasil permitirá à companhia atingir margens acima do seu histórico no próximo ano, levando a uma geração de caixa robusta”, escrevem no relatório.
No terceiro trimestre, a Minerva registrou uma margem em relação ao Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) de 9,6%, alta de 0,8 p.p (ponto percentual) em comparação ao nível de um ano antes.
Além disso, no patamar atual de preços, o Itaú BBA estima um potencial de valorização de aproximadamente 60% para o ano de 2023. A projeção leva em consideração o múltiplo P/L, um dos cálculos feitos pelo mercado para identificar se uma ação está barata ou cara. Basicamente compara-se o preço da ação com o lucro estimado para 12 meses dividido pelo preço da ação. Quanto menor o preço atual for em relação ao lucro por ação, mais barata a empresa está.
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Segundo os analistas BBA, o preço por ação supera o lucro previsto por ação em 4,2 vezes, o que significa um desconto de 11% em relação à média dos últimos dois anos.
Por volta de 12h10, as ações da Minerva operavam em queda de 0,57% nesta segunda, a R$ 12,29. O preço-alvo estimado pelo Itaú BBA é de R$ 20, uma valorização potencial de 61,81% em relação ao fechamento de sexta, que foi de R$ 12,36.
De acordo com dados disponíveis na plataforma do TradeMap, o dividend yield — a taxa de retorno dos dividendos pagos em relação ao preço da ação — da Minerva para os últimos 12 meses está em 4,54%. Para 2023, o Itaú BBA projeta uma taxa de 12,2%.
Além da Minerva, a carteira de dividendos do banco conta com B3 (B3SA3), CPFL Energia (CPFE3), Marcopolo (POMO4) e Vibra Energia (VBBR3).