Vamos (VAMO3) tem lucro recorde e bate meta de investimentos para o ano – veja o que diz o CFO

Lucro líquido da companhia tem alta de 34,7% no terceiro trimestre, para R$ 150 milhões

Foto: Shutterstock/T. Schneider

Após mais um trimestre de crescimento de lucros, a locadora de caminhões e máquinas Vamos (VAMO3) chegou, ao fim de setembro, chegou ao intervalo da sua expectativa (guidance) de investimentos para o ano.

Agora, o objetivo é superar o ponto máximo da projeção, ou “estourar o teto do guidance”, como disse o CFO da companhia, Gustavo Moscatelli, em entrevista à Agência TradeMap.

Ao fim do terceiro trimestre, o volume de investimentos que a empresa terá de fazer com base em contratos já fechados com clientes, indicador conhecido como “Capex contratado”, chegou a R$ 4,55 bilhões.

A meta da companhia para o ano era entre R$ 4,3 bilhões e R$ 4,8 bilhões. “Espero chegar ao final do ano e falar que estouramos o teto do guidance”, declarou Moscatelli.

“O Capex [contratado] talvez seja um dos indicadores que o mercado mais olha, porque mostra se estamos gerando novos contratos e se a companhia está crescendo”, afirma o CFO.

Esta, porém, não foi o único indicador a se destacar. A Vamos fechou o terceiro trimestre deste ano com lucro líquido de R$ 150 milhões, crescimento de 34,7% na comparação com o mesmo período de 2021. A receita líquida, por sua vez, teve expansão de 66%, para R$ 1,38 bilhão.

Na frente de rentabilidade, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) no período foi de R$ 554,3 milhões, alta anual de 90,2%, enquanto a margem Ebitda foi de 40,9%, contra 35,2% no terceiro trimestre de 2021.

Confira a seguir a entrevista completa com Gustavo Moscatelli, CFO da Vamos.

Qual foi o grande destaque do balanço da Vamos, na sua visão?

O grande destaque, sem sombra de dúvidas, é o lucro líquido recorde, em uma marca importante de R$ 150 milhões. Entregamos crescimento de lucro em todos os trimestres dos últimos quatro anos. Acho que isso mostra resiliência e o quão forte é o modelo de negócios da companhia, que atravessou nesses últimos quatro anos todos os períodos de instabilidade e volatilidade macroeconômica e, mesmo assim, conseguiu crescer trimestre após trimestre. Acho que este é, talvez, o principal destaque do trimestre. Mas além disso muita coisa aconteceu.

E quanto à meta de investimentos da Vamos para 2022?

O investimentos em novos negócios, conhecido como Capex, talvez seja um dos indicadores que o mercado mais olha, porque mostra se estamos gerando novos contratos e se a companhia está crescendo. Entregamos R$ 1,5 bilhão de Capex no trimestre, ritmo dos últimos dois trimestres. Com isso chegamos em R$ 4,5 bilhões de Capex no ano, que é o ponto médio do guidance para o ano todo. Atingimos o guidance para o ano em setembro. Esse também é um destaque importante, porque mostra que a companhia conseguiu crescer mais do que esperávamos e mais do que tínhamos nos comprometido com o mercado.

O último follow-on ajudou na alavancagem?

Fizemos o IPO da companhia em janeiro do ano passado, fizemos o primeiro follow-on em setembro do ano passado, e em setembro deste ano fizemos o segundo follow-on, uma operação super bem-sucedida. Captamos R$ 641 milhões e, com isso, trouxemos o nível de alavancagem da companhia de 3,3 vezes [dívida líquida sobre Ebitda] para 2,6 vezes. A companhia está com um balanço bastante robusto, desalavancado e pronto para um novo ciclo de crescimento, que é o que estamos entregando todo trimestre.

Relembre:
Vamos (VAMO3) anuncia follow-on de 48,4 milhões de novas ações

A margem dos seminovos teve uma pequena redução no ano, mas seguiu praticamente estável, enquanto a expectativa é que as locadoras de automóveis vejam uma retração maior. Como vocês conseguiram manter a margem? Essa tendência deve continuar?

Tivemos uma margem estável quando comparada com o terceiro trimestre do ano passado, mas contra o segundo trimestre deste ano ela até ampliou um pouco. Agora continuaremos tendo margens elevadas nas vendas de ativos porque, diferente do segmento de veículos leves, nosso ciclo de negócios é de longo prazo, com contratos de quatro a sete anos. Então, toda a valorização registrada em nossos caminhões e máquinas só será reconhecida ao longo dos contratos e na venda dos ativos. Os contratos vão vencendo e vamos vendendo a frota que estava locada. Então devemos ver uma manutenção desta margem em patamares bastante elevados nos próximos anos.

Com todo esse dinheiro em caixa, vocês estão de olho em aquisições? Ou o foco está no crescimento orgânico?

O foco está 100% no orgânico. Estamos inseridos em um mercado que está no começo de seu desenvolvimento, somos pioneiros e temos uma posição de liderança absoluta. Então não temos um outro player que poderia ser um alvo para aquisição. Todo o nosso esforço, todo o nosso capital humano e financeiro está dedicado para o desenvolvimento orgânico da companhia.

Recentemente novas empresas têm anunciado a entrada neste mercado. Isso é visto com preocupação?

Não. As empresas que anunciaram são empresas que respeitamos muito. Então acho que o primeiro ponto é que isso traz uma chancela definitiva de que o modelo de negócios é bom, para quem está oferecendo e para quem está alugando. Esse é um primeiro ponto importante, porque muitas vezes gastamos bastante tempo explicando para o cliente quais são os benefícios. Acho que isso mostra que o modelo é viável e que faz sentido.

Mas o ambiente competitivo, que hoje praticamente não existe, vai existir, ou por meio destes players, com contratos menores e mais voltados para o varejo, ou por um outro player que pode entrar no mercado. Mas a nossa escala é uma barreira de entrada para novos players. Hoje temos 35 mil ativos locados. O valor desses ativos no nosso balanço é de R$ 9,5 bilhões, mas o valor de mercado é de pelo menos R$ 13 bilhões. Estamos falando de uma empresa que tem uma escala muito grande e, neste negócio, para conseguir comprar bem e fazer uma boa gestão dos ativos, é preciso ter escala. Mas com certeza alguém irá se organizar e entrar.

Veja análise:
Vamos (VAMO3) já deve se preocupar com maior concorrência em locação de caminhões e máquinas?

E a instabilidade no cenário macroeconômico e político pode ser uma ameaça?

Como eu comentei, se olharmos os últimos quatro ou cinco anos da companhia, acho que passamos por bastante volatilidade em todos os sentidos, mas acho que o modelo de negócio se provou bastante resiliente e aderente a qualquer ciclo econômico. A volatilidade vai existir, independente do governo, mas acho que os fundamentos do nosso negócio são muito mais sólidos do que isso.

Estamos em um mercado que ainda está no começo de seu desenvolvimento, então ainda tem muita oportunidade de crescimento. E a nossa proposta de valor para o cliente entrega uma economia relevante, além de uma eficiência operacional. Isso transcende um pouco a questão de volatilidade macroeconômica. Eu não vejo isso como uma preocupação, mas até como uma oportunidade, dado que estamos bem estruturados e conhecemos o mercado, conhecemos a necessidade do cliente e sabemos que, na hora de maior instabilidade, ele retrai um pouco os investimentos, mas para continuar operando ele precisa do caminhão e da máquina.

A Truckvan entrou no balanço agora. Como vocês estão vendo esses resultados e como está indo a integração?

A Truckvan entrou nos resultados neste trimestre. A empresa é espetacular, superorganizada, e acho que tem muita sinergia para capturarmos daqui para frente. Estamos no começo desse processo, mas vemos muita oportunidade de sinergia, dado que eles produzem parte do ativo que nós alugamos, que são os implementos. Tem também bastante sinergia com equipe comercial, pontos de venda, força da marca. Mas neste trimestre ainda não fizemos isso, estamos nos organizando para capturar isso daqui para frente.

Leia:
Vamos (VAMO3) compra Truckvan e começará a atuar com implementos rodoviários

Vocês bateram o guidance de Capex. As projeções para o ano foram alteradas?

Decidimos não revisar o guidance, mesmo já tendo chegado ao ponto médio, justamente por esperar um quarto trimestre com bastante volatilidade por toda a política, pela Copa do Mundo e pelo final do ano, em que a indústria começa a parar de produzir no meio de dezembro, em alguns casos até antes. Então preferimos não revisar o guidance, mas temos expectativas muito boas. Outubro está sendo um mês excelente.

Esse é um pouco da minha abordagem ao longo dos últimos anos. Eu prefiro prometer um número menor e entregar mais, do que o contrário. Mas espero chegar no final do ano e falar que estouramos o teto do guidance.

Compartilhe:

Mais sobre:

Leia também:

Destaques Econômicos – 21 de maio

Nesta quarta-feira (21) o calendário econômico traz atualizações relevantes que podem impactar os mercados. Veja os principais eventos do dia e suas possíveis consequências: Quarta-feira

Mais lidas da semana

Uma newsletter quinzenal e gratuita que te atualiza em 5 minutos sobre as principais notícias do mercado financeiro.