Apesar do preço do petróleo ter recuado 35% desde o pico de US$ 140 atingido após a invasão da Ucrânia pela Rússia, os preços das commodities agrícolas ainda continuam historicamente altos um ano após o início da guerra.
O mercado aguarda a renovação do acordo do Mar Negro, assinado em julho do ano passado entre Rússia e Ucrânia, com intermediação da Turquia e da ONU (Organização das Nações Unidas ), que permitiu à Ucrânia exportar grãos pelo Mar Negro, via que até estão estava bloqueada pela Rússia. O prazo, que já foi renovado uma vez, expira em 18 de março.
“A Ucrânia está supostamente pressionando para que o acordo seja estendido por um ano para fornecer alguma segurança nas receitas de exportação”, apontou a Capital Economics em relatório divulgado em 24 de fevereiro.
A Ucrânia é um relevante exportador de trigo e de fertilizantes, e uma não renovação do acordo pode trazer uma pressão de alta para os preços de alimentos. “Uma falha na extensão do acordo pode levar a um aumento nos preços de alimentos, o que pode pressionar países de baixa renda”, disse a gestora Schroders em relatório divulgado hoje.
O índice CRB, que acompanha a variação dos preços das commodities agrícolas, sobe 5,39% em 12 meses, enquanto que o índice que acompanha os preços dos metais recua 7,83% no período.
A Capital Economics destaca, no entanto, que a expectativa de um aumento na oferta de grãos, principalmente de trigo por parte dos Estados Unidos, deve ajudar a aliviar o aumento de preços.
Segundo a Schroders, o recuo dos preços dos alimentos desde o pico atingido após o início da guerra na Ucrânia foi possível porque a economia mundial está em desaceleração. Mas quando começar uma recuperação, a demanda por commodities deve crescer e pode pressionar os preços para cima. ” Isso poderia levar a uma inflação mais alta, o que pode enfraquecer poder de compra das famílias e afetar o crescimento”, disse em relatório.
A gestora afirma que, embora uma crise de energia tenha sido evitada na Europa graças ao armazenamento de gás antes do inverno, que foi importado de outros países fora da Rússia, não está descartada uma recessão da economia da União Europeia.
Nesse sentido, a reabertura da China, após a adoção de medidas de restrições para combater a pandemia da Covid-19, é um fator essencial para manter os preços das commodities em patamar elevado, afirma a Capital Economics em relatório.
O dado do IPCA-15, que é uma prévia do dado de inflação divulgado pelo governo, mostrou que a alta dos preços de alimentos no Brasil desacelerou de janeiro para fevereiro.
A variação do grupo alimentação e bebidas passou de 0,55% em janeiro para 0,39% em fevereiro. Em 12 meses, no entanto, ainda está em dois dígitos, em 10,61%.
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