Inflação, alta de juros nos Estados Unidos, fim do rali em Wall Street, oportunidades na China, impacto da Ômicron. Segundo o UBS, esses são os cinco temas mais relevantes para você, investidor, ficar de olho neste início de ano. Mais do que isso, a instituição apresenta as perspectivas para cada um dos assuntos.
Em relatório assinado por Mark Haefele, Chief Investment Officer (CIO) da área global de gestão de patrimônio, o banco destaca também o começo de 2022 marcado por maior volatilidade dos mercados, em meio a preocupações com o ritmo de aperto pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) e com a rápida disseminação da variante Ômicron pelo mundo.
O Fed vai colocar um ponto final ao rali das ações?
Apesar dos três aumentos previstos pelo UBS para a taxa básica de juros nos EUA em 2022, a expectativa é que o movimento não atrapalhe a tendência de alta das ações nem afete negativamente as perspectivas de lucros corporativos.
Na visão do banco, o desempenho das companhias serão amparados por um crescimento robusto da economia, pelos fortes gastos dos consumidores e pelo acesso ainda fácil a capital.
O UBS espera um avanço dos lucros das empresas que compõem o índice S&P 500 na casa dos 12% neste ano e de 9%, em 2023.
“Historicamente, o início de um ciclo de aperto do Fed não descarrilou o desempenho das ações. Desde 1983, o S&P 500 subiu 5,3% em média nos três meses anteriores ao primeiro aumento da taxa de juros e outros 5,3% nos seis meses seguintes”, destacou a instituição no relatório.
A Ômicron vai atrapalhar o rali das ações?
Na avaliação do UBS, a Ômicron não vai impedir o rali de ações no mercado americano. Por ser mais transmissível e menos letal que a cepa anterior, a nova variante de Covid-19 deve ter uma onda de curta duração, diz o banco.
Para a instituição, isso é um bom indicador, uma vez que em outros momentos da pandemia houve uma pronta recuperação após o pico de casos.
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A inflação veio para ficar?
As medidas adotadas pelo banco central americano têm como objetivo conter a alta na inflação, que atingiu, dezembro, o maior patamar dos últimos 40 anos.
Ainda que a pressão permaneça elevada no curto prazo, em meio aos efeitos do aumento dos casos de Covid, com reflexo sobre a disponibilidade de mão de obra e na economia, o UBS vê uma normalização dos preços em breve.
Para o banco, a inflação global deve atingir o teto no primeiro trimestre e recuar para 2% até o fim do ano.
“À medida que o crescimento normalizar, o aumento extraordinário visto na demanda será moderado”, afirma.
Quando vai valer a pena investir em tecnologia?
O investimento no segmento de tecnologia vai depender do nível de alocação do investidor. Segundo o UBS, as seis indústrias da área (semicondutores, hardware, mídia digital, comércio eletrônico, software e serviços) constituem um terço das ações globais em capitalização de mercado.
Para investidores com superexposição às techs, o UBS recomenda a redução de posição a favor de setores tidos como mais cíclicos, como de energia e financeiro.
O UBS sugere também um rebalanceamento para evitar risco de concentração em segmentos que tiveram um desempenho extremamente positivo. Ações small e mid-caps e de inteligência artificial, big data e segurança cibernética são opções apontadas pelo banco.
Além dessas sugestões, investidores subexpostos em techs podem aproveitar a volatilidade contínua para construir gradualmente exposição a ações de tecnologia de qualidade, segundo a instituição financeira.
O UBS vê risco de baixa adicional de 5% a 10% do setor de tecnologia, mas ressalta que a premissa deve ser levada em conta em um contexto de expectativa de crescimento de 15% no lucro das empresas do segmento neste ano.
Com a corrida por eletrônicos e outras soluções para o home office, respeitando o distanciamento social exigido pela pandemia, o Nasqad atingiu o pico recorde em novembro e depois teve queda de 7,4% em meio a preocupações com a alta de juros americanos.
As ações da China chegaram ao piso?
Após atingir um recorde em fevereiro de 2021, o índice MSCI China caiu no decorrer do ano, pressionado por preocupações com regulamentação da tecnologia e do mercado imobiliário, destaca o banco.
Em 2022, contudo, o indicador voltou a subir, com crescimento de 1,7%, na contramão das Bolsas americanas, o que parece ser um bom presságio para o mercado asiático, na avaliação do UBS.
Embora a volatilidade não possa ser descartada no curto prazo, a instituição acredita que a maior parte dos temores com relação à China já está precificada. Além disso, espera uma aceleração do crescimento do consumo especialmente na segunda metade do ano, com investimentos em infraestrutura e gastos com segurança digital e tecnologia no país.