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Tesouro Direto: taxas voltam a bater recorde após novas críticas de Lula ao BC

Juros de títulos IPCA+ 2045 dispararam para 6,57% na primeira atualização desta manhã

Foto: Shutterstock/Brian A Jackson

As taxas dos títulos do Tesouro Direto vinculados à inflação voltaram a disparar para níveis recorde nesta sexta-feira (3), acompanhando o movimento do mercado de juros após novas críticas de Lula ao Banco Central (BC).

Na primeira atualização do dia, os papéis do IPCA+ 2045 tinham taxas de 6,57%, contra o encerramento em 6,49% na véspera. O movimento também foi observado em outras opções com vencimentos mais longos, tradicionalmente mais suscetíveis à volatilidade.

A taxa dos títulos IPCA+ com juros semestrais e vencimento em 2032 subia a 6,41% (ante 6,30% ontem), enquanto as opções com juros semestrais para 2040 e 2055 registravam avanço das taxas para 6,52%.

As taxas já haviam batido recorde em janeiro, diante de um início de ano conturbado, com ruídos sobre medidas econômicas que seriam tomadas pelo governo e a invasão dos prédios dos Três Poderes por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O movimento desta manhã reflete o aumento dos juros, em especial para prazos mais alongados, diante da expectativa dos investidores de mais turbulência à frente.

Por volta das 12h05, os contratos futuros para abril de 2026 tinham alta de 22 pontos-base, a 13,09%, segundo dados disponíveis na plataforma TradeMap. Já as opções para janeiro de 2029 subiam 17 pontos-base, a 13,24%.

Lula volta a criticar o Banco Central

Segundo Rodrigo Caetano, analista da Toro Investimentos, o estresse na curva de juros é consequência das novas críticas do presidente Lula ao BC.

Em entrevista à RedeTV, Lula deu a entender que pode tentar rever a autonomia do BC quando terminar o mandato do atual presidente, Roberto Campos Neto.

“Quero saber do que serviu a independência. Eu vou esperar esse cidadão [Campos Neto] terminar o mandato dele para a gente fazer uma avaliação do que significou o banco central independente”, disse o presidente.

Quando foi perguntado se poderia haver mudança na autonomia da instituição – o que é defendido por uma ala do PT – Lula afirmou que isso é “irrelevante”. “Eu acho que pode, mas… quero dizer que isso é irrelevante para mim. Isso é irrelevante, isso não está na minha pauta. O que está na pauta é a questão da taxa de juro”, disse.

Payroll acima do esperado reforça temor

Além das turbulências domésticas, o cenário externo também ajuda a elevar os juros brasileiros. Dados do payroll americano divulgados nesta manhã mostraram a criação de 515 mil empregos pela economia dos Estados Unidos em janeiro, muito acima dos 190 mil esperados pelo mercado.

O mercado de trabalho aquecido por lá é um fator de pressão inflacionária e diminui as chances de o Federal Reserve, o banco central americano, encerrar mais cedo o movimento de alta dos juros.

Saiba mais:

Nesta quarta-feira (1º), o Fed elevou os juros em 25 pontos-base, para a faixa de 4,50% a 4,75% ao ano, e sinalizou que deve manter este ritmo de alta nos próximos meses.

A expectativa dos investidores era de que eventualmente o Fed interrompesse a alta dos juros, visto que o próprio banco central reconheceu que a inflação está começando a desacelerar.

Para Gabriel Meira, especialista da Valor Investimentos, os dados do payroll de hoje jogam um balde de água fria nessa visão mais otimista.

“Os Estados Unidos devem subir os juros ainda mais do que já era precificado, isso puxa a Bolsa lá fora para baixo e os juros aqui no Brasil para cima”, explica.

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