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Tesouro Direto: taxas de títulos Tesouro IPCA+ batem recorde em janeiro; é hora de comprar?

Prêmios ficam pressionados em meio a incertezas com os primeiros passos do governo federal

Foto: Shutterstock/Brenda Rocha - Blossom

O aumento das incertezas com os primeiros passos do novo governo, com receio de deterioração das contas públicas, e o início conturbado de ano, após a invasão aos Três Poderes, em Brasília, levaram ao crescimento praticamente generalizado das taxas de títulos públicos negociados no Tesouro Direto em janeiro.

O estresse ficou mais latente nos papéis com prazos mais longos e vinculados à inflação, com prêmios que chegaram a 6,51% no caso do Tesouro IPCA+ com vencimento em 2045 – a taxa mais alta desde o início da negociação do papel, em fevereiro de 2017.

Vale lembrar que o movimento das taxas é inversamente proporcional ao dos preços, ou seja, quanto maiores os juros, mais desvalorizados ficam os títulos.

Os dados foram publicados na tarde desta quarta-feira (1º) pelo Tesouro Nacional. Normalmente, as taxas são atualizadas na parte da manhã, mas o relatório de janeiro atrasou por problemas técnicos da instituição.

Queda generalizada de preços no Tesouro Direto

Sem contar o recém-lançado Tesouo RendA+, das 11 opções disponíveis atualmente para compra no Tesouro Direto, apenas o retorno do Tesouro Prefixado 2026 não ficou negativo, com leve alta de 0,01%. Todos os títulos públicos perderam para o rendimento do CDI do período, de 1,12%.

Os papéis com retornos atrelados à inflação foram os que mais perderam valor durante janeiro. O maior recuo foi puxado pelo título com vencimento em 2045, com desvalorização de 8,06%.

Confira a seguir o desempenho de todos os títulos públicos disponíveis atualmente para compra no Tesouro Direto em janeiro e nos últimos 12 meses.

E lembre-se que você só terá as perdas ou os ganhos indicados se vender os papéis antecipadamente. Se os títulos forem carregados até o vencimento, o retorno vai respeitar as taxas e as condições contratadas no momento da aquisição.

Incertezas persistem

A virada para 2023 trouxe junto parte das incertezas que marcaram o ano passado, com juros altos no Brasil e ao redor do mundo e o temor de a economia global caminhar para uma recessão.

Como adendo a esses fatores, o início do novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva trouxe ainda mais pressão sobre os investidores.

Se tradicionalmente os períodos de transição já são marcados por instabilidades, a nova gestão reforçou o temor ao dar sinais contraditórios sobre a condução da política fiscal.

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Entre os principais pontos de tensão, analistas pontuam as críticas de Lula ao teto de gastos e à independência do Banco Central.

Para Camilla Dolle, head de renda fixa da XP, o cenário de volatilidade ainda deve persistir até que o clima político esteja mais claro.

“Vimos semanas que os juros abriram bastante e depois caíram. Ainda há bastante coisa para ser entendida, e isso deve trazer volatilidade nas taxas”, explica.

Diante de tantas dúvidas, os papéis vinculados à Selic ainda são as melhores apostas para os investidores, destacam os analistas.

Hoje, os juros estão em 13,75% ao ano, com grande possibilidade de se manterem pressionados neste patamar durante a maior parte de 2023, o que deve gerar grandes retornos a um nível de risco bastante mitigado.

“Parece que vamos ficar nesse patamar por um bom tempo, com notícias de inflação pressionada e gastanças do governo”, diz Rodrigo Knudsen, gestor de renda fixa da Empiricus.

Tesouro IPCA+ para longo prazo

Apesar de os papéis vinculados à inflação liderarem as perdas no início deste mês, são os títulos mais recomendados para quem mira o longo prazo.

Todas as opções disponíveis para compra no Tesouro Direto estavam com rendimentos acima de 6%, um valor bastante expressivo para quem pensa em segurar os papéis até o seu vencimento.

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Knudsen destaca que papeis mais longos, ou seja, olhando uma década para frente, são os mais atrativos. Neste segmento, a primeira opção é o IPCA+ com fim em 2035, que encerrou janeiro com retorno de 6,54%, mais o rendimento da inflação.

“Se abstrair o curto prazo e comprar o papel pensando em uma aposentadoria, é uma taxa magnífica”, destaca.

Na mesma linha de raciocínio, Dolle pontua que o investidor no Tesouro Direto deve focar mais no longo prazo, e não pensar em mudar de posições diante das oscilações e ruídos gerados a cada desdobramento político.

Neste sentido, o papel vinculado à inflação também se apresenta como uma opção vantajosa para quem segurar o investimento até o fim.

“Para longo prazo, IPCA+ é mais recomendado, desde que o investidor entenda que ao longo do tempo as taxas podem oscilar”, afirma.

(Mais) cautela com prefixados

Os títulos prefixados, os mais arriscados do Tesouro Direto, dividem a opinião dos especialistas. As taxas estão altas o suficiente para já se começar a olhar essa opção com mais atenção, mas a alta probabilidade de novos estresses na curva de juros exigem ainda mais cautela com os investimentos.

Para Dolle, da XP, o risco de novas altas pede cautela e preferência por prazos mais curtos, ou seja, que sofram menos com a volatilidade.

“Deve haver volatilidade se a taxa subir de novo, mas, para quem carregar até o vencimento, vemos taxas de 12% e 13%, o que representa um carrego interessante”, afirma.

Com uma visão mais conservadora, Knudsen ressalta que ainda há muito o que ser desvendado, o que torna a posição em prefixados “extremamente perigosa” neste momento.

“Há muito risco no fiscal, de as reformas não saírem e os juros subirem para acima de 15%”, afirma.

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