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Tensão no leste europeu derruba Ibovespa mais uma vez; ações de petróleo lideram altas

Em dia de baixa liquidez, índice inverteu de sinal com falas de Putin e fechou em baixa de 1,02%

Foto: Shutterstock

Mais uma vez, o aumento das tensões no leste europeu pesou sobre o Ibovespa, que, depois de passar boa parte do dia em alta, passou a cair depois de falas do presidente da Rússia, Vladimir Putin. A baixa liquidez devido ao feriado nos Estados Unidos, que manteve as Bolsas fechadas por lá, também pesou sobre o índice brasileiro.

O Ibovespa fechou o pregão desta segunda-feira (21) em queda de 1,02%, aos 111.725 pontos, com R$ 13,82 bilhões em volume negociado. Com as últimas quedas, o saldo de fevereiro passou para baixa de 0,17%, enquanto a alta desde o início do ano é de 6,59%.

Clima esquenta no leste europeu

Depois de certo alívio durante o final de semana, com a notícia de que o presidente francês, Emmanuel Macron, teria convencido lideranças russas e americanas a insistirem no diálogo, o clima voltou a esquentar nesta segunda-feira. Durante a madrugada, autoridades do Kremlin disseram que não havia nada concreto para um encontro entre Putin e o presidente americano, Joe Biden.

Ao longo da tarde, a tensão escalou depois de Putin comunicar a decisão de reconhecer a independência de duas províncias separatistas da Ucrânia.

Em um pronunciamento nesta tarde, o presidente russo fez uma série de acusações à Ucrânia, dizendo que o país tem uma dívida histórica com a Rússia e que é uma colônia estrangeira comandada por marionetes de países do Ocidente. Putin também afirmou que as ações da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) equivalem a deixar a Rússia com uma “faca no pescoço”, porque o aparato militar da organização é capaz de realizar ataques ao território do país.

Ele terminou o discurso reconhecendo “imediatamente a independência e a soberania” das províncias ucranianas de Donetsk e Luhansk.

Perto do fechamento do pregão, a Casa Branca anunciou que o país está pronto para responder à Rússia e que Biden irá assinar um decreto que proíbe investimentos e comércio com as regiões separatistas da Ucrânia. Os EUA informaram ainda que irão anunciar medidas adicionais e que, caso a Rússia invada a Ucrânia, as medidas econômicas serão “rápidas e severas”.

Bolsas caem, petróleo sobe

Na direção contrária das Bolsas, o petróleo disparou em meio às notícias. A reação do mercado decorre da possibilidade de a decisão levar a sanções econômicas contra a Rússia, com potencial prejuízo às exportações de petróleo e gás natural do país.

Reconhecer a autonomia das duas províncias separatistas – em vez de ocupar o território da Ucrânia – ainda deixa a Rússia sujeita a sanções econômicas internacionais porque a Europa e os Estados Unidos consideram que a medida afetaria a integridade territorial da Ucrânia reconhecida pela comunidade internacional.

Com isso, as petroleiras brasileiras ficaram entre as maiores altas do dia: 3R Petroleum (RRRP3) e PetroRio (PRIO3) ocuparam as duas primeiras posições entre os avanços do Ibovespa, subindo 3,87% e 3,65%, respectivamente. A Petrobras (PETR4), por sua vez, teve ganhos de 2,85%.

O minério de ferro também teve alta na bolsa de Dalian, na China, depois de fechar a última semana em baixa. Com isso, a Vale (VALE3) subiu 0,08%.

Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 fechou em queda de 2,17%. As bolsas em Nova York, por sua vez, permaneceram fechadas devido ao feriado de Dia do Presidente.

Para Rodrigo Friedrich, head de renda variável da Renova Invest, os investidores americanos estão de olho na sexta-feira, quando será divulgado o PCE (Índice de Preços das Despesas de Consumo Pessoal) de janeiro, que é o principal indicador de preços acompanhado pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

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“Apesar da agenda esvaziada nesta segunda, o radar dos investidores está focado tanto na tensão na Ucrânia quanto nos dados inflacionários nos EUA, que podem indicar os próximos passos do Fed”, afirma.

Destaques do pregão

No fechamento, as maiores quedas do Ibovespa eram de Qualicorp (QUAL3), Positivo (POSI3) e Americanas (AMER3), com recuos de 8,64%, 7,11% e 6,61%, respectivamente.

Americanas (AMER3) caiu após os sites da empresa, do Submarino e do Shoptime sofrerem ataques hacker e passarem o final de semana com instabilidade.

No sábado (19), os endereços ficaram fora do ar da madrugada até as 15h16, quando a empresa identificou “risco de acesso não autorizado”. No dia seguinte, a empresa voltou a suspender parte dos servidores do ambiente de e-commerce durante a madrugada e, até as 18h desta segunda-feira (21), eles ainda não haviam voltado a funcionar. Os apps do e-commerce das companhias também estão fora do ar.

Em nota, a empresa afirmou que a medida é parte de protocolos de segurança da Americanas, mas não informou uma estimativa para os sites e aplicativos voltarem ao ar.

A Cielo (CIEL3) teve forte baixa, de 6,01%, após ter fechado o pregão de sexta-feira (18) como a maior alta do dia, subindo 12,13%.

Os grandes bancos também caíram, prejudicados pelo aumento da aversão ao risco e pela menor liquidez no pregão. Itaú (ITUB4) teve baixa de 2,45%; Bradesco (BBDC4), de 1,17%; Santander (SANB11), de 1,22%; e Banco do Brasil (BBAS3), de 2,14%.

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